Nem Dilma/Temer, Nem Aécio! Construir um terceiro campo contra PT/PMDB e PSDB!
| Executivo Nacional da CST-PSOL
Após 13 anos de governos do PT, o Brasil se transformou no país do ajuste fiscal e da corrupção. Por isso Dilma é avaliada negativamente por 80% da população. Há uma ruptura política da base lulista, que hoje identifica o governo Dilma como o responsável pelos problemas do país e deseja o fim desse mandato. Compreendemos esse sentimento e também acreditamos que o Governo não tem moral para seguir governando. Por isso, defendemos que essa indignação se transforme em ações nas ruas, greves, diretamente contra Dilma. Defendemos organização e luta para acabar com esse governo do PT. Mas, nessa hora muitos ativistas perguntam: quais alternativas existem?
PT/PMDB, PSDB não nos representam!
Por um lado, o PT quer estabilizar a situação e manter a governabilidade conservadora até 2018 e lançar Lula utilizando o discurso demagógico de que "seria pior sem o PT e com os golpistas". Por outro, o PSDB quer voltar ao governo por meio de um impeachment e/ou novas eleições burguesas. Mentem e "denunciam tudo que está aí", mas querem manter a atual política econômica e os esquemas de corrupção, modificando apenas o executivo. O PMDB, que cabe nesses dois blocos, se prepara para um eventual governo provisório caso Dilma tenha que sair antes do tempo. Essas propostas são alternativas do próprio sistema para se reciclar, manter os negócios capitalistas. Propostas que não podemos aceitar pois PT/PMDB e PSDB estão juntos no ajuste e privatizações, no Lava-Jato e na repressão contra os professores no PR e os Garis do RJ. Um amplo setor começa a sentir isso. Não por acaso, a última pesquisa do Ibope indica o aumento da rejeição às principais lideranças da falsa democracia atual: tucanos como Aécio e Serra, pessoas como Marina da REDE e o próprio Lula. Ou seja, além de querer colocar Dilma para fora, não se aceita os velhos políticos de sempre. Há um sentimento de "Fora Todos", embora difuso. Algo que reforça a responsabilidade da esquerda e dos movimentos combativos. Pois o primeiro dever da esquerda é negar todas as alternativas burguesas e construir um caminho próprio, em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.
Contradições do MTST e da direção do PSOL
Na direção do PSOL (US) e do MTST não há confusão sobre o caráter reacionário do PMDB ou do PSDB. Porém, eles não definem o PT, Lula e o governo Dilma como inimigos. Então surge uma polêmica: se temos que construir uma alternativa classista e independente ou se devemos manter uma frente orgânica com os lulistas. Infelizmente, os companheiros do MTST utilizam seu peso para fortalecer um campo orgânico com os governistas. Um erro que levou Guilherme Boulos a parabenizar e defender Lula no aniversário do ex-presidente, da mesma forma que o fez Eduardo Paes (PMDB), prefeito do RJ.
Ao redor dessa questão há duas linhas entre os setores mais à esquerda que defendem um terceiro campo contra o PT e PSDB. A maior parte do bloco de esquerda do PSOL – forças como o MÊS e a INSURGENCIA – segue a direção do MTST e se atrelam aos governistas na Frente Povo Sem Medo. Uma Frente, que com mais ou menos críticas, legitima o governo Dilma como um mal menor, como se o PT fosse "progressivo". Uma posição semelhante à da US. Nós da CST estamos entre os que discordam dessa visão, por isso defendemos outra política.
A Frente Povo sem Medo não é um terceiro campo
No mês passado cerca de 30 entidades definiram construir a Frente Povo sem Medo. Dentre elas o MTST, a CUT, a CTB, UNE e movimentos ligados ao PCR e PSOL. O manifesto da Frente tem como eixo a "onda conservadora" e reivindica os atos governistas de 15/04, 25/06 e 20/08, mostrando que surgiu para disputar os rumos do governo Dilma, sem tratá-lo como inimigo a ser derrotado. Como se o governo do PT não fosse um governo burguês, neoliberal e a serviço do imperialismo. A Frente convocou um ato para 8/11 com o eixo no afastamento de Eduardo Cunha e críticas à política econômica de Joaquim Levy, sem denunciar Dilma e o PT pelo Ajuste e o acordão para salvar Cunha, e sem dizer nada contra a corrupção. Ou seja, com essa Frente é impossível construir um terceiro campo, contra PT/PMDB e PSDB. Na verdade a Frente é parte da estratégia de Lula, votada no último congresso do PT, para tentar reciclar sua própria imagem frente ao desgaste das principais figuras do campo governista.
