RS: Nenhum voto no bolsonarista Onyx Lorenzoni! Votar contra a extrema direita e lutar nas ruas contra seu projeto ultrarreacionário!
O segundo turno das eleições no estado do Rio Grande do Sul é parte da batalha decisiva da classe trabalhadora contra a extrema direita no Brasil. Saímos de um primeiro turno bastante polarizado entre o bolsonarismo e a frente ampla encabeçada por Lula e Alckmin. Em nível nacional, neste segundo turno vamos votar criticamente em Lula para tirar Bolsonaro da Presidência e seguir lutando por nossas reivindicações operárias e populares.
Essa polarização nacional também se expressou no solo gaúcho. No RS, a eleição de Hamilton Mourão para o Senado e a largada na frente de Onyx Lorenzoni (ex-Ministro de Bolsonaro) na disputa do governo mostram que o bolsonarismo mantém bastante força no estado, com vantagem nas regiões Norte e da Serra.
De outro lado, vimos um voto da classe trabalhadora e da juventude contra a extrema direita, sobretudo na capital Porto Alegre, na frente ampla estadual, gerando a eleição de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Matheus Gomes (candidaturas do PSOL, que figuraram entre as mais votadas do estado) e colocando a frente ampla em primeiro na capital para a presidência (Lula) e ao Senado (com Olívio Dutra). No Pampa gaúcho (metade sul do estado e fronteira oeste), considerada uma região mais pobre, a chapa da frente ampla (Edegar Pretto/Pedro Ruas) chegou a ter vantagem em relação às demais candidaturas, mesmo tendo ficado fora do segundo turno na votação geral.
Esse contexto polarizado diminuiu o espaço para as campanhas do Polo Socialista Revolucionário (Rejane de Oliveira) e do PCB (Carlos Messala), que não atingiram nem 1% dos votos para o governo do estado.
O projeto da extrema direita é um país e estado sem direitos, com alto arrocho salarial e destruição das liberdades democráticas
A extrema direita, liderada por Bolsonaro, Mourão, Damares e Onyx, quer um Brasil sem direitos trabalhistas, sem aposentadoria, todo privatizado e sem reposição das perdas salariais. Onyx no Palácio Piratini é um pilar desse projeto. Vai aprofundar as privatizações e ataques que já vivemos, sugar até o último centavo dos cofres públicos para pagar a dívida aos banqueiros, favorecer empresas e multinacionais que saqueiam o povo trabalhador gaúcho e reprimir protestos. Seu projeto estratégico é de fechamento do regime, de fim das liberdades democráticas (direito de greve, manifestação, reunião, sindicalização, etc.). O risco desse projeto para a classe trabalhadora é imenso, pois sem liberdades democráticas não teríamos nem o direito constitucional de lutar contra toda a política econômica de retirada de direitos e aprofundamento da miséria que a classe dominante quer impor no país. Bolsonaro e Onyx, para garantir os privilégios dos grandes empresários multimilionários, querem calar totalmente a voz da classe trabalhadora e dos setores populares.
Devemos votar contra esse projeto em nosso estado e derrotar Onyx nas eleições. Gritar bem alto “nenhum voto para a extrema direita!”. Disputar nossa classe e a juventude de todo estado numa efetiva campanha com as pautas da classe trabalhadora por salário, emprego, moradia, auxílio emergencial, serviços públicos, em defesa de nossos biomas e nossa cultura. Nesta eleição, vamos defender também a população LGBTQIA+ contra os preconceitos reacionários de Onyx, inclusive repudiando suas declarações homofóbicas contra seu adversário Eduardo Leite, e defender as pautas das mulheres na luta feminista e dos povos negro e indígenas contra o bolsonarismo.
