RS | Campanha salarial do CPERS: Reajuste salarial já!
Matheus Schneider e Jorge Nogueira – professores da rede estadual do RS
A Direção Central do CPERS (Sindicato das/os Trabalhadoras/es da educação estadual do RS) começou a campanha salarial deste ano propondo envio de moções de apoio ao reajuste salarial para as Câmaras de Vereadores, renunciando completamente à capacidade de mobilização da categoria, “terceirizando” sua atuação. Uma ação muito deseducativa e que semeia ilusões no parlamento, pois os partidos com mais assentos nas Câmaras de Vereadores são exatamente aqueles que aprovam medidas contra a categoria na Assembleia Legislativa.
Houve o lançamento de uma campanha de mídia, inclusive com inserções na televisão, que apenas chamavam atenção para a penúria da categoria, mas não denunciavam o governo Leite. Sequer o nome do governador foi citado! Além disso, faltou mencionar a sobrecarga de trabalho com o ensino remoto, a não devolução do salário cortado na greve do final de 2019 e tantos outros problemas que a categoria enfrenta. Não se fez vinculação entre o governador e o presidente Bolsonaro e a Direção Central (ligada a setores do PT e ao PCdoB) se nega a chamar o “Fora Leite”.
A assembleia geral realizada no dia 1º de outubro, a segunda realizada no ano de 2021, foi organizada de modo totalmente burocratizado pela diretoria, onde as/os participantes não podiam se ver e o chat era fechado. Além disso, estava na pauta a eleição dos representantes do CNE – Conselho Nacional de Entidades da CNTE, que foi organizada em desacordo com o que propõe o próprio estatuto dessa entidade. Os setores da oposição, de forma unificada, fizeram uma questão de ordem para que se adiasse a eleição. A direção central defendeu contra e foi feita a eleição.
Para as cinco vagas, foram inscritas cinco chapas. A oposição foi vitoriosa, pois a chapa da Direção Central elegeu 2 representantes e das quatro chapas da oposição inscritas, três elegeram um representante cada. Sendo assim, a direção elegeu 2 e a oposição 3.
O resultado da assembleia geral confirma o que a eleição do sindicato já havia indicado: que no computo geral a burocracia está enfraquecida e não representa a maioria da categoria. O problema é que ela dirige o sindicato e está apenas no início da sua terceira gestão. Isso coloca desafios para as forças políticas de oposição.
Um dos primeiros desafios é retomar o ânimo de uma categoria traída, abalada, massacrada pelo governo e que protesta rompendo com o sindicato por não se sentir representada pela direção. Uma atitude compreensível, mas equivocada.
Outro ponto é exigir a realização de assembleias democráticas e de espaços abertos de debates para preparar lutas comuns de temas caros à educação estadual, tais como: fechamentos de turnos, turmas e escolas, imposição da matriz curricular e do novo ensino médio, cortes absurdos no contracheque, retirada arbitrária de direitos e reposição salarial. Pensamos que o 15 de outubro, aprovado como dia de paralisação e ato público estadual, é um passo necessário para retomar a atuação da categoria. A partir disso, deve ser elaborado um calendário de mobilização para elevar o tom de denúncia e enfrentamento ao governo.