Lula e os dirigentes burocráticos que controlam as direções da CUT, UNE, MST tem medo que surjam e/ou se fortaleçam alternativas políticas e sociais independentes, por fora de sua influência, e buscam impedi-las. É importante lembrar que os governistas tentam se colar na esquerda, pois também existem outras variantes burguesas se organizando para disputar espaço. É o caso da REDE, um partido de empresários, que posa de "progressista", mas que terminou com o PSDB no segundo turno de 2014.
No nosso entendimento os companheiros do MTST e as organizações de esquerda do PSOL deveriam impulsionar outro tipo de Frente, independente, classista e combativa, sem unidades orgânicas com os lulistas. Para isso, deveriam chamar os movimentos, partidos, sindicatos e organizações anti governistas a construírem um calendário comum para derrotar as medidas conservadoras do governo Dilma, tendo como eixo a construção de uma greve geral. Deveriam realizar algo semelhante – mais amplo e maior – ao ato do dia 18/09 (que reuniu 10 mil ativistas em SP em defesa de um terceiro campo) e à plenária do dia 19/09 (posterior ao referido ato com o mesmo eixo), em conjunto com a CSP-CONLUTAS, PSTU e PCB. Uma iniciativa que está nas mãos da esquerda e que devemos concretizar.
Que a CUT e CTB convoquem uma greve geral!
As direções da CUT e CTB dizem que estão contra o ajuste e agora se colam ao MTST e à esquerda do PSOL na Frente Povo Sem Medo. Eles falavam até maio que estavam construindo jornadas de paralisação "rumo à greve geral". Porém nunca fizeram nem boas paralisações e nem a tal greve geral. Ao contrário, os dias de luta foram suspensos. E o pior é que essas direções traíram as greves dos bancários e correios, atrasaram a greve petroleira e defenderam a redução dos salários metalúrgicos. Tudo pelos seus vínculos com o governo Dilma.
Nós exigimos que a CUT e a CTB concretizem aquilo que falam e convoquem uma efetiva greve geral, aproveitando a greve nacional petroleira e outras lutas. Propomos que o MTST, a INTERSINDICAL e a esquerda do PSOL encabecem essa proposta.
Construir um 3° campo nas lutas!
Por tudo que afirmamos até aqui, fica evidente que a nossa alternativa precisar ser construída. Em meio ao turbilhão que sacode o país e frente à falência das velhas direções é necessário construirmos um terceiro campo nas lutas em curso. Este é um debate estratégico, frente à falência das direções burocráticas, que já não controlam ferrenhamente o movimento de massas. Pois, direções, como a da CUT, rompeu a barreira de classe e hoje se mantêm como direções burocráticas e governistas, como parte da manutenção do podre regime político. Seus dirigentes mudaram de classe e hoje se converteram em novos milionários. Por isso é necessário construir uma nova direção sintonizada com a nova situação política aberta com as jornadas de junho de 2013 e com as greves anti-burocráticas como as dos garis do Rio de janeiro. Esse é o principal desafio da vanguarda classista, e se torna uma tarefa para ação frente à crise de direção que vivemos.
Lutar por um plano econômico alternativo: Medidas urgentes para combater o arrocho salarial, as demissões e a crise da saúde e educação pública!
Este terceiro campo tem que debater a necessidade de um plano econômico alternativo com medidas transicionais anticapitalistas, que inverta a lógica econômica e social, que resolva os problemas do país. Sendo o aspecto fundamental a dívida pública, que somente em 2015 vai consumir 47% do orçamento do país para pagar os juros e amortizações com o sistema financeiro. Ou seja, o ajuste fiscal tem um único objetivo, de fazer o "superávit primário" para seguir pagando aos banqueiros e grandes empresários. Por isso, um programa que responda à necessidade de classe tem que começar por suspender o pagamento da dívida pública e realizar uma auditoria. Essa é a principal medida para aumentar o investimento nas áreas sociais, como educação e saúde pública e gratuita, além de moradias populares e transporte estatal. Ao mesmo tempo garante recursos para resolver o desemprego, através de um plano de obras públicas e de concursos públicos (Ver matéria sobre a dívida na pág 10).
