PSOL de cara própria no RJ: sem coligação com banqueiros e representantes dos patrões!
1- O Rio de Janeiro passa por uma crise social, econômica, ambiental, sem precedentes. Tudo agravado por uma pandemia inédita de Covid-19. Os últimos governadores, incluindo a extrema direita de Witzel, foram afastados ou presos, mostrando a decomposição do regime político capitalista. As políticas do governador Claudio Castro, aprofundam essa crise: privatização da Cedae, planos de ajuste que retiram direitos dos servidores, ausência de um plano de contenção da pandemia e da crise social. A proposta de aumento dos preços das passagens de trens e barcas mostra que o governo segue comprometido com os esquemas das empresas como a Supervia (Odebrecht e Mitsui) e CCR (Andrade Gutierrez e Camargo Correia), prejudicando a classe trabalhadora.
2- Os prefeitos que se dizem progressistas, como é o caso de Eduardo Paes (PSD), em nada se diferenciam do atual governador. O prefeito Eduardo Paes, logo após empossado, impôs um duro ajuste fiscal contra os servidores municipais. A mesma política de austeridade está em vigor em Niterói, governada por Axel Grael (PDT). Não é demais lembrar que o PSD de Eduardo Paes integra o ministério do governo Bolsonaro/Mourão.
3- O PT e PCdoB não lideraram uma efetiva oposição a Witzel e Castro. O PT realizou acordos na eleição da presidência da ALERJ, obtendo apoio da bancada ultra reacionária do PSC. Em 2021, o pacote de ajuste do governador Cláudio Castro contou com o apoio e a parceria do deputado estadual André Ceciliano, doPT, atual presidente da ALERJ.
4- O deputado Marcelo Freixo migrou para o PSB com o discurso de que tudo se resume a disputa da “civilização contra barbárie”. Aprofundou a política de conciliação de classes, de conchavos com empresários, que vinha desde a “carta ao povo carioca” de 2016 onde o deputado afirmava seu “compromisso com os contratos” e a administrar sem questionar o sistema econômico e político da cidade. Além disso apoiou candidatos-empresários e defendeu o financiamento de campanhas por parte de banqueiros nas eleições de 2020. Agora visa um governo estadual com representantes da burguesia, como Eduardo Paes e Rodrigo Maia. O partido de Freixo, o PSB, não é de esquerda: votou em Aécio Neves/PSDB no segundo turno de 2014; em 2016, votou a favor do impeachment de Dilma; compôs a base aliada do governo Temer. Em Pernambuco, o PSB aplicou a reforma da previdência de Bolsonaro e destacou-se nacionalmente pela repressão violenta aos manifestantes durante o protesto do 29 de maio de 2021.
4.1- As recentes movimentações de Freixo incluem até o banqueiro tucano Armínio Fraga, um dos ideólogos da política econômica capitalista do governo FHC com seu nefasto plano real. Além de se reunir com Geraldo Alckmin, representante da ultradireita, seguindo a mesma política nacional de Lula. O Geraldo Alckmin velho quadro do PSDB, que quando governou São Paulo, reprimiu fortemente com o Pelotão de Choque da Polícia Militar, os trabalhadores e estudantes que lutavam contra sua política de entrega do estado de São Paulo aos grandes empresários e aos banqueiros. Em contraponto, o companheiro Milton Temer – um dos fundadores do PSOL – fez críticas corretas, após recente entrevista do deputado Freixo à Globonews: “UM PRENÚNCIO desabrido de gestão do Estado no conceito de gestão como se fosse empresa, com referência a acordos com empresários, sem uma vez sequer citar o termo trabalhador, ou sindicato, ou movimento social. Partido político, então, nem pensar. O perfil sem meias medidas de um candidato típico da ordem burguesa estabelecida. De uma centro esquerda bem moderada (…)QUANTO À RECUPERAÇÃO econômica do Rio, a partir de citados assessores de currículo claramente voltado à geração cretina do “bom ambiente de negócios“, na lógica de que patrão não é explorador de mais valia da força de trabalho, mas gerador de emprego, a bula é a mesma dos Paes e Cabrais da vida… Não há citação de diálogo com trabalhadores, sindicatos e Partidos do campo do trabalho. Só com empresários. (…) UMA ENTREVISTA, enfim a ser vista e revista pelos candidatos a cargos parlamentares e pelas direções dos partidos de esquerda que não têm vergonha de se apresentar como anti-capitalistas, como socialistas…”
4.2- A política do deputado Marcelo Freixo é reeditar a frente ampla que governou o Rio de Janeiro com Sérgio Cabral/PMDB, cuja coligação envolvia PT, PCdoB, PDT e PSB. A frente ampla contava ainda com o PRB, do então senador Crivella (ex-ministro do governo Dilma) e o PP, de Francisco Dornelles (na época, legenda de Jair Bolsonaro). Foi o período dos megaeventos cujo legado foi o desemprego e o endividamento absurdo estatal com o sistema financeiro. Sem falar das obras inacabadas da Avenida Brasil, as remoções da Vila Autódromo, privatização da saúde via OSs, a farra das empreiteiras no porto maravilha. Essa frente ampla fortaleceu setores reacionários: Crivella; pastor Everaldo e Silas Malafaia, sem falarem ultraconservadores, como Eduardo Cunha. Tudo isso no contexto dos governos do PT-PMDB, em nível federal, com Lula e Dilma, quando se falava da parceria “estratégica” com o partido do vice-presidente Michel Temer. Um governo elogiado pelos donos do Itaú e que ocupou militarmente a Maré por 11 meses. Não podemos repetir essa linha que arruinou o estado e fortaleceu a extrema direita.
5- Infelizmente a direção majoritária do PSOL, apesar de uma ou outra nuance, segue a reboque dessa linha de frente ampla, de conchavos com os representantes dos patrões e dos banqueiros, em nosso estado. Uma linha que enfraquece o PSOL e faz nosso partido perder o protagonismo que já teve em outros momentos como a Primavera Carioca de 2012 ou a campanha de Tarcísio governador e Pedro Rosa Senador em 2014, quando denunciamos os “quatro Cabrais”.
6- Nós que subscrevemos essa nota somos parte daqueles que se negam a acatar as negociatas da velha política que faz em nosso estado, visando um governo com banqueiros e representantes dos patrões. Não aceitamos que o PSOL apoie o projeto capitalista do deputado Marcelo Freixo e do banqueiro tucano Armínio Fraga para o governo do estado e rejeitamos as movimentações – feitas pelas costas da militância – para apoiar o deputado André Ceciliano ao senado, o deputado presidente da corrupta Alerj e que aplicou um plano de ajuste contra os servidores.
6.1- Para o governo do estado do Rio de Janeiro estamos com a pré- candidatura do companheiro Milton Temer e para o senado temos o nome do camarada Babá, fundador do PSOL, servidor federal, militante da oposição sindical da UFRJ, e do Movimento Contra a implantação da EBSERH no Hospital Universitário da UFRJ e um dos que já integrou a bancada parlamentar do PSOL. Ao mesmo tempo defendemos que se construa um outro arco de alianças, reafirmando a independência política da classe trabalhadora e setores populares. Uma frente de esquerda e socialista com PSOL, UP, PCB, PSTU e outras organizações socialistas, comunistas e da classe trabalhadora.
Glauber Braga (Dep.Federal do PSOL e pré-candidato a presidência)
Rosi Messias – Diretório Nacional do PSOL e Coordenação da CST
CST – Corrente Socialista das Trabalhadoras e dos Trabalhadores
APS – Ação Popular Socialista
CT – Centralidade do Trabalho
COMUNA