Plenária Nacional de Luta contra o Ensino Remoto aprova dia de lutas para 14 de setembro

 Caio Sepúlveda – Estudante da UFF – Coordenação da Juventude Vamos à Luta

  Lucas Schlabendorff – Estudante da UFSM – Direção do DAQUIPALM UFSM


No dia 25 de agosto ocorreu, de forma virtual, a Plenária Nacional de Luta contra o Ensino Remoto, convocada por CAs, DAs, coletivos estudantis e movimentos locais de combate ao ERE, que contou com a participação de mais de 240 estudantes de diversas universidades de todas as regiões do país. Foi um espaço muito importante para organizar a luta em defesa da educação pública, em um momento em que estamos sendo brutalmente atacados pelo governo Bolsonaro e as direções das principais entidades estudantis, como a UNE e a UBES, passivamente assistem ao governo “passar a boiada” por cima dos direitos sociais e das nossas condições de vida.

Buscando construir uma alternativa à essa linha conciliadora da direção majoritária da UNE, ativistas combativos/as de todo o país  construíram essa plenária nacional, que contou com muito debate e aprovou um importante Manifesto  que aponta para a necessidade de repudiar o ensino remoto e unificar as lutas contra o projeto ultraliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes. Estes buscam desmontar as universidades públicas com os cortes de verbas (já anunciaram corte de 18% para 2021) e abrir caminho para suas privatizações, com a implementação do ERE e de projetos como o Future-se. Entre as resoluções aprovadas na plenária, uma das mais importantes é o dia 14 de setembro como um Dia Nacional de Lutas, com atos de rua.

A aprovação de uma jornada nacional de lutas no dia 14/09 é fundamental. Já estão ocorrendo ações em diversas universidades, mas que carecem de uma perspectiva nacionalizada e unificada. O dia 14/09 é a data em que se iniciarão as aulas virtuais em universidades como a UFF, onde o movimento estudantil já aprovou ações contra o ERE para este dia. Com o apontamento nacional a partir da plenária, temos a tarefa de batalhar em nossas universidades e cursos para construir esse calendário na base, realizando assembleias, plenárias e exigindo da UNE, DCEs e demais entidades que construam a data, chamando os e as estudantes para entrarem em cena e cumprirem novamente o papel de ser a linha de frente contra Bolsonaro, assim como fizemos no “Tsunami da Educação” em 2019. Neste sentido, o dia 14 não deve ser uma ação isolada, e precisa ter continuidade.

A Plenária Nacional de Luta contra o Ensino Remoto foi uma demonstração de que, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o movimento estudantil brasileiro segue vivo e disposto a lutar. O que faz falta mesmo é uma direção combativa que mobilize os estudantes contra os governos. A política fracassada da direção majoritária da UNE fica escancarada quando vemos que, ao invés de construir espaços de mobilização como foi essa plenária, a entidade tem se utilizado da pandemia para bloquear os já escassos espaços de base e blocar com a política das reitorias.

Por isso, contra a política desastrosa da majoritária, nós do Vamos à Luta (CST e independentes) defendemos a necessidade de reafirmar um polo de Oposição de Esquerda que aglutine os lutadores e lutadoras, que se postule como alternativa de direção para o movimento estudantil e que aponte a necessidade da luta unificada entre todo o movimento estudantil, exigindo que a UNE, UBES, UEEs, ANPG e DCEs mobilizem de fato suas bases, e denunciando as direções que pactuam com os governos e as reitorias contra os estudantes.

Essa articulação poderia ser ainda maior se coletivos que compõem a Oposição de Esquerda (Juntos, Correnteza, Afronte, RUA) não insistissem na política recuada de apenas negociar inclusão digital.  A realidade tem demonstrado a farsa dessa expectativa. As reitorias prometeram tablets, computadores e auxílios, mas o que o governo Bolsonaro vai entregar é um corte bilionário que pode inviabilizar o funcionamento das universidades. Esses coletivos não formulam que se trata de uma medida que contribui para o avanço dos planos nefastos do governo Bolsonaro de destruição das universidades públicas.

A posição dos companheiros e companheiras não nos ajuda nesta tarefa e acaba reforçando a burocracia estudantil do PT e do PCdoB. Suas organizações estão à frente de gestões de DCEs, DAs e CAs que poderiam estar a serviço das lutas, como essa iniciativa concreta que surgiu a partir da Plenária Nacional contra o ER, e assim contribuir muito na batalha para construir uma nova direção combativa para o movimento estudantil. Deveriam retomar uma longa tradição da verdadeira oposição à majoritária da UNE, tocando as lutas que eles não tocaram contra os governos do PSDB e do PT. Foi assim na greve estudantil de 1998, na luta contra a reforma universitária e ocupações de reitoria em 2007 e mesmo no Comando Nacional de Greve Estudantil de 2012. Se a direção majoritária da UNE não faz, a oposição deve fazer!

 

BOX: Por uma plenária nacional de CAs e DAs! Que a base decida!

Durante a plenária contra o Ensino Remoto surgiram alguns debates sobre a política de exigir que a direção majoritária da UNE convoque novas plenárias nacionais e estaduais, que reúnam entidades de base (CAs e DAs) e entidades gerais (executivas de curso, DCEs e UEEs) para debater um plano de lutas que dê continuidade à mobilização pelo Fora Bolsonaro e Mourão, contra o Ensino Remoto, por Assistência e Permanência estudantil, pela redução das mensalidades nas universidades privadas e contra o retorno das atividades presenciais enquanto não for seguro, unificando com as trabalhadoras e estudantes do ensino básico que também sofrem com o ER, a precarização e a ameaça de retorno presencial sem segurança.

Nós defendemos que a base tem que decidir os rumos do movimento! E a direção majoritária da UNE tem que acatar as decisões. Na UFPA, foi convocado um Conselho de Entidades de Base (CEB) e a UJS, que está à frente do DCE, tentou desmontar, mas os CAs e DAs não permitiram. Esse CEB votou um posicionamento contrário ao ER. Uma derrota tremenda da política da majoritária, imposta pela base.

Não temos nenhuma confiança na direção da entidade, que tem na verdade uma política de aplicar o ER. Porém, é um fato que a entidade agrupa a amplíssima maioria do movimento estudantil e os grupos que estão à frente da UNE dirigem centenas de entidades estudantis. Denunciamos o papel da direção da entidade exigindo que a base decida! E por isso devemos exigir que a UNE convoque seus fóruns de base concretos: o Conselho de Entidades de Base e o Conselho de Entidades Gerais ou as plenárias de DCEs das universidades públicas e pagas.

Não se trata, portanto, de um pedido de “aval” à direção da UNE, e sim de uma exigência de que cumpram a sua obrigação de ouvir e respeitar as entidades de base e os estudantes.

Nós da juventude Vamos à Luta, estamos desde abril falando da necessidade de construir plenárias nacionais contra o ERE, para impulsionar a luta que a direção da entidade se nega a tocar. Nossa militância ajudou a impulsionar a importante plenária nacional que ocorreu no dia 25/08 e propomos o calendário nacional do dia 14 de setembro para mobilizar os estudantes.

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