As Internacionais Operárias
Especial
As Internacionais operárias
O jornal Combate Socialista publicou esse especial entre os meses de setembro e novembro (CS 134-135, 138-39 e CS 143) para analisar as Internacionais Operárias e mostrar o quanto a existência delas foi importante para unificar as lutas da classe trabalhadora em todo o mundo, para construir um programa marxista e fortalecer a batalha pela construção de um partido mundial da revolução socialista.
Conforme nossos leitores acompanharam, na versão impressa do jornal percorremos a I, II e III internacionais. E informamos que a finalização desse especial seria feita aqui, em formato eletrônico, com um artigo sobre a IV internacional.
Hoje, quando muitos na esquerda abandonaram a luta pela construção de uma Internacional revolucionária e que lute pelo poder político dos trabalhadores, ou propõem “frentes amplas” com a burguesia ou a “sombra da burguesia”, este debate se faz mais do que necessário.
Boa leitura!
TEXTO 1 – A Primeira Internacional (1864-1872): “A Libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”
João Santiago, da Executiva da Conlutas/PA e Coordenador do Sintsep/PA, e Felipe Melo, Técnico em Educação da UFPA
Origens da I Internacional
A Associação Internacional dos Trabalhadores (I Internacional) foi fundada em 28 de setembro de 1864, em uma assembleia pública, no St. Martin’s Hall, em Londres. A Internacional surgiu de uma situação objetiva, do aumento da miséria das massas trabalhadoras, apesar do progresso do capital e da burguesia. É o que diz o próprio Manifesto Inaugural da I Internacional, redigido entre 21 e 27 de outubro do mesmo ano: “É um fato que a miséria das massas trabalhadoras não diminuiu durante o período de 1848 a 1864, apesar de haver sido este, pelos progressos da indústria e do comércio, um período sem precedentes nos anais da história”[1].
Entretanto, outros fatores para o surgimento da I Internacional precisam ser analisados. Franz Mehring, contemporâneo de Marx, militante e teórico do Partido Social-Democrata Alemão, destaca, em primeiro lugar, que o desenvolvimento do capitalismo na Europa Continental criou “uma concorrência perigosa para os trabalhadores ingleses na forma de mão de obra mais barata”, ou seja, toda vez que tentavam lutar por melhores salários e redução das horas de trabalho, os capitalistas ingleses ameaçavam importar mão de obra mais barata da França, Bélgica, Alemanha e outros países[2].
Somou-se a isso a Guerra Civil Norte-americana, ao provocar a miséria dos tecelões ingleses por conta da crise do algodão, e a insurreição polonesa de 1863, que fortaleceu ainda mais o internacionalismo entre os trabalhadores ingleses e franceses em defesa de uma Polônia livre, unida e independente. Sem contar que já havia ocorrido um gesto de fraternidade entre o proletariado dos dois países no ano de 1862, durante a Exposição Mundial em Londres, um evento da burguesia europeia.
Esses fatos fizeram com que os principais dirigentes do sindicalismo inglês, dentre os quais Cremer, da construção civil, e Oder, dos sapateiros, colocassem a questão política e social na ordem do dia. O Manifesto do comitê de trabalhadores de Londres, dirigido por Oder, colocando a questão polonesa em destaque, foi enviado para os trabalhadores franceses, que, em resposta, enviaram uma delegação especial ao encontro organizado no dia 28 de setembro, no St. Martin’s Hall, em Londres. O dirigente metalúrgico francês, Tolain, leu a resposta dos trabalhadores franceses perante um salão lotado, com cerca de 2.000 participantes, dentre os quais estava Karl Marx[3]. Pela delegação alemã, o alfaiate Eccarius foi quem falou.
Desse encontro, foi acatada a proposta do sindicalista Wheeler de eleger um comitê com o poder de cooptar novos membros e de escrever o estatuto de uma associação internacional dos trabalhadores, até a realização de um congresso internacional, que seria realizado na Bélgica no ano seguinte. Assim, nascia a Associação Internacional dos Trabalhadores, ou I Internacional.
Manifesto Inaugural e Estatutos Provisórios: “o grande dever das classes trabalhadoras é conquistar o poder político”
Tanto o Manifesto Inaugural quanto o Estatuto Provisório foram redigidos diretamente por Marx. Aqui, queremos destacar o Estatuto Provisório, no qual Marx soube colocar toda sua habilidade tática para contemplar todos os grupos políticos que fundaram a Internacional, como os sindicalistas ingleses, o proudhonistas, os blanquistas, os anarquistas e o próprio grupo ligado a Marx, remanescentes da Liga dos Comunistas.
Marx se absteve de entrar em polêmicas desnecessárias com esses grupos ou utilizar termos como Socialismo, Comunismo, Estatização e Centralização. Entretanto, todos esses termos foram resumidos em um só: o poder político. Ou seja, unificou todos os grupos no conteúdo e não na forma, a tal ponto de tanto o Manifesto Inaugural como os Estatutos Provisórios serem votados pela maioria do Comitê de Redação.
