Depois de 15 de abril: preparar a greve geral contra o PL 4330 e os planos de ajuste do governo Dilma (PT/PMDB)

| Corrente Socialista dos Trabalhadores – tendência do PSOL

A jornada de luta e paralisações ocorrida na quarta-feira, 15 de abril, mostrou a potencialidade do povo trabalhador para enfrentar o ajuste lançado pelo governo Dilma (PT/PMDB), o Congresso, os governadores, prefeitos e os patrões.

O Dia Nacional de Luta foi chamado às pressas, sem assembleias, sem a participação democrática das bases e sem colocar o peso das centrais a serviço da mobilização. A CUT, junto a centrais sindicais menores e correntes sindicais da esquerda, convocou um dia de paralisação para protestar contra o Projeto de Lei 4330, que generaliza as terceirizações às atividades “fim” para todos os setores públicos – os partidos na Câmara recuaram da terceirização no setor público – e privados. Se aplicado, esse projeto provocará uma generalizada precarização do trabalho e redução de salários, sobretudo para os mais jovens que estão a entrar no mercado de trabalho.

Com desigualdades, pela falta de preparação da jornada, a classe trabalhadora deu mostras de que está disposta a enfrentar os ataques do governo e seus aliados contra seus direitos. A greve dos trabalhadores em educação em São Paulo, no Pará, na Paraíba, em Santa Catarina e em Pernambuco, estimularam o dia 15. Em várias capitais ocorreram mobilizações de diferentes proporções com paralisações parciais, manifestações de rua, bloqueios de rodovias, além de atos públicos.

O destaque foi São Paulo, onde o ato no Largo da Batata aglutinou 40 mil pessoas e, simultaneamente, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, cerca de 300 professores ocuparam o plenário daquela casa. Também destacamos Porto Alegre, onde houve paralisação do Metrô (Trensurb) e da empresa Carris, principal empresa de ônibus, durante todo o dia e Recife, que também registrou paralisação do Metrô, de rodoviários e outros setores.

A Unidos pra Lutar e a CST-PSOL, como parte integrante desse movimento, participaram distribuindo panfletos e dialogando com a população. Nas multinacionais químicas: Johnson & Johnson e Monsanto (do Vale do Paraíba/SP) os trabalhadores paralisaram por duas horas e votaram com entusiasmo pela luta contra o PL 4330 e em apoio à greve dos professores. Em Belém (PA), no período da manhã, os trabalhadores do serviço público federal do Incra, paralisaram suas atividades e houve panfletagem na Funasa. Os docentes da UFPA e os técnicos das federais também votaram paralisação. No RJ, ocorreram panfletagens e foram realizados atos em diversas empresas: nas universidades federais, os servidores da UFF fizeram panfletagens e atos, houve paralisação na UNIRIO, panfletagens entre as empresas metalúrgicas e nas escolas secundaristas, e se votou também paralisar na educação do Estado e nos servidores da UFRJ, por proposta da Unidos pra Lutar e da CSP-Conlutas.

Não foi uma paralisação massiva capaz de derrotar de vez o PL 4330, mas deixou um claro recado ao governo e seus aliados que tiveram de adiar a votação das emendas, mostrando um sinal de debilidade nas fileiras do Congresso e do governo. A forte resistência dos trabalhadores, da juventude e do povo, provoca problemas nas cúpulas do poder político, que levam à crise na aplicação do ajuste. A começar pelo PT, que acossado pelas denúncias de corrupção e aplicando um plano econômico a serviço dos banqueiros e grandes empresário, se distancia dos movimentos sociais e perde a cada dia parte de sua base social histórica – os trabalhadores e o povo-, que rejeita de forma massiva o PT e o governo Dilma.

Os demais partidos, como o PSDB e o PMDB, enfrentam os problemas decorrentes da redução do bolo que repartiam fartamente até pouco tempo atrás e brigam pelo controle de espaços de poder que lhes permitam controlar a chave do cofre, colocando a nu sua completa falta de alternativas frente à crise.

Todos eles querem que sejam aplicados os ajustes e são favoráveis à redução de direitos para favorecer os interesses dos grandes capitalistas, mas sabem que os trabalhadores estão dispostos a resistir. Isso atinge em cheio suas desmoralizadas imagens e acende uma “luz vermelha” nos projetos eleitorais de governadores, deputados, senadores e prefeitos. Esses políticos começam a procurar atenuantes e insinuar recuos e modificações ao PL 4330. Depois que Joaquim Levy, ministro da fazenda, negociou o PL com o presidente da Câmara Eduardo Cunha, o próprio Lula teve que posar na foto, junto ao presidente da CUT, segurando uma placa que dizia: “Não ao PL 4330”.

A classe trabalhadora está com grande disposição de luta e não quer pagar pela crise. No início do ano, a greve da Volks, os garis do Rio de Janeiro e os professores de Paraná mostraram essa dinâmica. Agora é a greve dos professores em São Paulo, no Pará e em mais 4 estados, trabalhadores dos supermercados de Belém, os sem-teto organizados no MTST, amplos setores da juventude apoiando a greve dos professores, entre outros.

Embora tenham ocorrido paralisações e atos, o Dia Nacional de Luta esteve muito aquém do que poderia ter sido se a direção do movimento, em particular a CUT e a CTB, tivessem jogado peso parando o transporte em todas as capitais, fazendo assembleias em todos os locais de trabalho, panfletando em todas as cidades e paralisando o país por 24 horas. A única forma de organizar uma greve geral é apostando com força nas mobilizações, para derrubar não só o PL4330, mas também o “ajuste” dos governos estaduais e federal.

É possível vencer, mas, para tanto, há que se fortalecer e unificar as lutas que estão ocorrendo. Os trabalhadores devem exigir da CUT a ruptura com o governo Dilma (PT/PMDB) e que esta central organize de forma consequente o enfrentamento contra as medidas do governo que retiram nossos direitos ou que tentam fazer com que os trabalhadores paguem a conta da crise, e também que mantenham a mobilização contra a votação na Câmara dos Deputados e depois no Senado.

Como parte desta luta, os partidos de esquerda: PSOL, PSTU, PCB, junto às organizações populares e de esquerda, MTST, CSP-Conlutas, Intersindical, os sindicatos combativos e dirigentes independentes devem se unir na tarefa de fortalecer as lutas em curso, organizando fóruns unitários, atos de solidariedade e jornadas de mobilizações regionais que preparem o terreno para uma greve geral capaz de derrotar não somente o PL 4330, mas o conjunto dos planos de ajuste contra os trabalhadores e o povo pobre.

Neste sentido, é necessário construirmos atos unitários neste Primeiro de Maio. Mais do que nunca é necessário que nessa data de luta da classe trabalhadora, fortaleçamos a unidade para derrotar o ajuste de Dilma/Levy, governadores, prefeitos, patrões e da ampla maioria dos partidos do Congresso Nacional.Este é o compromisso da CST/PSOL e da Tendência Sindical Unidos pra Lutar.

CST/PSOL – Unidos pra Lutar – 18 de abril de 2015