Derrotar Bolsonaro e o seu plano de fome, arrocho salarial e ajuste

 

Adriano Dias e Diego Vitello, Coordenação da CST

 

O Brasil do genocida Bolsonaro passa por uma profunda crise econômica e social que coloca milhares na fome, desemprego e sem moradia. Os dados são alarmantes. 19 milhões passam fome no país. Mais de 116 milhões não têm acesso pleno à alimentação. Já chegamos a 14 milhões de desempregados e muitos foram desalojados por conta da crise econômica. É muito comum encontrarmos, principalmente nas grandes cidades, inúmeras famílias habitando as ruas, resultado dessa profunda crise.

 

Outro ponto a ser considerado como parte do momento catastrófico é a alta dos preços dos alimentos básicos, das tarifas de energia, do gás de cozinha e da própria gasolina. Esse fator já empurra a inflação para 10% e achata cada vez mais o salário dos trabalhadores. Por isso, devemos seguir construindo a mobilização unificada, como no dia 2, fortalecendo dentro dela as pautas da classe trabalhadora e dos setores populares.

 

Bolsonaro e a extrema direita estão matando o povo

 

Mesmo diante dessa crise, Bolsonaro propõe mais ajuste e ataques contra os trabalhadores e o povo pobre. Por exemplo, a Reforma Administrativa, que significa a precarização do vínculo de trabalho, a normalização do trabalho temporário, a avalição punitiva para facilitar a demissão e a entrega dos serviços públicos para a iniciativa privada. É importante destacar que, nessa pauta, os governadores e prefeitos também tentam aplicar o ajuste contra os servidores. O exemplo mais recente é o pacote fiscal do bolsonarista Cláudio Castro, que conseguiu juntar reforma da previdência e administrativa no mesmo pacote.

 

Outro ataque é a privatização dos Correios. Uma entrega criminosa de uma das maiores estatais do país, lucrativa e que presta um serviço público, para além da entrega de correspondências e encomendas, em todos os municípios do país. A sua venda é a mudança profunda na lógica da estatal, que passará a prestar serviço apenas para quem poderá pagar, dificultando o acesso da maioria da população e dos municípios do Brasil aos serviços dos Correios. Nas campanhas salariais, vemos propostas de ajuste através do congelamento salarial e a imposição de banco de horas.

 

Além dos ataques de Bolsonaro, existem os ataques do Congresso Nacional, dos governadores tucanos, como Doria e os do MDB, dos prefeitos do DEM, como Eduardo Paes, que precisam ser enfrentados com mobilização efetiva no dia 2, nas ruas e com paralisações.

 

Bolsonaro mente para a população

 

O discurso proferido por Bolsonaro na abertura da assembleia geral da ONU foi recheado por uma série de mentiras. Bolsonaro apresentou um país da sua realidade, do seu entorno de ricos e privilegiados. Mentiu sobre a situação econômica e ambiental do país e o sobre o seu papel genocida na pandemia. Aliás, reafirmou a política de morte aplicada diante da crise sanitária, defendendo o tratamento precoce e secundarizando as quase 600 mil mortes. A corrupção foi outro tema no qual Bolsonaro usou da mentira, afirmando que não há casos de corrupção no seu governo. Uma Fake News que esconde a corrupção no Ministério da Saúde, já apontada pela CPI da Covid no Senado, que revelou uma quadrilha de criminosos atuando na pasta que cobrava propina na compra de vacinas e outros contratos no âmbito do Ministério. Um esquema que envolve ex-ministros, secretários e o alto escalão do governo, tudo com o conhecimento de Bolsonaro, que prevaricou por saber da corrupção e não fazer nada. É por conta dessa situação que o governo perde apoio na população, mais da metade não acredita em nada do que ele fala e 57% defendem o seu Impeachment.

Esse é o país governado por Bolsonaro e Paulo Guedes. O Brasil da extrema direita que está matando a população de fome e vírus, arrochando salários, roubando o dinheiro da vacina e vendendo as estatais.

 

A construção dos atos dia 02 de outubro e o papel das centrais sindicais e da oposição

 

Diante da crise do país e do governo, é necessário transformar o descontentamento da população contra Bolsonaro em mobilização. O próximo dia 2/10 é uma oportunidade que deveria ser construída com toda força pelos partidos da oposição e pelas maiores centrais sindicais, como CUT e CTB. Infelizmente não é o que vem acontecendo. Já vimos isso nas mobilizações do Grito Excluídos, no 7 de setembro, nas lutas contra a Reforma Administrativa e a privatização dos Correios, onde pouco fizeram. Houve algumas mobilizações das centrais em Brasília na semana passada, contra a Reforma Administrativa, porém todas elas focadas em uma estratégia errada do surrado “trabalho parlamentar” que nunca dá certo no balcão de negócios que é o Congresso Nacional. Ou seja, longe do que é necessário para derrotar a Reforma Administrativa e a privatização dos Correios. Do mesmo modo, agora vemos o corpo mole na preparação para os atos do dia 2/10. A construção de uma greve geral está longe da estratégia das centrais, o que distancia a classe trabalhadora dos atos nacionais unificados. Uma política errada que ajuda na permanência de Bolsonaro no governo. Também expressa que o objetivo central desses setores é a institucionalidade burguesa e as eleições de 2022, construindo alianças amplas com a direita e não a ocupação permanente das ruas para derrubar Bolsonaro/Mourão e todo o seu pacote de ajuste fiscal, fome e arrocho.

