PERU | Plano econômico alternativo já!
Por: Uníos, seção da UIT-QI no Peru. Traduzido por: Lucas Schlabendorff
Para enfrentar o coronavírus e sair da crise
A crise do coronavírus continua avançando pelo mundo, já são mais de 5 milhões de pessoas infectadas no mundo, os governos e empresários procuram descarregar a crise sobre os ombros dos trabalhadores que vivem e suportam condições de vida precárias.
O Peru é o segundo país com o maior número de contágios no continente, depois do Brasil. Apesar do governo Vizcarra ter imposto uma quarentena rigorosa em 16 de março, nosso país tem cerca de 200 mil pessoas infectadas e mais de 5 mil mortos, o que mostra que a informalidade, a precariedade e a pobreza forçam milhões de pessoas a não cumprir a quarentena, pois elas precisam sair para trabalhar para alimentar suas famílias e se expor ao contágio.
O governo prorrogou o estado de emergência sanitária até 7 de setembro sem tomar nenhuma medida para resolver os problemas sociais urgentes, insistindo em salvar os lucros capitalistas antes das vidas de milhares de peruanos. Mantém um modelo a serviço dos ricos e de suas corporações multinacionais, abandonando os 72% da população são explorados pela classe empresarial, e muitos são empurrados a viver na informalidade, dos quais 20% vivem na pobreza absoluta.
Como sair da crise?
Nós do Uníos na Frente Ampla estamos defendendo um plano econômico alternativo que parta da imposição de um imposto sobre grandes fortunas, isso nos permitirá arrecadar os recursos necessários para que milhares de pessoas vulneráveis possam ter acesso a um auxílio econômico. O Estado deve assegurar que o auxílio chegue efetivamente às famílias mais pobres, que devido à quarentena não podem gerar seus recursos cotidianamente como costumavam fazer, esse valor não pode ser inferior ao salário mínimo e deve durar enquanto for necessário para viabilizar o isolamento social obrigatório.
Enquanto o governo amplia a quarentena, autoriza parcialmente algumas atividades econômicas; por exemplo, 40 projetos de mineração, 100% de pesca e 200 projetos imobiliários, mas também injeta recursos nesse setor, aumentando para 60 bilhões de sóis os fundos destinados às grandes empresas através do Plano de Reativação do Peru. Enquanto isso acontece, o sistema de saúde nas regiões está em colapso. Diante dessa situação, o governo promete expandir para 20 mil leitos para pacientes Covid-19 e 2 mil leitos de UTI. Durante 29 anos de neoliberalismo, os governos têm se caracterizado por aumentar a cobertura dos serviços de saúde sem, ao mesmo tempo, aumentar o orçamento para tornar efetivas suas promessas. Em tempos de pandemia, o hábito do governo de se comprometer sem destinação de recursos não mudou. Exigimos o fim dos cortes no orçamento para o setor de saúde. Ao invés disso, propomos um aumento do orçamento para o setor de saúde de não menos que 8% do PIB. Da mesma forma, é necessário unificar todo o sistema de saúde sob a gestão estatal e cortar definitivamente os lucros desumanos das clínicas e laboratórios privados em meio à crise sanitária. É hora de o Estado priorizar a saúde das pessoas e não os negócios inescrupulosos.
Por um plano de luta para derrotar o governo e a CONFIEP
O acordo de Vizcarra com a CONFIEP para a “suspensão perfeita do trabalho” causa mais desemprego, mais pobreza e mais crise social. Somente na região metropolitana de Lima, 1,2 milhões de pessoas perderam seus empregos no trimestre fevereiro-abril, muitos deles informais. A situação desses peruanos é agravada pela crise sanitária e pela quarentena obrigatória que os impede de sair para gerar renda. Em Lima, a queda geral da renda foi de 4,2%, reduzindo ainda mais a renda média para o povo.
Para derrotar esse acordo, que é um ataque brutal ao povo trabalhador porque significa mais desemprego, devemos lutar para revogar o Decreto de Emergência nº 038-2020 que autoriza a suspensão perfeita do trabalho, que nessa ocasião é o instrumento para oprimir e explorar os trabalhadores. A partir do Congresso apresentamos um projeto de lei para proibir as demissões e a suspensão do trabalho, defendemos a distribuição das horas de trabalho necessárias para a produção de bens e serviços; isso nos permitirá reduzir as horas da jornada de trabalho sem a necessidade de reduzir os salários, além de poder incorporar os milhares de desempregados e trabalhadores informais.
Fazemos um chamado aos trabalhadores do Peru para que formem um movimento nacional para coordenar as ações de luta para enfrentar essas e outras medidas que colocam em risco o bem-estar de nossas famílias; da mesma forma, para trabalhar por um Plano Nacional dos Trabalhadores e dos Povos para derrotar o governo, a CONFIEP e seus aliados. Chamamos a CGTP e as centrais sindicais para romperem com a passividade e convocarem assembleias democráticas com as bases para construir um plano de luta que ponha em ação toda a força da classe trabalhadora. Esse plano deve envolver todos os trabalhadores; formais, informais, profissionais, não profissionais, homens, mulheres, jovens, aposentados e as comunidades originárias. A unidade do povo trabalhador será a sua vitória.