Assim, os primeiros considerandos dos Estatutos deixam bem nítida a força da classe operária para confiar em si mesma: “A libertação da classe trabalhadora deve ser conquistada pela própria classe trabalhadora”, e que essa luta é pela “abolição de toda dominação de classe”; ou “que a libertação econômica da classe operária é, portanto, a grande meta final a qual deve subordinar-se, como meio, todo o movimento político”; ou, para deixar evidente que a luta é internacional, nos diz “que a libertação da classe operária não é um objetivo local nem nacional, mas um objetivo social que abarca todos os países em que exista a moderna sociedade…”[4]
Por fim, voltando ao Manifesto Inaugural, Marx deixa muito mais explícito que “o grande dever das classes trabalhadoras é a conquista do poder político”[5] e que todas as tentativas de organizar cooperativas em níveis locais ou regionais fracassaram, apesar da boa vontade dos dirigentes socialistas.
No próximo artigo, discutiremos os cinco congressos da I Internacional, sua influência na política europeia, principalmente na Comuna de Paris de 1871, e a polêmica de Marx e Engels com os anarquistas e Bakunin.
Leia também:
[1] . Carlos Marx, Federico Engels. La Internacional: Documentos, artículos y cartas. México: Fondo de Cultura Econômica, 1988, pp. 50-60. A tradução é nossa.
[2] . Carlos Marx, Federico Engels, idem ibidem pp. 42-45
[3] . Carlos Marx, Federico Engels, idem ibidem, pág. 21.
A I INTERNACIONAL (1864-1872): SEGUNDA PARTE
No artigo anterior (CS 134), narramos a fundação da I Internacional e seus documentos políticos. Neste, vamos analisar a intervenção da Internacional na luta de classes ao longo dos seis anos efetivos de sua existência, onde foram realizados cinco congressos: Genebra (1866), Lausanne (1867), Bruxelas (1868), Basileia (1869) e Haia (1872), além de duas Conferências em Londres, em 1865 e em setembro de 1871, logo após a derrota da Comuna de Paris.
Por: João Santiago – CSP Conlutas e Sintsep/PA
A I Internacional e a luta de classes: apoio às greves e solidariedade internacional
Dois anos após a sua fundação, a Internacional começa a se fortalecer e crescer a partir do apoio à greve dos alfaiates unificados em Londres, em 1866, onde se localizava o Conselho Geral, do qual Marx era um dos integrantes. Após a vitória dessa greve, novos membros de cinco associações de alfaiates aderiram à Internacional. No Informe do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) ao IV Congresso Geral (01/09/1869) [1] narram-se as greves dos tecelões de cintas e dos tintureiros de seda de Basileia, que duraram de novembro de 1868 até a primavera de 1869, pelas horas de descanso estabelecidas pelo costume que foram tiradas pelos patrões. A Internacional apoiou a insurreição dos operários. Também estouraram as greves dos operários da construção civil e dos impressores de Genebra. Mais uma vez, a Internacional foi acusada de estar por trás das greves.
Na Carta aos Operários da Europa e dos Estados Unidos (04/05/1869) [2], a Internacional denuncia as matanças dos grevistas belgas ocorridas na siderúrgica Cockerril em Seraing e na mina de carvão de Borinage-Frameries, onde 9 mineiros foram assassinados pelas tropas policiais e 20 ficaram feridos. Na França, a greve da indústria algodoeira, que agitou o país em dezembro de 1868, teve como palco principal Rouen, na Normandia, e foi diretamente contra o rebaixamento de salários para enviar matéria-prima mais barata para os capitalistas ingleses. Também estouraram greves na França nos distritos mineiros do Loire, em Lyon e em muitos outros lugares. Mas, as greves de 11 junho, dos mineiros de carvão de Saint-Étienne, Rive-de-Grier e Firming, exigindo melhores salários, foram reprimidas com crueldade. No dia 12 de junho, as minas foram ocupadas por fortes contingentes militares, que prenderam 60 mineiros e mataram quinze pessoas, entre elas duas mulheres e uma criança de peito, e ferindo um grande número, perto de Ricamarie. A Internacional denunciou esse crime ao mundo e foi duramente perseguida pelo governo francês. Na Alemanha, somou-se ao apoio à greve dos mineiros da região do Vale do Ruhr, em julho de 1872, que lutavam por 8 horas de trabalho e um aumento de salário de vinte e cinco por cento.
Em todos esses combates entre a burguesia e a classe operária, devido à crise econômica de 1866/67, a Internacional se fortalecia e cada vez mais novos contingentes se somavam, como foi o caso do maior partido operário do mundo, o Socialdemocrata alemão, criado em 1869 com base nos princípios da Internacional, e tendo uma base de 150.000 operários. Além da criação de seções na Holanda, Espanha, Nápoles, Áustria, dentre outras, bem como nos Estados Unidos.