 

Seguir nas ruas pelo Fora Bolsonaro/Mourão

 

Para mudar essa estratégia, defendemos seguir ocupando as ruas a partir da unidade de ação, transformando o mês de outubro em um mês de luta, junto com os servidores públicos e o seu calendário de mobilização contra a Reforma Administrativa, os trabalhadores dos Correios na batalha contra a privatização, os metalúrgicos do ABC em campanha salarial e os povos indígenas para derrotar o marco temporal. Realizar o próximo ato apenas no dia 15 de novembro é errado e serve apenas para esfriar as mobilizações contra o governo Bolsonaro. É preciso batalhar em cada sindicato, federação, confederação, diretório e centro acadêmico, exigindo que as direções majoritárias da CUT, CTB, UNE, MST e MTST construam mobilizações permanentes por meio de assembleias, greves, ocupações, paralisações, fechamento de vias, etc., rumo à construção de uma greve geral. Não podemos dar um dia de sossego ao genocida do Bolsonaro, aos governadores e aos patrões que atacam os direitos dos trabalhadores.

 

A articulação Povo na Nua deu um passo importante ao aprovar a continuidade dos atos e batalhar para que a direção da campanha Fora Bolsonaro aplique essa política. Achamos que CSP-Conlutas também pode ser parte dessa batalha de exigência às centrais, cumprindo um papel protagonista no movimento sindical na luta pela manutenção das mobilizações de rua.

 

Medidas urgentes contra a fome, o arrocho salarial e o desemprego

 

Enquanto a maioria do povo brasileiro sofre as consequências da crise e de uma política econômica voltada aos interesses do grande empresariado e dos banqueiros, meia dúzia de multimilionários se aproveitaram da pandemia para enriquecer ainda mais às custas da classe trabalhadora brasileira.

 

O aumento da fome, da miséria, do desemprego e do arrocho salarial é resultado direto das políticas de Guedes/Bolsonaro, dos governadores e do Congresso Nacional. Dinheiro, o país tem. Isso é demonstrado pelo aumento do número de bilionários brasileiros, que cresceu mais de 40% desde o início da pandemia. Precisamos inverter essa lógica. É necessário taxar as grandes fortunas, taxar os lucros das multinacionais e deixar de pagar a dívida pública, que favorece fundamentalmente os banqueiros. Assim, teremos o dinheiro que falta para geração de empregos, aumento de salários, combate à fome e promoção de grandes investimentos no SUS e na educação pública.

 

No campo, precisamos acabar com a nefasta herança do Brasil colonial que é o latifúndio. Ao aplicar uma reforma agrária radical e sob controle dos trabalhadores sem-terra, podemos de fato produzir alimentos para acabar com a fome que assola uma parcela cada vez maior dos brasileiros.

 

Por uma alternativa política da classe trabalhadora

 

Em conjunto com a luta para impor medidas de urgência contra a fome, desemprego e arrocho salarial, acreditamos que é necessário construir uma alternativa política para defender essas medidas. A partir da pré-candidatura de Glauber Braga à presidência, batalhamos para que o PSOL impulsione o chamado a uma frente de esquerda, ao lado de PSTU, UP e PCB. O mesmo fazemos na articulação Povo na Rua, que acaba de aprovar em sua última assembleia nacional a “independência de classe da esquerda e o classismo nos movimentos sociais”, afirmando que “rejeitamos as frentes amplas com os patrões” e propondo a construção de uma “alternativa política popular para o Brasil”, um ponto de apoio – em nossa opinião – para debater uma Frente de Esquerda e Socialista a partir da UP, PCB, PSTU e PSOL. Uma frente da esquerda que não compôs os governos de conciliação de classes do PT/MDB, que sirva para as lutas e para as eleições. A experiência como a FIT-U (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade, na Argentina) é um exemplo positivo de como se pode construir um polo de independência de classe por fora da velha direita e da falsa esquerda.

 

Venha construir a Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST)! Por um Brasil Socialista!

 

Nós, da CST, defendemos que é preciso tirar dos ricaços, bilionários, generais, políticos, juízes e de todos os parasitas que lucram e mantêm altos privilégios em cima da miséria do povo.

Nossa saída de fundo é construir um governo da classe trabalhadora e do povo, um governo operário e popular que rompa com as multinacionais imperialistas que nos saqueiam e com os patrões que só nos exploraram, impondo uma efetiva independência do país. Precisamos avançar rumo a um Brasil Socialista, pois o capitalismo só tem gerado mais miséria, desemprego e falta de perspectivas de futuro para nossa juventude.

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