As medidas de Helder e da prefeitura de Belem são insuficientes! É necessário decretar lockdown para salvar vidas.
O Pará ultrapassou a marca dos 9 mil mortos por Covid19 ( sendo mais de 2 mil em 2021) e seguimos e tendência de aumento das contaminações com pico previsto para 24 de março, segundo estudo da UFRA. As medidas anunciadas no dia 02 de março se comprovaram insuficientes e o Ministério Público do Estado recomendou à prefeitura e ao governo no dia 05/03 que decretasse lockdown na capital.
Entretanto, Helder Barbalho e as prefeituras da RMB optaram mais uma vez por não decretar o fechamento completo, apresentando apenas acréscimos ao Decreto anterior, com medidas mais uma vez limitadas: academias serão fechadas, o toque de recolher será ampliado em uma hora e haverá restrição no horário de funcionamento de shoppings (de 11h ás 19h )e comércio de rua de (10h às 17h.)
A prefeitura de Belém, que declarou estado de calamidade pública na semana passada, novamente avalizou as medidas do governador. Edmilson declarou que poderia ter havido medidas mais radicais baseadas nos dados apresentados pela UFRA, mas que tinham preferido “avaliar semana a semana.”
O governador justificou a ausência lockdown com o argumento de não corremos risco de colapso na rede de saúde. Pelo dados e relatos que chegam e pela dinâmica nacional é difícil acreditar que realmente não corremos esse risco: vimos em Belém o colapso no atendimento da UPA do bairro Sacramenta onde uma mulher morreu aguardando vaga na UTI.
Porém, mesmo que isso seja verdade, a finalidade e necessidade de um lockdown não é somente para evitar que pessoas morram fila do hospital mas impedir ao máximo que as pessoas se contaminem e assim não precisem chegar a essa fila. Não dá pra ficar esperando o pior cenário se concretizar para poder agir sendo que o cenário atual já é desesperador.
Quando Helder diz que o “sistema dá conta” ele está dizendo que hospitais “dão conta” de receber todos que precisarem de internação – o que já é duvidoso – e de administrar o caos. Mas não diz que a taxa de mortalidade entre os pacientes com covid-19 que precisam de UTI no país é altíssima (35%) chegando a 63% entre os que precisam de intubação. Isso sem contar as sequelas a longo prazo mesmo em quem manifestou sintomas leves e ainda não sabemos o quanto a nova variante (P1) alterará esses dados uma vez que tem demonstrado ser muito mais agressiva.
Para salvar vidas é preciso enfrentar interesses
O grande problema da tática adotada pelo governo e prefeituras é que elas visam medidas que não desagradem nem enfrentem os setores empresariais e as igrejas. Assim mantém funcionando as escolas particulares, templos religiosos, shoppings e apostam em reuniões com os empresários do transporte público para negociar como diminuir a lotação dos coletivos.
Edmilson disse que as medidas tinham todo o respaldo técnico mas qual a justificativa para manter igrejas funcionando? Qual o parâmetro para estabelecer 50% da lotação dos shopping? por que manter escolas funcionando quando os especialistas têm sido enfáticos em recomendar o fechamento?
No tema do transporte Helder respondeu que teriam maia uma reunião com os empresários e Edmilson se limitou a dizer que “é impossível fiscalizar todo a frota” e apelou à “consciência” dos empresários. Enquanto isso o problema dos onibus lotados continua e os empresários do transporte tentam se aproveitar do momento para atacar a gratuidades de Idosos e a meia passagem de estudantes no momento da pandemia.
Hélder também vai manter a realização de concursos públicos e do campeonato paraense de futebol quando sabemos que nos dias de jogos aumentam as aglomerações e festas clandestinas.
Frente à insuficiência dessas medidas reforçamos a necessidade de um lockdown estadual de 21 dias com suspensão de todos os serviços não-essenciais, plano emergencial para o transporte público, inclusão dos trabalhadores rodoviários no grupo prioritário de vacinação, suspensão das tarifas de energia elétrica e garantia de renda a população. Junto a isso, lutar pela ampliação da vacinação. Esse é o rumo que precisa tomar a prefeitura do PSOL se ancorando nas organizações sindicais, estudantis e populares e rompendo com a linha conciliadora que tem sido adotada até então.
A prefeitura pode e deve romper com a linha adotada pelo governo estadual e lançar decreto próprio . Em Araraquara, cidade que adotou o lockdown desde 21 de fevereiro, as notícias dão conta de que houve redução de 37% na média móvel de casos confirmados de covid19.