Ao lado do apoio às greves, a Internacional também teve uma política internacional principista em relação à guerra civil norte-americana, posicionando-se contra a escravidão, que era defendida pelos sulistas. A luta pela independência da Polônia do jugo da Rússia czarista também esteve sempre na ordem do dia da Internacional, justamente porque havia uma “conspiração do silêncio” dos “escribas e agitadores da burguesia” [3] em torno dessa questão.
Mas, sem dúvida alguma, a guerra civil na França, com a instauração da Comuna de Paris em março de 1871, foi a mais importante intervenção política da Internacional, justamente por se instalar no coração da Europa, onde a Internacional estava presente (Para esse tema, ver os números 124, 126 e 128 do Combate Socialista, dedicados aos 150 Anos da Comuna de Paris).
Se a Comuna foi uma das grandes intervenções da Internacional, sua derrota trouxe uma exacerbação da luta interna no seio da I Internacional, principalmente a luta do grupo liderado por Marx e Engels contra Bakunin e sua seita anarquista. É disso que trataremos em seguida, numa próxima edição do Combate Socialista.
Leia também:
[1] . Carlos Marx, Federico Engels. La Internacional: Documentos, artículos y cartas. México: Fundo de Cultura Econômica, 1988, pág.1.[1] . Franz Mehring. Karl Marx: a história de sua vida. Editora Sundermann, 2013, p.316.
[1] . Franz Mehring, idem, pp. 317-318.
[1] . Carlos Marx, Federico Engels. La Internacional: Documentos, artículos y cartas, idem,pág 8.
[1] . Idem ibidem, pág. 7.
Especial
AS INTERNACIONAIS OPERÁRIAS
Com a destruição da organização do movimento operário internacional após os embates entre anarquistas e comunistas, Engels se preocupava com sua reorganização. Para isso, apostou na recriação da Internacional, cabendo a ele, após a morte de Marx, a tarefa de garantir a hegemonia dos socialistas marxistas no movimento.
A segunda Internacional (1889-1914) – PRIMEIRA PARTE
Eloisa Mendonça, CST
Sua articulação política obteve resultado e o Congresso em Paris, em 1889, foi um sucesso. Assim nasceu a II Internacional, com cerca de 400 delegados representando cerca de 20 países, entre eles: da Alemanha, Bebel, Liebknecht, Bernstein e Clara Zetkin; da Rússia, Georgy Plekhanov; da Bélgica, César de Paepe; da Inglaterra, Keir Hardie, entre outros. Suas principais resoluções apoiavam a jornada de trabalho de oito horas, a proibição do trabalho infantil e a regulamentação do trabalho das mulheres e adolescentes. Ademais, o evento convocou a primeira manifestação global do 1º de Maio em apoio às classes trabalhadoras no ano seguinte, 1890.
A grosso modo, existiam quatro linhas políticas na Segunda Internacional: 1) o Partido Socialdemocrata Alemão (SPD). Dinâmico, disciplinado e pelo progresso eleitoral. Ele cresceu constantemente nos anos 1890 e em 1905 tinha 385 mil membros e 27% do eleitorado, 2) o socialismo francês, com correntes revolucionárias jacobinas do séc. XIX, correntes socialistas “utópicas” e o anarcossindicalismo, 3) o socialismo inglês, com uma tradição de luta operária. O marxismo era defendido por algumas de suas correntes, mas era minoritário no partido dos trabalhadores, 4) na Rússia, onde a classe operária era ainda pequena e predominava a classe camponesa, o populismo ligado ao operariado defendia a ideia de que na Rússia o movimento revolucionário seria de origem camponesa, mas Plekhanov defendia o marxismo russo, com base no inevitável desenvolvimento capitalista e a nascente classe operária.
Imperialismo e Reformismo
No período da Segunda Internacional, o imperialismo caracterizava-se pelas contradições inter-imperialistas, competição pelo mundo colonial, ou seja, pelas “reservas de mercado” para seus capitais sobreacumulados, e pelo acesso exclusivo às fontes de matérias primas dos “países atrasados”, em especial entre as velhas potências (França e Inglaterra, Rússia, Holanda e Bélgica em menor medida) e as novas potências em expansão (Alemanha e EUA). Nesse período, havia se desenvolvido um movimento operário de massas na Europa e nos EUA, levando à fundação de dezenove partidos operários e socialistas no continente europeu entre 1880 e 1896, além de importantes federações nacionais de sindicatos.
As mudanças também eram geopolíticas com o deslocamento do eixo econômico-industrial do continente em direção à Alemanha. O principal partido era o SPD – Partido Socialdemocrata da Alemanha – fundado em 1875 na cidade de Gotha, cujo programa foi duramente criticado por Karl Marx, devido a realizar amplas concessões às ideias lassalleanas (daí vem o livro de Marx, Crítica ao Programa de Gotha). Lassalle via o Estado como um meio pelo qual os trabalhadores poderiam conquistar seus interesses e até mesmo transformar a sociedade para criar uma economia baseada em cooperativas dirigidas por trabalhadores. A estratégia de Lassalle era primariamente eleitoral e reformista.
