EDITORIAL | Retomar a luta unificada nas ruas! | Combate Socialista n°145
O ano começa com o aprofundamento da carestia. As tarifas de energia elétrica e gás tiveram um aumento acumulado de mais de 30% em 2021. O arrocho salarial, com acordos coletivos abaixo da inflação e aumento da cesta básica em todas as capitais, em algumas cidades agravado pelo aumento das passagens de trens e barcas (Rio) e ônibus (São Bernardo do Campo, Guarulhos, Osasco). Há, ainda, milhões padecendo de fome, sem emprego e auxílio emergencial. O governo Bolsonaro é o responsável por essa mazela.
Isso ocorre num momento de surto da variante ômicron, com aumento de 600% de contaminações e de 90% de mortes. O novo surto também demostra como os governos estão atrasados na implementação da terceira dose de reforço (apenas 16%) e na vacinação das crianças. A política genocida de Bolsonaro, a hipocrisia de governadores e prefeitos e as travas das patentes das multinacionais prolongam a pandemia.
Um outro grave problema, destacado nesse início de ano, é o desastre expresso nos alagamentos e deslizamentos em MG (o que vimos também na Bahia e em Marabá/PA). Uma tragédia socioambiental diretamente ligada às mazelas da indústria madeireira, da mineração, garimpo e do agronegócio.
É preciso uma jornada unificada para conter o arrocho, a fome e o desemprego
Devemos voltar à proposta de organizar manifestações nas ruas de forma unificada, com a força do conjunto da classe trabalhadora e setores populares. Para solucionar nossos problemas devemos exigir o não pagamento da dívida e taxar bilionários e multinacionais, destinando recursos para saúde, educação, geração de empregos, auxílio emergencial e plano de contenção da Covid-19. Defender a estatização dos bancos e destinar recursos para um plano de preservação ambiental e reforma agrária sob controle dos sem-terra, expulsando as multinacionais do nosso campo, defendendo nossas florestas e os povos tradicionais. Lutar pelo reajuste de salário e redução das tarifas de gás, luz, aluguel, gasolina e alimentos. Em defesa das pautas feministas, negras e LGBTQIA+.
O maior problema é que as direções majoritárias do movimento (PT, PCdoB, CUT, CTB, UNE) desviaram as lutas das ruas e bloquearam os grandes atos nacionais para seguir em campanha eleitoral propondo Lula e costurando alianças com representantes dos patrões e oligarquias. Agora tentam impedir que os conflitos, como o da campanha salarial dos servidores, avancem e possam se unificar. É visível, também, seu imobilismo diante da carestia e os novos aumentos de tarifa.
É preciso exigir a convocação da 6ª Plenária de Organização das Lutas Populares para realizar uma nova manifestação unificada nacional em fevereiro. Uma construção efetiva do 8 de março pela pauta feminista e por justiça para Marielle Franco, com passeatas e um 1 de maio classista, sem representantes dos patrões. Além disso, batalhar para que as plenárias nacional e estaduais do FONASEFE (Fórum dos Servidores Públicos Federais) construam um dia de luta nacional, com passeatas unificadas em cada estado no dia 14/02 ou 25/02 (pois está indicado uma “jornada de luta” para esse período, sem especificar o que seria realizado), preparando a “greve nacional” para o dia 09/03.
Construir um bloco ou frente da esquerda socialista
Ao lado da luta unificada contra o governo Bolsonaro, governadores e prefeitos, devemos construir um bloco ou frente de esquerda e socialista, que unifique tudo e todos que não estão na frente ampla com os representantes dos patrões. Um campo ou polo que fortaleça a independência política da classe trabalhadora e aponte um caminho nas ruas e nas eleições de forma unitária. Agrupar as esquerdas do PSOL, do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, da UP, PCB e do Povo na Rua, num marco comum, realizando uma reunião nacional para debater a retomada das lutas de rua contra Bolsonaro e a construção de candidaturas à esquerda da frente ampla. Para, assim, favorecer a batalha por um governo da classe trabalhadora, que rompa com a dominação imperialista, rumo a um Brasil socialista.