Construir uma Frente de Esquerda e Socialista, sem patrões!
Babá e M.Tunes, Coordenação da CST
Desde o final de 2021, as maiores lideranças da campanha Fora Bolsonaro decidiram não convocar protestos de rua e apostar somente na via institucional burguesa e nas eleições de 2022. Essa é a política do PT, PCdoB, da ala majoritária do PSOL, da cúpula da CUT, CTB, UNE, MST e MTST. Essa linha está na contramão das necessidades reais da classe trabalhadora, dos setores populares e da juventude. As jornadas de lutas de justiça para Moïse, as greves da Eletrobras e paralisações de Portuários são expressões da enorme insatisfação contra a fome, o arrocho, a precarização, o desemprego, as privatizações, o racismo e a extrema direita. A frente ampla bloqueia as lutas nas ruas para não assustar os patrões, os banqueiros e seus representantes.
Acalmar as ruas e fechar uma frente ampla com representantes dos patrões
Lula, PT, PCdoB, PSB e as direções majoritárias da CUT, CTB, MST, MTST e UNE querem construir uma coligação com Geraldo Alckmin, Renan Calheiros, Sarney, Eunício Oliveira e Kassab, do PSD, ou mesmo patrões, como Luiza Trajano. Querem reeditar a conciliação de classes, que, em 13 anos de mandato Lula e Dilma, gerou governos com e para a burguesia, as multinacionais, os banqueiros e as oligarquias regionais. Basta ver que, agora mesmo, em pleno governo Bolsonaro/Mourão, os governos estaduais e municipais do PT, PCdoB e PSB, aprovaram reformas da previdência, reprimiram manifestações e nunca transformaram esses governos em verdadeiras trincheiras de oposição ao governo da extrema direita. Ou seja, essa estratégia de comunhão com os patrões e/ou seus representantes não serve e nos desarma. Ao invés de estarmos confraternizando com nossos inimigos de classe, deveríamos seguir protestando e construir nossa alternativa operária, popular e da juventude.
Reafirmar a independência política da classe trabalhadora
A cúpula majoritária do PSOL, liderada por Guilherme Boulos, Edmilson Rodrigues (prefeito de Belém), o vereador carioca Tarcísio Motta e Valério Arcary, está a reboque dessa linha de Lula e do PT.
A CST rechaça essa política e essa estratégia, reafirmando a necessidade da independência política da classe trabalhadora. Os trabalhadores, as esquerdas socialistas e comunistas, devem atuar com independência política dos patrões. Toda vez que os partidos da classe trabalhadora, os socialistas e comunistas, unificaram-se com os patrões, produziram duras derrotas, desmoralização e desilusão na classe trabalhadora e setores populares, abrindo caminho para a direita e a extrema direita. Por isso, estamos com Glauber Braga como pré-candidato a presidente e intervindo nas lutas para construir uma alternativa sem patrões.
Convocamos todas as forças políticas da esquerda do PSOL a desobedecer a política da direção majoritária, desacatando toda e qualquer votação em apoio a frente ampla de Lula e do PT com os representantes dos patrões. Devemos seguir batalhando pela continuidade das jornadas nacionais de lutas unificadas e – caso a majoritária imponha, através de uma maioria precária, o apoio à frente popular lulista – buscar realizar uma campanha eleitoral para uma candidatura à esquerda da frente ampla de Lula em nível nacional e em cada estado.
Unidade dos que estão contra a frente ampla
Nós, da CST, estamos realizando esforços, na medida de nossas possibilidades, para aproximar as organizações que não estão com Lula e os representantes dos patrões. Em nossas últimas edições, dialogamos com Glauber Braga (PSOL), Zé Maria (PSTU), Leonardo Péricles (UP), Henrique Carneiro (professor da USP) e Sofia Manzano (PCB). Defendemos a necessidade de uma reunião da esquerda do PSOL, UP, PCB e PSTU para conversar sobre uma possível unidade e sobre a necessidade de um bloco ou frente das esquerdas socialistas e comunistas para as lutas e as eleições.
Fortalecer o Polo Socialista e Revolucionário
Nós, da CST, como parte dessa batalha, ingressamos no Polo Socialista e Revolucionário, composto pelo PSTU, MRT, dirigentes do MLS, do SINTUSP, Petroleiros do RJ, Luta Popular e lideranças como Plínio de Arruda Sampaio Jr., Dirlene Marques e Marinalva Oliveira. Para ajudar a construir o Polo Socialista e Revolucionário visando a construção das lutas, o combate às direções pelegas e sua frente ampla com Lula e Alckmin (ou outro representante da patronal); para fortalecer um programa de classe, com uma saída operária e popular, defendendo as pautas negras, feministas e da juventude; para enfrentarmos a crise capitalista atual com uma estratégia revolucionária, sem empresários e sem banqueiros.