Junto com isso, defendemos aumento salarial para os trabalhadores e redução da jornada de trabalho sem redução do salário, a taxação das grandes fortunas e do sistema financeiro; a reestatização das empresas privatizadas, colocando-as sob o controle dos trabalhadores; fim dos leilões, por uma Petrobras 100% estatal e pública; estatização do sistema financeiro; anulação de todas as medidas aprovadas no corrupto Congresso Nacional contra os trabalhadores (PPE, MP’s 664 e 665, etc); abaixo o PL 2016/15 – lei antiterrorista que criminaliza os manifestantes; revogação da Ebserh, das OS’s e qualquer forma de privatização da saúde e educação públicas; revogação do PL 5069, por aborto legal, gratuito e seguro para que as mulheres não morram e em defesa de demais pautas feministas e LGBT’s. Defendemos ainda a convocação de uma assembléia nacional constituinte livre e soberana.
Num país rico como o nosso, há recursos suficientes para que o povo não viva na miséria, basta colocar a riqueza a serviço da maioria da população e não de um bando de milionários corruptos e parasitas!
Por um governo da Esquerda, dos Trabalhadores e do Povo, sem banqueiros e empreiteiros!
Um terceiro campo alternativo, que conflua com as diversas mobilizações, como a heroica greve dos SPF’s; as recentes greves de bancários e correios e a atual greve dos servidores públicos do DF e petroleiros, bem como as mobilizações pelo Fora Cunha em defesa das pautas feministas, passando pelas mobilizações dos secundaristas de São Paulo que vem enfrentando corajosamente a reforma do Alckmin que visa o fechamento de escolas. Neste processo, forjando uma nova direção e organismos independentes para lutar por um governo da esquerda, dos trabalhadores e do povo.
Neste sentido, o papel dos partidos de esquerda e entidades combativas é fundamental. O PSOL no Congresso Nacional tem sido o único partido consequente no enfrentamento ao Eduardo Cunha e na denúncia do acordão entre o governo e Cunha. Por outro lado, os companheiros da CSP-Conlutas que encabeçaram o ato do dia 18/09 (que reuniu 10 mil ativistas em São Paulo em defesa do terceiro campo) e a plenária do dia 19/09 (posterior ao ato), tem um importante peso no terreno sindical classista. Mas, é preciso corrigir erros dos companheiros do PSTU que estão à frente da CSP-CONLUTAS, pois ao não ter uma política de integrar demais setores e organizações políticas nos debates, teve como consequência a plenária do dia 19/09 que não armou o conjunto da vanguarda presente para dar continuidade ao ato do dia 18/09 e vincular o terceiro campo às greves que ocorreram desde então, desperdiçando assim a possibilidade de fortalecer um polo efetivo nessas greves, onde em geral os companheiros não tiveram uma boa atuação, como foi o caso dos SPF’s. E essa é a explicação para que os atos de outubro nos estados tenham sido bastante esvaziados.
Por uma reunião nacional do PSOL, da CSP-CONLUTAS e demais organizações políticas e sociais da esquerda!
Mesmo assim, o fato é que, no terreno político institucional, hoje, a maior expressão da esquerda é o PSOL, assim como no terreno sindical anti-governista é a CSP-Conlutas, por isso a responsabilidade dessas duas organizações é grande na construção de uma alternativa de classe. Por isso, o PSOL e a CSP-Conlutas devem encabeçar o chamado à construção de uma reunião nacional com PSTU, PCB, MTST, Intersindical, oposição de esquerda da UNE, ANEL, e demais movimentos e sindicatos independentes e combativos para debater a crise e uma saída classista para o país, alternativo ao bloco do poder, do PT, PCdoB, PMDB e PSDB, organizando uma agenda efetiva de lutas. Esta é a batalha que chamamos a encampar às correntes da esquerda do PSOL.