Argentina: pelo direito democrático de defender a Palestina Livre. Repudiamos os ataques caluniosos contra o deputado Juan Carlos Giordano
Na sessão da Câmara de Deputados da Argentina, na última quarta-feira, 19 de maio de 2021, o deputado nacional do partido Izquierda Socialista, integrante da Frente de Esquerda – Unidade, Juan Carlos Giordano, manifestou o seu repúdio aos bombardeios genocidas do Estado de Israel sobre a Faixa de Gaza e levantou a sua voz para defender o povo palestino agredido. A partir disso, sucederam-se nas redes uma série de acusações contra Giordano, encabeçadas, em primeiro lugar, pelo Presidente do Sionismo na Argentina, taxando-o de “antissemita” e “nazista”. E lançaram uma campanha de assinaturas, caluniosa e antidemocrática, reivindicando que Giordano seja “expulso” da Câmara de Deputados.
Encabeçando a campanha, estão as organizações e personalidades locais próximas da Embaixada do Estado de Israel, à qual se somaram, também, ex-funcionários macristas, como o ex-Secretário de Direitos Humanos, Claudio Ayruj, e o ex-Ministro de Educação, Alejandro Finocchiaro. Também aparece como porta-voz da mesma o conhecido jornalista Eduardo Feinmann.
A acusação de que Giordano seria “antissemita” é absurda e falsa. Tanto a nossa organização nacional, Izquierda Socialista, como a corrente internacional à qual aderimos, a Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), temos uma longa e consequente trajetória de repúdio e combate a toda e qualquer expressão ou ataque racista, seja contra o povo judeu ou qualquer outro. Essa trajetória inclui, não somente o combate ao antissemitismo, mas também ao nazismo e ao neonazismo, assim como a denúncia permanente do horror do Holocausto. Na Argentina, temos militantes que desapareceram sob o genocídio da última ditadura militar, e sempre fomos parte das novas gerações que exigem a prisão para os genocidas. Mas, aqui, se trata de algo muito diferente, um engano que deve ser elucidado e repudiado.
Essa campanha contra Giordano vai contra todos aqueles que defendem a causa palestina e repudiam a política de ocupação e usurpação de suas terras que ocorre há 73 anos por parte do Estado de Israel. A campanha contra Giordano se baseia no falso e antigo argumento dos porta-vozes do Estado de Israel e de suas organizações como a DAIA, de acusar de “antissemita” ou “nazista” aqueles que criticam e denunciam, na Argentina e no mundo, suas políticas genocidas de limpeza étnica sobre as e os palestinos, de usurpação e colonização de terras ou de bombardeios criminosos sobre Gaza. Dessa maneira, se alguém critica o governo de Israel, estaria cometendo um crime de antissemitismo, ou se repudia a agressão e repressão criminosa do Estado de Israel contra o povo palestino, estaria sendo “antissemita”. Nada mais falso.
Assim, quem se atreva a questionar a genocida política anexionista que Israel está levando a cabo contra o povo palestino na Cisjordânia e em Gaza, seria antissemita, dado que Israel se declara um estado judeu, outorgando-se o direito de seguir anexando terras palestinas. Junto ao sofrido povo palestino, afirmamos: antissemitismo e antissionismo não são sinônimos. Combatemos o sionismo invasor e genocida.
Juan Carlos Giordano se pronunciou na Câmara de Deputados contra os bombardeios genocidas do Estado de Israel sobre Gaza, contra a ocupação das terras, em defesa do povo palestino e por uma Palestina Livre, com o direito de que ambos os povos (judeus e palestinos) possam viver em paz na região, sem perseguições étnicas ou religiosas de nenhum tipo.
Israel e seus porta-vozes consideram também como “antissemita” o apoio a qualquer iniciativa de reivindicação nacional e antirracista, como o movimento mundial de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que questione a política de apartheid do Estado de Israel.
Izquierda Socialista, consequente com tudo o que a FIT-Unidade (Frente de Esquerda) defende contra o genocida Estado de Israel e contra a perseguição ao povo palestino em todos esses anos, se somou, com declarações, marchas e atos, acompanhando o repúdio e o pedido de solidariedade que o povo palestino tem promovido. Nós também somos impulsionadores do Comitê Argentino de Solidariedade com o Povo da Palestina.
Convocamos personalidades, organizações de direitos humanos, sociais, sindicais, parlamentares e dirigentes políticos a pronunciarem-se contra essa campanha difamatória, pela não expulsão do deputado Giordano do Congresso Nacional e pelo direito democrático à liberdade de expressão para todos aqueles que defendem a causa do povo palestino.
Izquierda Socialista, seção da UIT-QI na Argentina
21 de maio de 2021