Enfrentar Bolsonaro para combater o surto do coronavírus
A pandemia do coronavírus está no debate cotidiano dos trabalhadores brasileiros. Os epidemiologistas apontam que a tendência no Brasil é de um surto do vírus nas próximas semanas. Frente a essa difícil realidade, Bolsonaro e seus ministros, que inicialmente negaram o perigo que se avizinhava, não tem nenhuma política para combater de fato a pandemia. Por parte do presidente e dos próprios governadores não temos uma política que possa atenuar drasticamente os efeitos do vírus no país. Somos governados por irresponsáveis com a vida da população e por isso somente nossa mobilização pode garantir uma política efetiva de combate ao vírus que chegou ao país.
O presidente que deveria estar de quarentena após a contaminação de ministros, foi irresponsável ao comparecer as manifestações da extrema direita e entrar em contato direito com as pessoas. Para além do fato de estimular um protesto que nega a existência do coronavírus e defende uma nova ditadura militar no Brasil.
Bolsonaro e os governadores: irresponsabilidade e descaso com a vida da população
De fato Bolsonaro e os governadores são responsáveis pelo desmonte da saúde pública em curso no país. Todos cortam verbas ano após ano dos investimentos na saúde para garantir o pagamento da dívida pública aos banqueiros. Mesmo diante dessa grave crise Paulo Guedes pede a aprovação das reformas para retirar mais direitos dos trabalhadores.
A Caixa anunciou que vai liberar R$75 bilhões para o caixa das empresas, enquanto está evidente que faltarão leitos no país para atender os pacientes com coronavírus. Além disso, os irresponsáveis que governam não tem nenhum programa de proteção ao trabalhador, não querem garantir estabilidade no emprego, nem muito menos uma renda mínima aos milhões de trabalhadores na informalidade. Pelo contrário, querem que todos sigam trabalhando normalmente e arriscando suas vidas, para não afetar o lucro dos empresários.
Fazem pior ainda. Bolsonaro e os deputados e senadores corruptos do congresso nacional querem se aproveitar da situação dramática do povo para acelerar a pauta de retirada de direitos trabalhistas no Congresso! Um verdadeiro absurdo!
As maiores centrais sindicais devem romper sua paralisia frente à crise nacional
É vergonhoso o papel cumprido até o momento pelas maiores centrais sindicais. Fizeram de tudo para cancelar todas as manifestações de rua, porém não foram capazes de levantar um programa de combate ao alastramento do coronavírus para enfrentar a política criminosa de Bolsonaro e dos patrões.
Por exemplo, querem evitar aglomeração de pessoas, mas não levantam um programa que imponha o fechamento de grandes fábricas. Foram rápidos para desmobilizar manifestações, porém nada falam sobre a enorme aglomeração de pessoas nos transportes públicos das grandes cidades. É vergonhoso esse papel que até o momento se prestam as centrais sindicais.
Estamos junto com a CSP-Conlutas na defesa da manutenção das paralisações previstas para o dia 18, que devem preparar o caminho de uma greve geral no Brasil.
Na Itália temos um exemplo a ser seguido pelo movimento sindical combativo. Neste, que é um dos países com mais gravidade na expansão do coronavírus, os trabalhadores das fábricas estão fazendo greve por tempo indeterminado frente à determinação criminosa da patronal de que sigam trabalhando e expondo suas vidas.
Propostas emergenciais para enfrentar o coronavírus e a crise social
A CST (Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – Tendência do PSOL) defende a aplicação de um plano alternativo que preserve a vida do povo trabalhador.
Para isso nos apoiamos nas propostas de nossa Central, a CSP-CONLUTAS:
– Suspensão imediata do pagamento da dívida, das reformas ultraliberais de Paulo Guedes e revogação imediata do teto de gastos, a Emenda Constitucional 95;
– Imediata revogação do teto dos gastos para investir no SUS, por mais leitos e UTIs e estrutura nos hospitais públicos para enfrentar a epidemia do Coronavírus;
– É preciso investir no setor de Ciência e Tecnologia e na pesquisa sobre o vírus;
– Não às privatizações e mais Estado para garantir políticas públicas e combater a pandemia do Coronavírus;
– Por uma ampla campanha de vacinação contra a gripe, pública e pelas empresas, para reduzir o fluxo de falsas suspeitas do Coronavírus nos hospitais;
– Garantir direitos e liberdades democráticas. É preciso transparência nas informações a respeito da propagação do vírus;
– Todas as instituições de saúde particulares devem ser obrigadas a atender suspeitos de infecção pelo Coronavírus;
– Nenhuma demissão. Estabilidade no emprego já;
– As empresas devem ser responsáveis. Limpeza e higienização nos locais de trabalho, equipamentos de proteção e protocolos de prevenção e segurança para os trabalhadores;
– Pelo fim da exigência de carência nos planos de saúde para atendimento de casos com Covid-19;
– Abono de faltas para os pais e mães com filhos pequenos caso haja suspensão de aulas ou de suspeita de infecção pelo vírus e necessidade de isolamento, assim como abono para os que cuidam de idosos;
– Cipeiros devem ser treinados e orientados para ajudar nas orientações e fiscalização no local de trabalho;
– Empresas de aplicativos, como a Uber e iFood por exemplo, precisam se responsabilizar por trabalhadores precarizados sem contrato de trabalho, sem contribuição ao INSS ou convênio médico;
– O lucro não pode estar acima da vida;
– Licença remunerada para casos individuais e coletivos de quarentena. Casos que excederem os 16 dias de afastamento não devem necessitar de perícia do INSS;
– Os profissionais de saúde enfrentam o maior risco de contaminação diante desta epidemia e precisam ser protegidos: orientações de higiene e uso de equipamentos de proteção, e treinamento e rotinas assistenciais que evitem a sobrecarga de trabalho;
– Quem trabalha com atendimento ao público: limpeza e higienização nos locais de trabalho, equipamentos de proteção, vacinação e o protocolo de Prevenção e Segurança;
– Universidades que suspenderem as aulas, devem suspender o trabalho de todos do campus;
– Controle dos preços medicamentos, itens de higiene e alimentação e distribuição de alimentos às famílias carentes;
– Extensão de tempo do seguro desemprego aos desempregados;
– Proteção social e medidas de higiene a moradores de rua e imigrantes; Isenção das tarifas de aluguel, água e luz aos mais pobres; redução imediata do transporte público para 30% da capacidade atual, avaliando a possibilidade de paralisação total caso seja necessário.