Venezuela | O governo é responsável pela catástrofe social
Por Partido Socialismo e Liberdade (PSL) da Venezuela
O descontentamento e o rechaço ao governo se estendem a todos os setores. Isso se expressou no voto castigo nas eleições para Assembleia Nacional em 6 de dezembro. Maduro se mostra incapaz de tomar medidas que possam reverter a acelerada deterioração das condições de vida da maioria da população.
O governo coloca em evidência seu falso discurso socialista, chamando o setor mais opositor da burguesia, encabeçada por Cisneros, Vollmer e a Associação Bancária, para que o ajudem a sair do atoleiro no qual se encontra.
Falam de “guerra econômica”, mas eles que iniciaram a guerra contra o povo, esbanjando e roubando milhões de dólares na época dos altos preços do petróleo, e agora se negam a pagar cesta-ticket (subsídio de alimentação) aos aposentados. Somente favoreceram a corrupção e os negócios da boliburguesia, transnacionais e empresários amigos. Enquanto isso, os trabalhadores seguem com salários miseráveis.
Novas ameaças às liberdades democráticas
Não só o governo nos levou a esta catástrofe econômica e social, mas também tem sido um governo repressor, como ficou nítido nos protestos de 2014. Profundamente antidemocrático contra os trabalhadores e o povo. Reprimindo greves e inúmeras manifestações, perseguindo e despedindo trabalhadores, intervindo em eleições sindicais como na Sidor. Este governo é responsável, junto com latifundiários, pela morte de Sabino Romero. Prendeu trabalhadores simplesmente por lutarem, como os da Sidor ou os de Civetchi, e, além disso, deixou correr solto o “sicariato” (bandidos pagos pelos empresários para enfrentar as ações dos trabalhadores e inclusive para assassinar lideranças das mobilizações) como no caso de centenas de trabalhadores da construção, e de nossos camaradas dirigentes sindicais de Araguaia.
O governo burla suas próprias leis e Constituição burguesa, e passa por cima da vontade popular, utilizando o Tribunal Superior de Justiça para aprovar o nefasto decreto de Emergência Econômica, com o qual pretende ter total liberdade para seguir aprofundando o ajuste contra o povo trabalhador.
Finalizando o período da anterior Assembleia Nacional, se dedicaram arbitrária e ilegitimamente a designar magistrados no TSJ, ao melhor estilo de David Morales Bello, e seus “tribus” judiciais do “puntofijismo”.(a direita tradicional faz um pacto em 1958 entre a democracia cristã e a socialdemocracia, -AD e COPEI- chamado de acordo de Punto Fijo pela cidade onde foi assinado).
Agora utiliza o TSJ contra o parlamento eleito por milhões de pessoas. Ainda que não depositemos nenhuma confiança em um parlamento burguês, nem muito menos nos partidos da MUD, hoje majoritários na Assembleia, isso evidencia o caráter antidemocrático e autoritário do governo, sem se importar em passar por cima da vontade popular. Todas estas medidas não fazem outra coisa do que abrir espaço para um eventual maior autoritarismo, com o apoio dos militares e corpos repressivos.
Rechaçamos estas ações do governo, e exigimos que não sejam utilizadas contra o povo trabalhador mobilizado. Exigimos liberdade de manifestação, pleno direito de greve, readmissão de todos os demitidos por lutar ou expressar suas opiniões políticas, em particular do nosso camarada Bladimir Carvajal, que se realizem as eleições em Sutiss e na Futpv, como nos demais sindicatos onde estão pendentes, ou as que o CNE ainda não reconheceu.
O governo é o responsável pelo desastre que vive o povo trabalhador
Não há dúvidas, e maioria do povo trabalhador também entende assim, que o principal responsável por esta situação desesperadora é o governo encabeçado por Nicolás Maduro. Um governo que respalda demissões e permite aumentos incontroláveis dos preços de produtos de primeira necessidade não pode continuar.
Um governo que permite a especulação e é cúmplice do roubo de funcionários corruptos. Que se nega a pagar a cesta-ticket e o auxílio-médico aos aposentados e pensionistas, que faz com que os trabalhadores que ganham um salário mínimo paguem impostos, deixa claro que já se esgotou e não deve continuar.
O falso socialismo de Chávez e Maduro levou o país à beira do abismo. Enquanto isso, beneficiou os banqueiros, importadores, transnacionais petroleiras, das comunicações, e enriqueceu os empresários e funcionários corruptos que roubaram mais de 70 bilhões de dólares, os quais o povo chamou em sua sabedoria: “boliburguesia”.
Por uma saída operária e popular frente à crise social e política
Neste contexto de crise generalizada é necessária e urgente a mobilização massiva e unitária do povo por salários dignos, abastecimento de alimentos e medicamentos.
Nem o governo, nem a Assembleia Nacional vão resolver os problemas. A partir disso, que o Partido Socialismo e Liberdade chama a Unete, (uma das centrais sindicais) dirigida por Marcela Máspero, os sindicatos de professores, os sindicatos do setor de energia, Sunepinparques, os universitários, os trabalhadores demitidos de Petrocasa e inumeráveis empresas em Carabobo e outros estados, os das empresas de produção de conservas de peixe em Sucre, os sindicatos das empresas básicas, e a todos setores operários e populares em luta, a construir uma alternativa dos trabalhadores, da juventude e das comunidades, para levantar nossa voz autônoma, apresentar ao país um Plano econômico e social de emergência Operário e Popular, para enfrentar a grave crise que vivemos, e para que não sejamos nós, os assalariados e pobres do campo e da cidade, que paguemos a crise criada pelo governo, os patrões e as transnacionais.
Nesse marco, o PSL propõe aos sindicatos, conselhos comunais e ativistas juvenis, convocar um Encontro Nacional Sindical e Popular que discuta esse Plano econômico e social de emergência, que parta de exigir aumento geral salários e que o salário mínimo seja igual ao valor da cesta básica, que se pague cesta-ticket aos aposentados, readmissão de todos os trabalhadores demitidos injustificadamente, que se liberte os trabalhadores presos (Rodney Alvarez. Yadira Naranjo, Susana Rodríguez e Daniel Camejo); que não se pague a dívida externa, que a Pdvsa seja 100% estatal, sem empresas mistas nem transnacionais, e que impulsione um plano de mobilização contra o ajuste que pretende jogar nas costas dos trabalhadores e do povo a conta da crise.
Visto que a MUD, a partir da Assembleia Nacional, também não está propondo nada no sentido de resolver estes problemas, não acreditamos que um governo da MUD tenha disposição e capacidade de resolvê-los. É necessária uma saída operária e popular frente à crise, impor nossa agenda através da mobilização, na perspectiva da construção de um governo dos trabalhadores, das comunidades organizadas, dos camponeses, indígenas e demais setores oprimidos.
15 de fevereiro de 2016, Venezuela