POR UM POLO ALTERNATIVO QUE DEFENDA A FRENTE DE ESQUERDA E SOCIALISTA
Para enfrentar a extrema direita de Bolsonaro, combater o ajuste fiscal, os partidos patronais e as velhas direções burocráticas
Por: Rosi Messias e Babá
Apesar de não afirmar sua candidatura a presidente em 2022, Lula é líder nas pesquisas para as eleições. Ele passou os últimos meses articulando alianças com partidos patronais, realizando viagens pelo país, em vez de liderar os movimentos nas ruas do Brasil para colocar para Fora Bolsonaro e Mourão, atos que realizamos nos últimos meses.
A política do PT e de Lula tem sido a de canalizar a insatisfação popular para uma saída eleitoral. Por isso, desmontaram a jornada nacional de lutas contra o governo Bolsonaro para poder aplicar a sua política de frente ampla com a burguesia. Tudo isso em uma conjuntura em que Bolsonaro, o Congresso Nacional, governadores e prefeitos vêm aplicando duros ajustes contra a classe trabalhadora.
Lula articula Alckmin para ser seu vice-presidente
Em viagem pela Europa, Lula (PT) publicou pelo Twitter quatro mensagens nas quais confirma sua aproximação com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para vice da chapa do PT para as eleições ao Planalto no ano que vem. E, viajando pelo país, Lula começou a fazer visitas a vários estados, iniciando discussões com líderes políticos de vários partidos da burguesia. Foi o caso de Eduardo Paes, atual Prefeito do Rio de Janeiro, que abandonou o DEM e se filiou ao PSD (Partido Social Democrático). O mesmo Eduardo Paes que acaba de aprovar a reforma da previdência contra os servidores municipais, que persegue os camelôs e que demitiu as lideranças sindicais dos garis, os companheiros Bruno da Rosa e André Balbina.
Lula também se reuniu com Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que era filiado ao DEM e que atualmente está sem partido. O mesmo Maia que, quando foi Presidente da Câmara dos Deputados, ajudou o governo Bolsonaro a aprovar a Reforma da Previdência e o governo Michel Temer a aprovar a famigerada Reforma Trabalhista.
No Ceará, Lula se reuniu com o senador do PSDB, Tasso Jereissati, e com dirigentes e representantes de partidos como PSDB, MDB e PDT.
Dessa maneira, Lula esteve em vários estados, com representantes dos partidos de “esquerda” e da burguesia, seguindo a política de frente ampla, para repetir e aprofundar a política de alianças com a burguesia. Nada além do que foi feito nos 13 anos dos governos de Lula e Dilma Rousseff, quando se aliaram a Sérgio Cabral, Michel Temer, Renan Calheiros, Romero Jucá e Jader Barbalho.
A direção do PSOL tem que romper com a política de frente ampla do PT e de Lula
No último Congresso Nacional do PSOL, o campo de oposição teve mais de 40% dos delegados, o que mostra que o campo majoritário não consegue impor totalmente sua política de frente ampla. Diante das negociatas de Lula para formar uma chapa para 2022 com Geraldo Alckmin e com os figurões do MDB, a direção do PSOL segue respaldando a política petista. É necessário que a direção do PSOL rompa com essa política de conciliação de classes e que apresente uma candidatura própria em 2022, construindo uma frente de esquerda nacional, para se contrapor às ilusões em Lula e à sua política de alianças com partidos burgueses.
Até agora, meses depois do Congresso, não houve sequer a posse do Diretório Nacional, deixando o partido e a militância à deriva. É urgente uma reunião emergencial do Diretório Nacional para debater e encaminhar a mudança de política e de orientação na próxima Conferência Nacional: contra a frente ampla de conciliação com os representantes da patronal.
Nesse cenário, cabe uma reflexão direcionada aos companheiros que constroem o Campo Semente (Resistência, Insurgência e Subverta), que devem romper com a frente eleitoral de Lula-Alckmin e vir com a oposição, defendendo uma candidatura com independência de classe.
Basta de traição à classe trabalhadora! É necessário unificar a esquerda socialista e construir um programa alternativo!
Nós, da CST, somos parte daqueles que são contrários a qualquer aliança com a burguesia e defendemos a candidatura do companheiro Glauber Braga à Presidência da República. Uma pré-candidatura que vem cumprindo um importante papel na luta de classes e que deve, mais do que nunca, buscar o diálogo com as diferentes organizações de esquerda, como os companheiros da UP, do PCB e do PSTU. Para unificar todas as organizações e dirigentes que são contrários a apoiar Lula e sua política de aliança com a burguesia e para, nesse caminho, construir uma Frente de Esquerda e Socialista. Uma frente que apresente uma alternativa nas ruas e nas urnas, com um programa e uma política de enfrentamento aos banqueiros, deixando de pagar a famigerada dívida pública; que taxe a fortuna dos bilionários do país; que enfrente os latifundiários que destroem nossas florestas; e que defenda a reestatização de nossas empresas que foram privatizadas, impedindo também que novas empresas, como os Correios, sejam privatizadas.
FORA BOLSONARO E MOURÃO!