Que os rebeldes líbios sejam reconhecidos como força beligerante!
Declaração UIT-CI 13/03/11 | www.uit-ci.org
O povo líbio continua combatendo com coragem para derrotar o ditador Kaddafi, em que pese aos criminais bombardeios e a sua desvantagem militar. NO dia 10 de Março aconteceu uma grande mobilização de massas nas ruas de Bhengazi, a segunda cidade do país e capital da revolução, em apoio aos combatentes e milicianos populares que estão demonstrando um grande heroísmo nos combates. Nessa mobilização milhares acusaram os países árabes de deixá-los sós na luta contra Kaddafi.
Lamentavelmente é verdade. Os governos que conformam a Liga Árabe, reunidos no Cairo, em que pese à conclusão que o “regime de Kaddafi perdeu legitimidade” acabaram contrariando as exigências do povo líbio e resolveram reclamar uma zona de exclusão aérea à ONU, se adequando à criminal política de intervenção imperialista, ao invés de resolver eles fazer a exclusão aérea e dar apoio militar aos rebeldes. Mais ainda quando está provado que os governos da Argélia e da Síria estão enviando ajuda militar e mantimentos ao regime de Kaddafi. Os rebeldes teriam até derrubado um avião com um piloto sírio.
É necessário rejeitar esta posição dos governos da Liga Árabe de solicitar a intervenção da ONU, do mesmo modo que deve ser rejeitada qualquer outra que invoque a conformação de grupos internacionais para “mediar”. Esta proposta foi feita por Chávez, Fidel Castro e a União Africana, para que se negocie entre os rebeldes líbios e a ditadura pro imperialista de Kaddafi. Nenhuma das duas é para ajudar o povo e a insurreição, e por isso mesmo são bem vistas pelo imperialismo.
É necessário exigir que o povo rebelde líbio seja reconhecido por todos os governos do mundo como uma força beligerante, dentro dos marcos dos Tratados de Genebra, para facilitar a entrega de armas e mantimentos à população que se levantou em armas contra Kaddafi.
É evidente que existe uma rebelião massiva de um povo e que o regime ditatorial de Kaddafi, convertido em pro imperialista faz décadas, o transformou em uma guerra civil pela sua repressão criminosa usando todo tipo de armamento e a própria aviação. Isto dividiu às forças armadas e obrigou a milhares, como parte da onda revolucionária que começou na Tunísia e no Egito, a pegar em armas para se defender e derrotar o ditador.
Está claro que se trata de um povo levantado que pegou em armas. Os combatentes rebeldes são uma força militar que está apoiada em um amplo território e que tem uma direção política e militar (O Conselho Nacional Líbio de Transição, instalado em Bhengazi) que são as condições internacionais fixadas nos Tratados de Genebra.
Os socialistas revolucionários não estamos convocando a apoiar politicamente o governo transitório instalado em Bhengazi, integrado, entre outros por ex. ministros de Kaddafi. Chamamos a apoiar a justa causa do povo líbio rebelde e a mais ampla unidade de ação e solidariedade internacional para derrotar o ditador Kaddafi.
Os povos árabes, em primeiro lugar, e os de todo o mundo, devem se mobilizar para exigir que seus governos reconheçam os rebeldes como uma força beligerante. Existem antecedentes claros de que isto é possível. Em 1978 foi reconhecido na Nicarágua, como força beligerante a Frente Sandinista de Libertação na sua luta contra Somoza e aconteceu também em 1981 com a FMLN em El Salvador.
É urgente o apóio militar ao povo líbio para parar e derrotar o assassino Kaddafi. Os povos, os trabalhadores e a juventude dos países árabes, devem se mobilizar para exigir à Liga Árabe que abandone sua posição vacilante e pro imperialista. A solução não é pedir que intervenha militarmente a OTAN e a ONU, que somente procuram aproveitar a oportunidade para instalar uma avançada de suas posições no Norte da África para tentar desmontar o processo revolucionário em curso. São os governos árabes que, de forma urgente, devem reconhecer os combatentes como força beligerante e enviar armas, aviões, voluntários civis e militares e fazer uma zona de exclusão aérea (como exigem em Bhengazi) para fortalecer assim à luta.
É necessário que os povos da Argélia e Síria se mobilizem para repudiar o envio de armas para Kaddafi que seus governos estão fazendo. Que os trabalhadores portuários se neguem a carregar, em qualquer porto do mundo, armas e viveres para Kaddafi!
A UIT-CI se soma e convoca a continuar desenvolvendo ações unitárias nos diversos países do mundo em apoio incondicional ao povo líbio.
Abaixo Kadafi! – Não à intervenção militar imperialista!
Pelo reconhecimento do povo rebelde líbio como força beligerante!
Armas para o povo rebelde líbio!
Viva a revolução líbia!
13 de março de 2011