Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) 

9 de setembro de 2021

Repudiamos a campanha de detenções arbitrárias da ditadura orteguista

A ditadura burguesa de Daniel Ortega e Rosario Murillo vem realizando uma campanha de detenções como preparação para a farsa eleitoral de novembro deste ano. Já somam-se cerca de 40 detenções arbitrárias nos últimos três meses. Um dos casos mais recentes foi a detenção, no sábado (04 de setembro), de Yader Parajón, em El Guasaule, fronteira com Honduras. Yader é irmão de Jimmy José Parajón, assassinado pelos capangas de Ortega na rebelião popular de 2018. A Associação Mães de Abril, que agrupa familiares de vítimas da repressão de 2018, denunciou que Yader foi mantido incomunicável e levado à delegacia de polícia do Distrito III de Manágua. Os representantes dos órgãos repressivos alegaram que ele estava “sob processo investigativo” e, na terça seguinte, foi apresentado em uma audiência judicial, onde foi condenado a 90 dias de detenção como parte de um processo judicial por, supostamente, comprometer “a independência, soberania e autodeterminação da Nicarágua”. Assim opera o esquema fascistoide de Ortega para encarcerar a oposição com montagens judiciais acobertadas por frases nacionalistas.

Na mesma terça (07), também teve início o julgamento de Medardo Mairena, Max Jerez, José Antonio Peraza e Freddy Navas López, acusados grosseiramente de “formar uma gangue para atentar contra a integridade nacional”. Desde seu início, em junho, a campanha de detenções tem levado para trás das grades os dirigentes opositores que anunciaram suas intenções de lançar candidaturas na eleições presidenciais, sendo sete no total. A ditadura orteguista mostra-se desesperada diante da certeza de que perderia qualquer eleição minimamente limpa.

Também foram detidos ex-dirigentes da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e históricos guerrilheiros antisomozistas, como Dora María Téllez e Hugo Torres. Além disso, Ortega está pedindo a detenção do escritor Sergio Ramirez, que foi seu vice-presidente e se encontra no exílio.

Nos últimos três meses, dezenas de ativistas e dirigentes políticos foram detidos arbitrariamente, valendo-se da ofensiva repressiva da Lei 1055, adotada em dezembro do ano passado, que coloca um impeditivo para que aqueles que “atentem contra a soberania nacional” possam concorrer a cargos públicos.

Tal como defendemos em nossa declaração de junho, quando começou a onda de detenções, consideramos que “é necessário construir uma ferramenta política do povo lutador e derrotar a ditadura nas ruas, através de um novo 1979, um 2018 vitorioso”. Nesse sentido, estamos pela imediata libertação de todas as pessoas presas por razões políticas e pela restituição dos direitos democráticos do heroico e rebelde povo nicaraguense.

Em especial, através da UIT-QI, chamamos a solidariedade internacional com o jovem Yader Parajón, arbitrariamente detido, exigindo que se pare toda a tentativa de aplicar a lei 1055 e lhe seja concedida a imediata liberdade.