Contribuição da Corrente Sindical Combate à Coordenação Nacional da CSP-Conlutas
Contribuição da Corrente Sindical Combate à Coordenação Nacional da CSP-Conlutas
Bolsonaro e os governadores comandam genocídio e destruição dos direitos
No final de semana onde ocorre nossa Coordenação Nacional, chegamos a 85 mil mortes oficiais e a mais 2,5 milhões de contaminados pela COVID-19, nos dados oficias subnotificados. Todos os dias a pandemia mata de 4 a 5 vezes o que matou a tragédia de Brumadinho.
Esse genocídio da nossa população é comandada por Bolsonaro e por todos os governadores do país, incluindo os da oposição como PT e PCdoB que são cúmplices dessa política quando reabrem as cidades e aplicam o ajuste fiscal. Eles, junto com o congresso Nacional chefiado por Maia e Alcolumbre promovem um ataque sem precedentes aos direitos trabalhistas. Votaram a MP 936, que em essência servem para descarregar a crise nas costas dos trabalhadores, reduzindo salários e suspendendo contratos. Enquanto isso os juízes privilegiados ajudam a reabertura das cidades, na redução dos acordos coletivos e salvam mafiosos como Flávio Bolsonaro e Queiroz. Não satisfeitos as multinacionais e os governos pretendem avançar sobre a classe operaria fechando fabricas ou demitir conforme o que ocorre atualmente na TI do ramo químico em SJC ou na Renault no Paraná.
A burocracia sindical é cúmplice da “reabertura” e do ataque aos direitos
Em meio a tantos ataques e a um genocídio contra nossa classe, a burocracia sindical cumpre o papel vergonhoso de cumplicidade com os governos e patrões. A cúpula da CUT, CTB, Força Sindical, UGT tem se negado a organizar dias de luta unificados e até a apoiar as lutas como a dos entregadores de aplicativo e os atos antifascistas. Onde podem fazem acordos com os patrões para retirar os direitos dos trabalhadores sem propor nenhuma luta. Para piorar a situação, onde não conseguem entregar logo os direitos dos trabalhadores, fazem de tudo para boicotar a luta, como o papel cumprido pela direção majoritária da CUT/CTB anos metroviários de São Paulo.
A partir dessa caracterização do papel que cumpre a burocracia sindical, explicamos o que ocorreu no dia 10 de julho. Eles marcaram um “dia nacional de lutas” e na prática não fizeram nada em lugar nenhum. Boicotaram essa construção. Levaram esse “dia nacional” a ser um verdadeiro fiasco conscientemente para boicotar uma efetiva unidade ao redor do dia 1 com os entregadores. Nem CUT, nem CTB, nem Força Sindical, convocaram uma ação digna de nota para esse dia. Eles marcam a data, não convocam nada, para depois mentir dizendo que “os trabalhadores não querem se mobilizar”. E em seguida fazem discursos sobre a onda conservadora para justificar sua politica eleitoreira de “frente ampla” com uma política burguesa.
Apesar do fiasco da burocracia sindical, a nossa central, CSP-Conlutas, corretamente fez algumas ações esse dia, como assembleias, carreatas e ações em alguns bairros. Isso infelizmente não reverteu o caráter do dia 10 como um dia no qual as principais centrais sindicais deixaram claro sua política imobilista. Isto mostra que para conquistar efetivos dias de lutas é preciso lutar contra os pelegos e disputar fortemente nas categorias onde eles comandam.
Ocorrem manifestações de rua, greves e paralisações.
O que há de novo é o início de um processo de lutas. Os ataques estão movendo um setor da classe trabalhadora e dos setores populares a luta. Ainda que parcial aponta o caminho a ser seguido. Temos visto mais protestos de rua, greves, paralisações. Um processo que mostra a necessidade de enfrentar com lutas o aumento brutal da pandemia e os ataques contra os direitos. Mês passado vimos os atos antifascistas e antirracistas nas ruas do país, com dois domingos de atos nacionais. Iniciamos julho com o “breque dos apps”, que foi também um processo nacional de uma categoria que levantou a cabeça por melhor remuneração e direitos em meio à pandemia e a crise econômica. Além desses processos mais nacionalizados, vemos que em diversos hospitais os trabalhadores da saúde seguem lutando por condições de trabalho. Nos correios trabalhadores paralisam unidades exigindo condições sanitárias para o trabalho. Em frigoríficos da região sul ocorre o mesmo. Em BH foram os metroviários. No Rio, merendeiras e porteiros foram à luta em defesa do pagamento de seus salários após um calote da prefeitura de Crivela mobilizações que contaram com apoio efetivo de nossa central e do mandato radical do vereador Babá (CST). Agora há uma greve de vigilantes no Rio de Janeiro. No Paraná os trabalhadores da Renault entraram em greve após a empresa confirmar 747 demissões. Nas periferias de todo país moradores organizaram protestos denunciando a violência policial.