Eduardo Leite tem um programa de ataques contra nossa classe
Por outro lado, Eduardo Leite fez um governo neoliberal contra o povo e a serviço dos bilionários como Jorge Paulo Lemann, um dos seus principais financiadores. Eleito, uma das primeiras medidas do tucano foi colocar a Fundação Lemann para dentro da Secretaria da Educação e do RH do estado. Mais de 60 escolas foram fechadas (sendo que a Escola Rio Grande do Sul foi arrombada para ser fechada); professores contratados foram demitidos em plena licença de saúde (incluindo uma professora com câncer); com argumento abertamente antissindical (medida “pedagógica” para desestimular greves) e contrariando decisão do STF, descontou os dias de greve dos profissionais da educação que, mesmo após recuperarem os dias da greve, não receberam a devolução do salário; na contrarreforma do Novo Ensino Médio elaborou um dos currículos mais enxutos do país; durante a pandemia utilizou várias manobras para tentar abrir as escolas e chegou a declarar que “escolas fechadas não são vidas preservadas”; acabou com o plano de carreira do magistério; desviou R$ 92 milhões da educação para colocar em rodovias que foram privatizadas; se recusou a nomear as representantes eleitas para o Conselho Estadual de Educação e estas tiveram que buscar a nomeação no judiciário; acabou com o plebiscito para as privatizações em uma negociata com os deputados que envolveu abrir as escolas durante a pandemia, ou seja, trocou as vidas das comunidades escolares por privatizações; entregou a CEEE por módicos R$ 100 mil para a Equatorial Energia – empresa que tem ligações com os fundos de Jorge Paulo Lemann e de Paulo Guedes; entregou a Sulgás; liberou agrotóxicos proibidos no exterior; aprovou as contrarreformas administrativas e da previdência; aprovou um Teto de Gastos estadual e aderiu ao nefasto Regime de Recuperação Fiscal do governo Bolsonaro; entre outras. Se reeleito, Leite vai seguir com as privatizações (tendo como alvos a Corsan e o Banrisul), com o fechamento de escolas, com mais contrarreformas neoliberais e ataques à classe trabalhadora gaúcha.
Compreendemos que um setor da classe trabalhadora e da juventude neste segundo turno queira dar um voto em Leite contra Onyx, mas alertamos que ele não representa uma alternativa para a classe trabalhadora. Além disso, é preciso destacar que, até aqui, Leite ainda está “neutro” no segundo turno nacional, sem se posicionar contra Bolsonaro.
Votaremos nulo no segundo turno das eleições gaúchas
Contra a extrema direita gaúcha, nós, como socialistas revolucionários, fazemos nossa campanha centrada na sua denúncia, tanto em nível nacional como estadual, alertando a classe trabalhadora sobre o perigo que representa seu projeto. Por outro lado, não vemos a possibilidade de votar em Eduardo Leite neste segundo turno, atual governador que, além de todos os ataques feitos por seu governo, se nega a se posicionar contra Bolsonaro no segundo turno nacional. Votaremos nulo como um voto de protesto, sabendo que a luta contra a extrema direita vai para muito além do voto, e vamos precisar muita organização das nossas lutas no próximo período e muita disputa ideológica no conjunto da sociedade. Para derrotar de vez a extrema direita, precisamos fortalecer a construção de uma alternativa socialista e revolucionária, que defenda a independência e a mobilização da classe trabalhadora e do povo.
Organizar o terceiro turno das lutas
É fundamental educar a nossa classe no entendimento de que a derrota da extrema direita não se dará exclusivamente pela via eleitoral, mas deve se dar nas ruas, com protestos, paralisações e greves. Essa luta precisa seguir para além das eleições, em cada espaço da sociedade, independente do resultado das urnas. Por isso, fazemos um chamado a utilizar o segundo turno das eleições no RS para preparar desde já a oposição ao próximo governo. Estamos diante de um segundo turno lamentável, sem alternativas para a classe trabalhadora, justamente porque a principal direção das entidades sindicaisda classe trabalhadora gaúcha está nas mãos do PT, que não fez uma verdadeira oposição nas ruas contra o governo da direita neoliberal. Esvaziaram as lutas e frearam greves, acarretando na estabilidade do governo do PSDB para aplicar seus projetos. Não é à toa que a frente ampla ficou de fora do segundo turno, perdendo “votos úteis” para o próprio Leite.
Um primeiro passo para organizar nossa classe para as lutas que virão é fortalecer a campanha nacional pelo voto crítico em Lula 13 para derrotar Bolsonaro, com panfletagens, conversas e manifestações contra o bolsonarismo. É preciso ocupar as ruas no dia 18 de outubro contra os cortes na educação e pelo Fora Bolsonaro, ato que está sendo convocado por importantes entidades estudantis, como a UNE. A frente ampla quer eleger Lula com a linha do “paz e amor” e “ser feliz de novo”, ampliando cada vez mais o leque de alianças para a direita. No entanto, achamos que a derrota do bolsonarismo precisa se dar pela esquerda, com a defesa das pautas operárias e populares e sem aliança com os patrões. Por isso nosso voto em Lula 13 é crítico e fazemos uma campanha de forma independente da frente ampla. Aqui no RS, agregamos à nossa campanha o chamado a votar nulo no segundo turno gaúcho e preparar um terceiro turno das lutas, para derrotar tanto o bolsonarismo como o neoliberalismo e suas políticas de ajuste fiscal, privatizações e retirada de direitos.