A socialdemocracia alemã – devido ao seu grau de organização – assumiu naturalmente o posto de liderança da Segunda Internacional e, com isso, a responsabilidade de responder às questões do movimento operário diante de uma nova forma de capitalismo, ou seja, interpretar as mudanças sociais, científicas e tecnológicas, as quais refletiam em todo o conjunto da sociedade no final do século XIX e início do século XX. No interior da organização durante esse período, podemos identificar algumas tendências que começaram a ganhar força, são elas: a marxista ortodoxa, que possui a obra de Karl Kautsky inclusa, assim como a contribuição de August Bebel; a revisionista, que tem como principal expoente o autor Eduard Bernstein, que em seus artigos publicados no Die Neue Zeit 2 procurou rever os aspectos que considerava como superados, dogmáticos, não científicos ou ambíguos do marxismo; a ala sindicalista revolucionária, que surgiu originalmente no âmbito do socialismo francês; e, por último, a Neue Linke 3 , considerada como a esquerda que se formou nos anos de 1910-1914 dentro da socialdemocracia alemã, tendo como principal liderança Rosa Luxemburgo.
Engels, principal referência teórica do PSD, após a criação da Segunda Internacional, e com o intuito de influir nos debates sobre o Programa do partido alemão, que iriam acontecer em Erfurt em 1891, toma três medidas: a primeira, a republicação da Crítica de Marx ao programa de Gotha; a segunda, uma rigorosa defesa da “ditadura do proletariado”; e a terceira, uma crítica ao projeto de Programa de Erfurt.
Através do acompanhamento do SPD e de seus debates, Engels foi o primeiro a descrever a ascensão de um partido de massas na história, que inclui no sistema político amplas parcelas da sociedade e que aposta na via eleitoral como ferramenta para a institucionalização da luta de classes. Em segundo lugar, Engels foi o primeiro a identificar de forma mais nítida a correlação entre classes sociais e partidos políticos.
Grandes embates na II Internacional – Parte II
Adolpho Tundis, Diretor do SEPE e CST RJ
O reagrupamento do movimento socialista e operário mundial na II Internacional teve êxitos importantes, como a criação das tarefas internacionais do Dia do Trabalhador no 1º de maio (1889) e o Dia da Mulher no 8 de março (1910).Ao mesmo tempo, desenvolvia-se cada vez mais o antagonismo entre as principais correntes políticas.
A consolidação do imperialismo e a derrocada do capitalismo, evidenciada com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, expuseram as profundas diferenças de estratégia entre as duas tendências fundamentais do movimento operário: a tendência do reformismo dos oportunistas e a tendência dos revolucionários.
A II Internacional aprovou em 1912 o Manifesto da Basileia, que tinha um caráter anti-imperialista, denunciava a preparação da guerra por parte das potências e da burguesia e ainda apontava a tarefa fundamental do movimento socialista internacional: afirmava que a guerra “provocará uma crise econômica e política que deverá ser aproveitada: não para atenuar a crise, não para defender a pátria, mas, pelo contrário, para sacudir as massas, para apressar a queda do domínio do capital”.
Os reformistas, no entanto, traíram as resoluções do Manifesto e acabaram apoiando a participação dos países na guerra, servindo como um braço dos interesses das burguesias nacionais na guerra imperialista. As principais polêmicas se deram quanto à votação dos orçamentos de guerra nos parlamentos dos países – os reformistas votavam pela aprovação dos “créditos de guerra” – e à participação nos governos burgueses.
Lenin, em “O oportunismo e a falência da II Internacional”, procurou explicar o significado econômico e político do oportunismo reformista, que deformava o movimento socialista internacional, evidenciado no apoio dos reformistas à participação na guerra imperialista, chamado de “defensismo”:
“Em que consiste a essência econômica do defensismo durante a guerra de 1914-1915? A burguesia de todas as grandes potências trava a guerra com o fim de partilhar e explorar o mundo, com o fim de oprimir os povos. Um pequeno círculo da burocracia operária, da aristocracia operária e de companheiros de jornada pequeno-burgueses podem receber algumas migalhas dos grandes lucros da burguesia. A causa de classe profunda do social-chauvinismo e do oportunismo é a mesma: a aliança de uma pequena camada de operários privilegiados com a “sua” burguesia nacional contra as massas da classe operária, a aliança dos lacaios da burguesia com esta última contra a classe por ela explorada.
O conteúdo político do oportunismo e do social-chauvinismo é o mesmo: a colaboração das classes, a renúncia à ditadura do proletariado, a renúncia às ações revolucionárias, o reconhecimento sem reservas da legalidade burguesa, a falta de confiança no proletariado, a confiança na burguesia.”
Como premiação à traição da política revolucionária e pela sua defesa da pilhagem imperialista, os reformistas “socialistas” eram elogiados por representantes da burguesia, ganhavam cargos em ministérios de governo (Inglaterra e França) ou tinham o monopólio da existência legal sem obstáculos (Alemanha e Rússia).