Os trabalhadores de aplicativo já marcaram um novo dia nacional de paralisação para o dia 25. No metrô de São Paulo, os trabalhadores seguem sua mobilização e apontam para uma greve no dia 28, contra um corte brutal nos direitos da categoria. Cercar de apoio e solidariedade essas duas datas é chave para o avanço da luta da nossa classe no país, pois independentemente do tamanho, abrangência ou se conseguem se concretizar, são datas reais de setores em luta. Todo e qualquer processo de unificação ou calendário nacional deve levar em conta os setores já em luta e seus calendários, coisa que a cúpula burocrática da CUT, CTB, Força, UGT não faz justamente porque não quer de fato tocar a luta e esta preocupada unicamente com suas liberações sindicais e a arrecadação milionária das centrais. O papel cumprido pelas maiores centrais no dia 10 deve servir de exemplo. Agora eles marcam um “dia nacional de lutas” no dia 07 de agosto, por fora dos 25 dos entregadores e por fora do indicativo que eles mesmos apresentaram no metrô de SP.
Nossa política deve ser primeiramente exigir que a CUT, CTB e Força organizem de fato lutas nesse dia, nas reuniões gerais nacionais e estaduais aperta-los com debates concretos sobre as ações efetivas e unitárias a serem realizadas, mostrando que queremos bater juntos em nosso inimigo comum. Passeatas nas principais cidades, paralisações, atrasos na entrada, panfletagens e assembleias. É preciso realizar uma forte agitação exigindo que as centrais sindicais, os partidos de oposição e as frentes Brasil Popular e Povo sem medo devem concretizar a preparação do dia 7/08 realizando assembleias, plenárias, panfletagens. Não se pode repetir o que ocorreu nos dia 10/07 e 12/07 onde quase nenhuma atividade foi realizada por esses setores. E caso eles não façam nenhuma ação efetiva devemos denunciar a cúpula burocrática das centrais por sua política imobilista e a cumplicidade dos pelegos em relação aos ataques dos governos. Do congresso e dos patrões.
O papel da CSP Conlutas
Ao mesmo tempo em que nossa central segue exigindo uma ampla unidade de ação na reunião das centrais nacionais ou estaduais é preciso que a CSP-Conlutas, tenha uma política de maior diferenciação da burocracia sindical. Devemos propor ações concretas e unificadas, por categoria e setores, nas reuniões nacionais e estaduais dos fóruns das centrais, mostrando uma das características de nossa central que é a unidade de ação ampla (atrasos, operação tartaruga, paralisações parciais levando em conta cada setor). As nossas oposições em cada categoria devem batalhar para que as direções sindicais das federações e sindicatos organizem lutas unitárias, numa forte agitação tomando em conta a data que os próprios pelegos estão divulgando. Mas caso fique claro que é mais uma data fase, apenas para constar no facebook, devemos combinar essa exigência com denúncias concretas e com exemplos da ação pelega das cúpulas da CUT, CTB e da UGT e Força Sindical. Ao mesmo tempo em que em nessas categorias e nos sindicatos que dirigimos tratamos de concretizar a data. Ou seja, não podemos fazer apenas como no dia 10/7, onde nos concentramos exclusivamente em realizar as ações sem ter exigido em cada sindicato e federação que se concretizasse de fato um dia nacional de lutas e sem denuncia-los quando já estava explicito que a data não seria efetivada por parte dos pelegos. E o mesmo temos que fazer agora sobre o papel nefasto que as cúpulas da CUT e CTB cumprem no bloqueio das lutas em correios, petroleiros e bancários ou metalúrgicos. Por isso, temos que denunciar fortemente os pelegos da CTB e CUT nos metroviários, sendo uma fração pública classista e combativa com atuação totalmente independente na direção do sindicato. Em nossa opinião, a CSP-Conlutas deve atuar de forma incisiva na defesa da unificação das lutas, das campanhas salariais e ser linha de frente da mobilização. Isso significa uma batalha contra a cúpula burocrática das maiores centrais.
Pela defesa de atos presenciais
Opinamos ainda que a central também deve rever a sua posição de não convocar atos por conta de defender o isolamento social e a quarentena geral. A realidade é que a mais de 80% da classe trabalhadora não está em isolamento, já está nos locais de trabalho. E o fato, é que, para garantir uma quarentena de verdade precisaremos ir às ruas. O mundo virtual é insuficiente para garantir proteção sanitária e menos ainda para salvar direitos trabalhistas. Tomamos como exemplo a assembleia presencial da Renault. Imagine essa greve ou de metrô sem ações presenciais? Todas as categorias estão sendo chamadas ao retorno do trabalho presencial e a central tem que se fazer presente para encorajar a luta e defender os direitos.
Usemos todas as estruturas de proteção individual e coletiva, mas unificar as lutas e ocupar as ruas é a única forma de enfrentar o ajuste e exigir que volte a quarentena com salário e renda.
A burocracia sindical não defende essa política porque não quer derrotar a patronal e os governos, só se preparam para as eleições municipais e nacionais. Por isso, diante dessa postura, a CSP-Conlutas deve mostrar o quanto a política de traição das centrais contribui para os ataques desferidos pelos governos e patrões e como é fundamental aplicar outra política.