Basta de bombardeios! Fora a intervenção imperialista! Armas para o povo rebelde líbio derrotar Kaddafi!
Declaração da UIT – CI | www.uit-ci.org
¡Basta de bombardeios! ¡Fora a intervenção imperialista! ¡Armas para o povo rebelde líbio para derrotar Kaddafi!
O ataque militar dos EUA, Grão Bretanha, França e outros países imperialistas com a autorização do Conselho de Segurança da ONU, não é para salvar o povo líbio da ditadura de Kaddafi, mas para tentar uma “solução” favorável ao imperialismo na crise da Líbia.
A resolução aprovada é suficientemente vaga e ampla -“zona de exclusão aérea e proteger por qualquer médio os civis” – como para permitir a liberdade de manobra dos atacantes, que, reiteramos, não vão para defender o povo líbio como afirmam, mas a intervir para frear o processo revolucionário líbio, frear todo o processo revolucionário no mundo árabe e preservas seus interesses petroleiros.
EUA, Inglaterra e França que estão massacrando o povo afegão e paquistanês, não são nenhuma garantia de “defender os civis líbios”, como afirmam. Seus regimes aliados árabes como Iêmen e Bahrein estão massacrando manifestantes desarmados, e no caso de Bahrein com ajuda do exército da Arábia Saudita, sem que os Estados Unidos (que fornece enorme ajuda militar ao Iêmen e tem uma base militar no Bahrein) faça nada para defender os civis.
A intervenção imperialista procura liquidar a rebelião popular líbia
Ainda que compreendemos a confusão e expectativa de setores populares árabes e especialmente dos próprios resistentes líbios, denunciamos esta intervenção e exigimos a retirada imediata dos imperialistas da Líbia. Porque consideramos que sua atuação é um perigo para o próprio povo rebelde que pode ser despojado da possibilidade de um triunfo democrático revolucionário que possibilite que resolva livremente seu futuro.
Nos Bálcãs na década de 90, se demonstrou claramente que a intervenção da OTAN e dos EUA serviu para impor suas bases militares e seu domínio. Só após a revolução ter derrubado o regime de Bem Alí na Tunísia, o de Mubarak no Egito e começou a insurreição popular contra Kaddafi, a mídia e os governos imperialistas começaram a criticá-lo porque já não lhes é útil. No entanto, permitiram que as multinacionais petroleiras continuassem a comprar e pagar petróleo a Kaddafi até uma semana atrás, ou seja, fornecendo dinheiro ao governo líbio. Também, possibilitaram nos fatos, sem denunciar, que as ditaduras da Argélia, subordinada ao imperialismo francês, e Marrocos, subordinada ao imperialismo espanhol, e também a Síria enviaram armas e mercenários a Líbia. Isto aconteceu sim que a ONU, que proibiu o envio de armas a Líbia, não abrisse a boca. A proibição de armas na prática afetou somente aos rebeldes, não a Kaddafi.
Desta forma puderam justificar sua intervenção militar frente aos povos árabes e frente aos povos da Europa e Estados Unidos, com a chantagem: “Ou intervimos ou deixamos que Kaddafi os massacre”. Porém os rebeldes nunca receberam armas para poder se defender, nem sequer ajuda humanitária.
O imperialismo agora intervém para tentar controlar a situação, ainda que tenha que atropelar seu antigo aliado, Kaddafi, que há anos pactuou com o imperialismo, o FMI e as multinacionais petroleiras. A realidade é que o imperialismo procura acabar com a revolução anti-ditatorial líbia para impor um governo aliado e sob seu controle.
Os responsáveis da intervenção imperialistas são Kaddafi e os governos árabes
Nada sobrou do passado antiimperialista de Kaddafi. Ainda sob ataque imperialista, Kaddafi não está defendendo seu país, mas suas próprias riquezas e seu poder familiar e pessoal contra a insurreição popular e continua massacrando seu próprio povo. Frente ao ataque imperialista e ainda depois, Kaddafi afirmou que está combatendo contra “terroristas de Al Qaeda” (assim chama os rebeldes) e que Ocidente “deveria o apoiar”.
O principal responsável da agressão imperialista é o assassino Kaddafi que preferiu massacrar o levante popular contra sua ditadura, favorecendo os pretextos do imperialismo. Mas também são responsáveis os governos da Liga Árabe que não mexeram um dedo para apoiar os rebeldes de Benghazi e foram pedir a intervenção da ONU e da OTAN que agora, criticam. Como os governos de Castro ou Chávez que calaram frente os massacres de seu “amigo” Kaddafi a quem sempre apoiaram e defenderam uma saída negociada em momentos que os rebeldes estavam na ofensiva e vencendo. Também tem responsabilidade os escravocratas chineses e o governo Putin, os dois governos amigos de Chávez, que se abstiveram no Conselho de Segurança ao invés de votar contra a intervenção imperialista, da mesma forma que se absteve o governo do PT brasileiro.
O fato é que, com diferentes posições, os governos do mundo deixaram sozinho o heroico povo rebelde líbio e com isso favoreceram o acionar criminoso de Kaddafi e a intervenção imperialista.
A única forma de ter uma posição realmente antiimperialista na Líbia é estar do lado de povo rebelde, contra a intervenção imperialista e contra a ditadura de Kaddafi!
Armas para o povo rebelde líbio!
O povo rebelde líbio está batalhando heroicamente. Em que pese as forças de Kaddafi ter entrado nas cidades de Brega ou Misrata, e inclusive atacaram Benghazi graças a sua superioridade militar, não conseguiram consolidar seu domínio em nenhuma delas, que se mantêm em mãos dos rebeldes.
Mas, a diferença militar é muito grande. O povo líbio em rebelião precisa urgente de armas e combatentes voluntários, tanto para exigir a retirada imediata dos barcos e aviões do imperialismo como para enfrentar Kaddafi desde uma posição de forças mais favorável.
A batalha da Líbia é fundamental para todo o processo revolucionário dos países árabes. E esta ajuda pode vir hoje em primeiro lugar dos países árabes. É chave a mobilização dos povos árabes, em especial do Egito, para exigir aos seus governos que os rebeldes líbios sejam reconhecidos como força beligerante e enviem as armas que reclama e precisa o povo rebelde.
É urgente que o povo, os trabalhadores e a juventude do Egito, que acaba de derrotar Mubarak, exijam a seu governo que entregue o armamento necessário aos rebeldes e que autorize o envio de combatentes voluntários, militares e civis para combater junto ao povo líbio.
Também, é necessário que os trabalhadores e o povo da Tunísia exijam ao seu governo que abra as fronteiras para enviar armas e combatentes voluntários.
Chamamos aos trabalhadores portuários dos países árabes e dos países do mediterrâneo europeu a se somar à causa dos países árabes abastecendo os barcos que vão para ajudar à resistência, mas boicotando o envio de qualquer apoio para Kaddafi.
Hoje, mais do que nunca, fortalecer a mobilização mundial contra a intervenção imperialista e em apoio ao heróico povo combatente líbio para que acabe com Kaddafi e sua ditadura assassina.
Fora a intervenção imperialista da Líbia!
Armas para o povo rebelde para derrotar Kaddafi!
Que sejam reconhecidos como força beligerante!
Fora as tropas de Arábia Saudita de Bahrein! Apóio à luta dos povos de Bahrein, Iêmen, Síria, Marrocos e dos demais povos árabes!
Viva a revolução árabe!
Unidade Internacional dos Trabalhadores- Quarta Internacional (UIT-QI)
21 de março de 2011