A divisão entre as correntes reformistas e revolucionárias era profunda nos partidos operários, como o Partido Socialdemocrata alemão. O oportunista Kautsky reconhecia a divisão do partido em dois campos extremos. Como forma de garantir a unidade, sua proposta era a autorização de discursos parlamentares mais radicais. Kautsky queria, “por meio de alguns discursos parlamentares radicais, reconciliar as massas revolucionárias com os oportunistas, que nada têm em comum com a revolução, que já há muito dirigem os sindicatos e que agora, apoiando-se na sua estreita aliança com a burguesia e com o governo, apoderaram-se também da direção do partido” (Lenin).
Lenin fazia um duro e preciso balanço sobre a unidade dos revolucionários com esses oportunistas em um mesmo partido, ao afirmar que significava “a unidade com a sua própria burguesia nacional, que explora outras nações, e a cisão do proletariado internacional.”
A ruptura deveria ser parte da estratégia, mas não tinha necessariamente suas condições preparadas: “Isso não significa que a ruptura com os oportunistas é imediatamente possível em toda a parte, significa apenas que ela amadureceu historicamente, que ela é necessária e inevitável para a luta revolucionária do proletariado, que a história, que conduziu do capitalismo “pacífico” ao capitalismo imperialista, preparou essa ruptura”.
Em 1915, a política dos revolucionários de confiar na ação das massas e incentivar a luta da classe trabalhadora demonstrou-se correta quando, como consequência da guerra, a efervescência revolucionária, as greves e protestos explodiram na Rússia, Itália e Inglaterra.
Após 25 anos do início da II Internacional, o oportunismo reformista mais que amadureceu: passou definitivamente para o campo da burguesia. As tarefas apontadas por Lenin, de ampliação das ações revolucionárias de massas e desenvolvimento da organização internacional dos revolucionários, permanecem atuais.
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Especial
As internacionais operárias
Nas duas primeiras décadas do século XX, importantes acontecimentos marcaram a história da humanidade e, em particular, do movimento operário. Em primeiro lugar, a eclosão da Primeira Guerra Mundial e o apoio das seções da II Internacional às burguesias imperialistas de seus países (ver o último texto deste especial, no CS n° 139); posteriormente, a Revolução Russa de outubro de 1917, primeira revolução operária vitoriosa e que expropriou a burguesia naquele país.
A III Internacional – Da fundação à degeneração da Internacional Comunista
Henrique Lignani, Educação em Combate
Foi sob o impacto desses dois processos, a capitulação oportunista da II Internacional e o triunfo da revolução socialista na Rússia, que, em março de 1919, foi fundada a III Internacional. A Internacional Comunista (IC), como foi chamada, tinha o objetivo explícito de ser a direção da revolução socialista em todo o mundo. Nesse sentido, aos moldes do Partido Bolchevique, organizava-se enquanto um partido revolucionário internacional, com seções em cada país, o que consiste um avanço qualitativo em relação às internacionais operárias que a precederam.
A história da Internacional Comunista pode ser dividida em dois períodos: de sua fundação até 1922/23, período em que se realizaram os quatro primeiros congressos da IC; a partir dessa data até a sua dissolução, em 1943, quando esteve sob o controle da burocracia stalinista.
A Internacional Comunista revolucionária
Em sua primeira fase, a IC foi conduzida e impulsionada pelo Partido Bolchevique de Lenin e Trotsky. Trata-se do período em que a IC constituiu um verdadeiro partido revolucionário internacional, organizando seções, intervindo na luta de classes e lutando pela revolução socialista em cada país do mundo, como parte da revolução mundial.
Os quatro primeiros congressos da IC, realizados anualmente, aprovaram importantes resoluções nesse sentido. Além de questões organizativas e de critérios para a adesão de novas seções, estabeleceram como objetivo a tomada do poder pelo proletariado e a organização de governos soviéticos; orientaram a atuação revolucionária dos comunistas dentro dos sindicatos e nas eleições burguesas; aprovaram um programa de luta para as mulheres, a juventude e os povos oprimidos; e, respondendo a uma mudança na conjuntura internacional, combateram o ultraesquerdismo de alguns partidos e aprovaram a tática da frente única operária.
Nesses primeiros anos, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, a IC lançou as bases para um programa revolucionário, mas este não pôde ser concretizado devido à guinada de curso do período seguinte.
A degeneração sob controle stalinista
Alguns fatores ajudam a entender a burocratização da IC. Primeiramente, o isolamento da URSS após a derrota da onda revolucionária do pós-guerra, derrota na qual foi fundamental o papel da direção do PC alemão e de Zinoviev e Stalin, já à frente da IC. Além disso, a morte de Lenin, em 1924, abriu caminho para que Stalin isolasse Trotsky e impusesse sua política ao PC soviético. Logo as práticas e a política aplicadas ao partido soviético foram estendidas à direção da IC.
