Entrevista com o Deputado Glauber Braga
Entrevista com o Deputado Glauber Braga, liderança do campo de oposição à frente ampla no PSOL e pré-candidato à Presidência da República.
(Como parte das reflexões sobre os rumos das esquerdas em meio às lutas contra Bolsonaro, nosso jornal entrevistou lideranças da esquerda do PSOL, da UP e do PSTU. Confira as entrevistas nas próximas páginas)
Combate Socialista: Qual a sua opinião sobre a frente ampla liderada por Lula/PT?
Glauber Braga: A articulação na qual devemos colocar as nossas energias é aquela que derrote Bolsonaro e consiga derrotar também as estruturas que dão sustentação ao seu projeto de poder. A direita liberal que se fantasia de centro formou um bloco de fato com à extrema-direita pra destruir qualquer garantia social da população brasileira e manter os privilégios do rentismo e das grandes corporações internacionais. Alckmin é o representante paulista dessa turma que sustentou a agenda de Guedes e Bolsonaro. A frente amplíssima disputa estruturas que dão sustentação ao projeto bolsonarista. Não é no que acreditamos.
CS: Qual o impacto dessa linha de colaboração de classes nas lutas sociais contra Bolsonaro?
GB: Gera uma ilusão perigosa: a de que terceirizando tudo ao quadrado institucional ou derrotando eleitoralmente Bolsonaro em 2022 todos os nossos problemas estão resolvidos. Derrotar Bolsonaro é prioridade! Derrotar as estruturas que dão sustentação ao seu governo é necessidade histórica também. 116 milhões de pessoas estão passando por insegurança alimentar no Brasil e isso é responsabilidade direta também dessas forças da direita. Não podemos desarmar a militância de uma luta que vai pra além de 2022.
CS: O que a esquerda deve fazer?
GB: Bolsonaro trabalhou pra converter os 20, 30% que aprovam o seu governo em militantes fascistas. Hoje, a rejeição a ele passa de 60%. É papel da esquerda trabalhar por uma formação em que essa rejeição seja transformada em organização política. É convertê-la em militância anti-fascista com a capacidade de defender o projeto da esquerda na rua.
CS: Qual a sua opinião sobre a busca de um bloco ou frente das esquerdas socialistas e comunistas do PSOL, UP, PCB e PSTU?
GB: É hora de reforçar o diálogo com o conjunto de forças que se disponham a uma construção anti-sistêmica. Que afirmemos um projeto radical, à disposição do fortalecimento da estratégia socialista e que enfrente os fascistas frontalmente, sem mediações.