PSOL deve lançar candidatura própria pra Câmara dos Deputados
Está aberto um debate no PSOL sobre qual a posição do partido frente à eleição da Câmara dos Deputados.
Bolsonaro vem buscando aumentar seu peso político no Congresso Nacional e articula junto a seus aliados a candidatura de Artur Lira (PP-AL). Uma candidatura que representa seu governo de extrema-direita, de ataques aos direitos da classe trabalhadora, do aumento da miséria, da inflação dos insumos básicos, do negacionismo perante a maior pandemia de nossa época que já tirou a vida de quase 200 mil brasileiros.
Do outro lado do campo da burguesia, após saírem fortalecidos do processo eleitoral, está o bloco chefiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ele se somaram partidos como o PSL, o PT e PCdoB. Esse bloco representa também as medidas de ataques contra o povo trabalhador. A posição de se unir a Rodrigo Maia e seu bloco ganhou uma surpreendente força nos parlamentares do PSOL nos últimos dias, e está sendo criticada por grande parte da militância do partido.
Rodrigo Maia e Bolsonaro estão juntos contra a classe trabalhadora e o povo pobre do país
Maia vêm junto com Bolsonaro encabeçando a política econômica que aumenta diariamente a miséria no país. Não é preciso ir longe para lembrar que foi o atual presidente da Câmara dos Deputados quem encabeçou a articulação da aprovação da Reforma da Previdência, que retirou o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros. Rodrigo Maia também se destacou no cenário nacional após engavetar mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro.
Fortalecer nesse momento o bloco de Rodrigo Maia é ajudar o ajuste fiscal da burguesia contra a classe trabalhadora e a própria manutenção de Bolsonaro no seu cargo.
Maia encabeça um “Bloco Democrático”?
A companheira Fernanda Melchionna, deputada pelo PSOL Gaúcho e uma das principais porta-vozes do MES (Movimento Esquerda Socialista – Tendência Interna do PSOL), se manifestou na defesa de compor o bloco de Maia. Seu principal argumento é que se trata de um bloco “democrático” contra Bolsonaro. Uma posição completamente equivocada, que pode se transformar em um erro político estratégico, favorecendo objetivamente o bloco burguês que se articula para encabeçar os ataques contra o povo trabalhador.
Nós da CST somos categóricos ao afirmar que Maia não encabeça uma luta democrática contra Bolsonaro que nem tentam transparecer os parlamentares do MES do Rio Grande do Sul. O Bloco de Maia tem até o PSL, partido que não apenas elegeu Bolsonaro, mas também segue sendo um reduto de deputados de extrema-direita e adoradores da ditadura. No Bloco de Maia está também o Cidadania, partido do deputado estadual Fernando Cury, que na Assembleia Legislativa de São Paulo assediou sexualmente a deputada Isa Penna do PSOL.
Defender os direitos da classe trabalhadora no parlamento e nas ruas: Por uma candidatura própria do PSOL
A luta democrática contra Bolsonaro hoje não está separada da luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Ou seja, a luta democrática contra Bolsonaro está diretamente vinculada à luta contra a política de Rodrigo Maia e dos corruptos do Congresso Nacional. É papel do PSOL e da esquerda é denunciar de conjunto esse parlamento que vem arrebentando direitos trabalhistas e articulando a Reforma Administrativa que vai destruir os serviços públicos para a população mais pobre. Esse parlamento que sustentou Bolsonaro no cargo de presidente da República até agora, mesmo com o negacionismo genocida do presidente frente à pandemia.
Concordamos com o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que se posicionou contra o apoio ao candidato de Maia: “Quem diz que nossa decisão de candidatura da esquerda ajuda o governo ou desconhece as regras ou o faz por malícia para forçar o apoio à Rodrigo Maia no 1º turno” disse Braga em suas redes sociais.
Acreditamos que a candidatura do PSOL deve levantar um programa de medidas dialogando com a população trabalhadora do país. Isso passa por engavetar a proposta de Reforma Administrativa, pela anulação da Reforma da Previdência, pela diminuição do salário absurdo dos deputados, vinculando seus ganhos ao salário mínimo. Denunciar esses privilégios que Maia sempre defendeu e foi porta-voz é o verdadeiro papel de nosso partido nessa eleição da Câmara. A candidatura do PSOL deve defender também a taxação das grandes fortunas e a suspensão do pagamento da dívida pública, revertendo esses bilhões em investimentos na saúde, na produção de vacinas, na educação, em moradia e emprego. Precisamos também denunciar a política de privatizações de Guedes, Bolsonaro e Maia defendendo em campanha os Correios e a Eletrobras, que são alvos do governo e do Congresso Nacional. Levantar também as pautas feministas e antirracistas que marcaram o perfil do partido nas últimas eleições. Um programa que levemos aos movimentos sociais e aos sindicatos e que aponte para a mobilização nas ruas como a saída pra derrotar Bolsonaro. Derrotar o presidente negacionista não passa por se aliar a Maia e o PSL nessa eleição pra Camara dos Deputados. Passa por se aliar à classe trabalhadora e o povo pobre e apontar quais são as medidas para enfrentar Bolsonaro, Maia e a elite econômica e política do país.
Ainda há tempo de rever essa politica, que caso se confirme, seria um erro brutal.
Pois nossa classe não tem nada a ganhar com esse bloco que se auto intitula “democrático” e servirá para comandar um brutal ajuste fiscal.
O PSOL que nas eleições municipais saiu fortalecido com a campanha do Boulos em São Paulo e com a eleição do Edmilson Rodrigues Prefeito de Belém tem que impulsionar uma forte oposição no parlamento e nas ruas contra Bolsonaro, Guedes e Maia e o ajuste economico, e com certeza uma candidatura própria para a presidencia da Câmara ajudaria a fortalecer uma verdadeira oposição.