Desde então, a IC deixou de ter um caráter revolucionário, tornando-se um órgão de defesa dos interesses da burocracia stalinista. Em termos teóricos, foi imposta a teoria do “socialismo em um só país”, um revisionismo do marxismo – e da própria base fundacional da IC – que considerava ser possível a construção do socialismo na URSS sem considerar o curso da revolução europeia. A partir disso, sua trajetória foi marcada por uma série de equívocos, desvios e traições. Exemplos são a política ultraesquerdista do “terceiro período”, que ignorou o perigo fascista e levou ao esmagamento da classe operária alemã, ou a política das “frentes populares”, que, a partir do VII Congresso da IC, em 1935, levou à conciliação de classes e à formação de governos em comum com a burguesia em diversos países. O preço dessas traições foi pago pela classe trabalhadora mundial, pois a IC passou a atuar como um instrumento da contrarrevolução e conduziu à derrota diversas revoluções.
Em 1943, levando o “socialismo em um só país” às últimas consequências, Stalin dissolveu a IC, como um gesto de boa vontade às burguesias imperialistas. O legado dessa internacional, porém, permanece vivo para os revolucionários em todo o mundo, seja no programa defendido em seus primeiros quatro congressos ou na luta de Trotsky, desde a Oposição de Esquerda, contra a sua degeneração burocrática e contrarrevolucionária.
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A IV internacional
Henrique Lignani, Educação em Combate
No último texto, vimos que a partir da derrota da revolução na Europa, ocasionando o isolamento da classe trabalhadora da URSS, e da morte de Lenin, a Internacional Comunista iniciou um curso de degeneração. Esse curso foi conduzido por Stalin e pela burocracia soviética, impondo ao movimento operário uma sucessão de erros e desvios políticos e resultando no abandono do internacionalismo e da própria perspectiva revolucionária por parte da IC (Internacional Comunista).
Isso, porém, não foi feito sem que houvesse resistência. A luta contra a burocratização da IC, ligada diretamente à luta contra a burocratização do Partido Bolchevique e da própria URSS, foi dirigida por Leon Trotsky enquanto ele esteve vivo. Consistindo em resgatar os princípios presentes nos quatro primeiros congressos da IC, essa tarefa passou por diferentes momentos e culminou na organização de uma nova Internacional, em 1938: a IV Internacional.
A organização da Oposição de Esquerda
As primeiras batalhas contra a burocratização foram realizadas ainda no interior do Partido Comunista da URSS e da IC. Em 1923, foi fundada a Oposição de Esquerda, compreendendo, além de Trotsky, antigas lideranças do partido bolchevique; já em 1926, organizou-se a “Oposição Unificada”, conferindo um maior alcance para as atividades dos militantes oposicionistas de esquerda.
Nesse período, houve dois momentos cruciais no enfrentamento à política stalinista para a IC. Primeiro, na denúncia da aliança do PC britânico com os trabalhistas (reformistas), aliança que não foi rompida mesmo após estes últimos terem traído uma greve geral dos trabalhadores, em 1926; depois, na crítica à submissão dos comunistas chineses à burguesia nacionalista daquele país, fato que impediu o desenvolvimento de organizações autônomas por parte dos trabalhadores e levou à derrota da Revolução Chinesa de 1927 (ver livro que acabamos de lançar: China – da Revolução a Restauração).
Após pressão do aparato stalinista, ainda em 1927, algumas lideranças da Oposição Unificada, como Kamenev e Zinoviev, capitularam e “reconheceram os erros” de suas críticas à IC, o que levou ao fim da experiência unificada [1]. Apesar da capitulação de parte dos oposicionistas, Trotsky e seus companheiros não abandonaram a necessária luta dentro da IC. Stalin, então, aumentou a repressão em busca de exterminar a oposição, culminando com a expulsão e o exílio de Trotsky. Nesse período, começou a ser organizada a Oposição de Esquerda Internacional, a partir do exterior, principalmente por militantes exilados. Foram muitas as dificuldades encontradas por esses militantes. Basta lembrar que eles estavam sujeitos a uma dupla repressão: tanto por parte dos governos capitalistas dos países em que se encontravam, quanto pelo aparato stalinista [2].
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O rompimento com a IC e a continuação da luta contra a burocracia
A ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, em 1933, marcou uma mudança na atuação de Trotsky e seus companheiros. No início dos anos 1930, Stalin e a IC haviam adotado uma linha ultra-esquerdista (denominada “terceiro período”) e afirmavam que haveria um iminente ascenso revolucionário. Assim, se recusavam a fazer qualquer tipo de acordo com os partidos reformistas. Na Alemanha, mesmo diante da ameaça real que era o nazismo, os stalinistas concentravam seus esforços em combater a social-democracia, definida como “irmã gêmea” do fascismo.
Trotsky combateu essa linha, defendendo que se formasse uma “frente única” com os partidos operários reformistas. Essa frente não poderia indicar qualquer recuo do programa revolucionário ou o abandono de princípios; seria um acordo pontual, visando uma ação concreta: derrotar os fascistas [3].
Como podemos perceber, a linha stalinista adotada pelo PC alemão facilitou o trabalho de Hitler. Diante desse episódio, os militantes da Oposição de Esquerda avaliaram que a IC estava falida. O objetivo de regenerar aquela Internacional foi abandonado, colocando-se a tarefa de continuar a luta contra a burocracia stalinista por fora dessa organização.
A fundação da IV Internacional
A necessidade de construir uma nova Internacional não foi um consenso entre os militantes que eram próximos ao movimento trotskista. Havia setores que apontavam para o contexto histórico vivido naquele momento, no qual se observava um enorme retrocesso do movimento revolucionário, dizendo, assim, que não era possível criar uma Internacional “artificialmente”, sem uma grande vitória do proletariado internacional.
De fato, a etapa histórica iniciada em 1923, a partir da derrota da revolução europeia, e que se estendeu até 1943 foi marcada por grandes derrotas para a classe trabalhadora. Durante esses 20 anos ocorreram, por exemplo, a consolidação do stalinismo dentro da URSS e a ascensão do fascismo na Itália e na Alemanha. Porém, essa caracterização não era contraditória com a possibilidade de fundação da IV Internacional; ao contrário, afirmava a sua necessidade.
Como disse Trotsky, a nova organização já tinha o seu surgimento marcado por um “grande acontecimento” que era a ascensão de Hitler e a traição das velhas direções, que haviam permitido esse fato. Portanto, era a maior derrota já sofrida pela classe trabalhadora em toda a história que se colocava como base de fundação da IV Internacional. Segundo Nahuel Moreno, esse “foi o maior acerto de Trotsky e do nosso movimento mundial”, postulando a unificação dos militantes revolucionários em torno de um programa político para enfrentar os ataques contrarrevolucionários e se preparar para o posterior ascenso do movimento de massas [4].
A construção de um partido e de um programa capazes de responder ao ascenso revolucionário que os militantes trotskistas vislumbravam ganhava ainda mais importância devido ao caráter das direções políticas do movimento de massas. A política traidora apresentada pelas velhas direções social-democrata e stalinista, que já haviam abandonado a perspectiva da luta de classes, colocava para a IV Internacional a tarefa de disputar a liderança desses movimentos para que pudessem apresentar uma saída revolucionária.
Em outras palavras, o que se apresentava era o problema da crise de direção do proletariado: por um lado, estavam presentes as condições objetivas para o desenvolvimento da revolução socialista; por outro, não havia uma liderança revolucionária capaz de conduzir essa tarefa. Essa contradição foi resumida por Trotsky, no Programa de Transição, ao afirmar que “a crise histórica da humanidade se reduz à crise da direção revolucionária” [5].
Leia também:
A IV Internacional depois de Trotsky
Em 1940, porém, Trotsky foi assassinato no México a mando de Stalin. Isso representou um grande golpe para a IV Internacional, fundada apenas dois anos antes. Não bastasse perder o seu principal dirigente, a organização se viu mergulhada em uma conjuntura muito complexa, marcada pela Segunda Guerra Mundial. O conjunto desses fatores fez com que surgissem dificuldades de organização, praticamente acabando com os vínculos entre as diferentes seções da Internacional.
Com o fim da guerra, outros problemas surgiram, ligados mais diretamente ao caráter do grupo que assumiu a direção da IV Internacional. Na Europa, por exemplo, Pierre Frank, Michel Pablo e Ernest Mandel formavam uma direção inexperiente e que não tinha uma origem na classe operária. A partir de 1945, com o fim da guerra, abriu-se uma nova etapa histórica. O mundo vivenciou 30 anos de um enorme avanço revolucionário, por exemplo, com a Revolução Chinesa, a expropriação da burguesia no Leste europeu e, mais tarde, a Revolução Cubana. Por sua vez, diante desse contexto, os novos dirigentes da IV Internacional demonstraram uma debilidade política para dar as respostas que a conjuntura exigia [6].
Ao contrário do que Trotsky imaginava, o ascenso revolucionário que se sucedeu à Segunda Guerra não foram conduzidos por uma direção revolucionária consciente, formada por partidos semelhantes ao Partido Bolchevique. Ao contrário, tais processos tiveram à sua frente direções pequeno-burguesas, reformistas ou stalinistas, que os conduziram não porque desejavam ver uma revolução triunfante, mas sim porque não puderam conter a força daquela onda revolucionária pós-guerra. Os dirigentes trotskistas, impressionados com esse fato, não conseguiram compreender a dinâmica daqueles fenômenos, o que resultou em graves erros.
Um exemplo disso pode ser visto no chamado “entrismo sui generis”, tática defendida por Pablo e Mandel no III Congresso da IV Internacional. Realizado em 1951, momento em que as direções stalinistas se fortaleciam conjunturalmente na onda do ascenso revolucionário, essa tática partia da previsão de que tal ascenso tornaria os conflitos entre a URSS e o imperialismo cada vez mais agudos, culminando em uma nova guerra mundial. Em meio a isso, as direções oportunistas se veriam obrigadas a evoluírem até posições objetivamente revolucionárias. Dessa forma, para Pablo e Mandel, o papel dos trotskistas seria ingressar nessas organizações oportunistas, fossem stalinistas ou pequeno-burguesas, não por um curto período, para ganhar um setor desses partidos, mas por entenderem que tais partidos dirigiriam os próximos processos revolucionários. Na prática, essa política votada pela maioria da direção da IV Internacional abria mão da tarefa de construir partidos trotskistas e revolucionários.
Um ano depois, explodiu uma revolução operária na Bolívia, onde a seção da IV Internacional tinha influência de massas. Em 1951, houve uma vitória eleitoral do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), um movimento nacionalista burguês, e uma tentativa de golpe militar para impedir a sua posse. Uma forte mobilização dos trabalhadores foi organizada para impedir esse golpe, com a formação de milícias armadas e de uma Central Operária Boliviana, uma verdadeira situação de duplo poder. Em vez de impulsionar as mobilizações e a tomada do poder, o POR (seção trotskista), influenciado pela política de Pablo e Mandel, defendeu a formação de um governo em comum com os nacionalistas burgueses, entregando, na prática, o poder ao MNR.
Neste contexto ocorreu a divisão da Internacional trotskista e à formação do Comitê Internacional, composto, entre outros, pelas seções dos Estados Unidos (o SWP), Inglaterra e pelo partido argentino ligado a Nahuel Moreno. Em 1963, houve a reunificação da maioria dos grupos trotskistas em torno do apoio à Revolução Cubana, de 1959, formando-se o Secretariado Unificado (SU). Apesar de considerar que a reunificação tinha aspectos positivos, Moreno alertava para os perigos da capitulação ao castrismo.
Tais riscos se concretizaram, em primeiro lugar, quando Mandel e o SU adotaram a tática da guerrilha, método que havia triunfado em Cuba, como uma estratégia a ser aplicada de forma generalizada (algo que foi questionado, dentre outros, por dirigentes do SWP e do PRT Argentino). Depois, em 1979, na ocasião da Revolução na Nicarágua, os partidos ligados a Moreno organizaram a Brigada Simón Bolívar e enviaram combatentes para aquele país. Após o triunfo dos sandinistas, os combatentes da Brigada seguiram defendendo a mobilização operária e a expropriação da burguesia, sendo perseguidos pelo novo governo. Mandel e o SU se mantiveram ao lado desse setor nacionalista burguês, apoiando a expulsão dos militantes trotskistas e sua entrega à polícia do Panamá. Uma quebra de princípios revolucionários que levou a um novo rompimento da IV Internacional.
A atualidade da construção da IV Internacional
Os exemplos citados acima, das revoluções inseridas no ascenso mundial do movimento de massas após a Segunda Guerra, assim como as lutas que se desenvolvem nos dias de hoje nos mostram que a superação da crise de direção, tarefa a qual a IV Internacional se propôs em sua fundação, ainda segue de pé. Os processos revolucionários que aconteceram desde 1945, seja na China ou em Cuba, por exemplo, mostraram os limites das direções reformistas e oportunistas: ao não avançarem na mobilização da classe trabalhadora e na defesa do caráter internacional das revoluções, confinaram esses processos nos limites dos seus países, o que levou ao seu retrocesso. Infelizmente, o movimento trotskista, dirigido principalmente por Pablo e Mandel, não buscaram a construção de uma direção alternativa.
Ainda hoje, quando a classe trabalhadora mostra a sua disposição para lutar em diversos lugares do mundo, vemos que esses levantes esbarram no limite das suas direções. Setores reformistas e oportunistas que aplicam a política da conciliação de classes atuam para frear a luta dos trabalhadores. Isso deixa nítido o peso da falta de uma direção revolucionária e como é urgente a tarefa da sua construção.
Assim, segue atual a batalha travada por aqueles e aquelas que construíram cada uma das Internacionais operárias, a tarefa de construir partidos revolucionários que lutem por governos dos trabalhadores em cada país e em todo o mundo. É nesse sentido que, hoje, fazemos o chamado pela unidade dos revolucionários e pela reconstrução da IV Internacional.
Notas:
[1] Pierre Broué. A Oposição Unificada Internacional de 1923 a 1928. História da Internacional Comunista, 1919-1943. São Paulo: Editora Sundermann, 2007.
[2] Pierre Broué. A Oposição de Esquerda Internacional de 1928 a 1933. Idem.
[3] Atualmente, chamamos esse tipo de acordo pontual para ações concretas de “unidade de ação”.
[4] Nahuel Moreno. Teses para atualização do Programa de Transição. São Paulo: CS Editora, 1992.
[5] Leon Trotsky. Programa de Transição [1938]. https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1938/programa/cap01.htm#1
[6] Sobre os erros da política da maioria da direção da IV Internacional após a Segunda Guerra, mencionados nos parágrafos seguintes, ver: Nahuel Moreno. O Partido e a Revolução. São Paulo: Editora Sundermann, 2008; e Mercedes Petit. Intervenção de Mercedes Petit no Evento “Trotsky em Permanência”. https://www.cstuit.com/home/index.php/2021/08/17/intervencao-de-mercedes-petit-no-evento-trotski-em-permanencia/
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