GREVE PROFESSORES RS | Para alcançar vitoria, é preciso ir pra cima do governo!
No apagar das luzes de 2019, o Secretário da Educação do RS, Faisal Karam, agendou uma reunião para 10/1 sobre o corte de ponto. Em 2/1, numa tentativa de antecipar a reunião, o comando de greve foi até o Palácio do Piratini, porém não foi recebido pelo governo. A perspectiva é que a reunião se mantenha no dia 10 e, até lá, somente um Conselho Geral foi agendado. Enquanto isso, parte da categoria está desesperada porque ficou sem salário e sem poder fazer empréstimo do 13° (que será parcelado em 12x).
Para nós da Combate – Classista e pela base, esta é a hora de ir para cima do governo. Na assembleia do dia 20/12, nós fomos o único setor que apresentou destaque à proposta da DC de suspender a greve quando o corte de ponto fosse revertido. Acreditamos que não deveríamos estar negociando fim da greve sendo que nossa pauta, a retirada do pacote, nem foi atendida ainda. E não se tratava de apenas se manter em greve, mas criar as condições para que ela se mantenha forte, mobilizada, coisa que não aconteceu. Após a assembleia o sindicato foi fechado para recesso/dedetização e nada foi convocado. Na reunião do comando no dia 2/1, nós, assim como outros setores da CONLUTAS e independentes, defendemos que se não saíssemos com uma linha que apontasse para a luta da categoria, nós seríamos derrotados.
Defendemos fazer um bom ato estadual na terça (7/1) e preparar a categoria para mais fôlego de luta. A Direção do CPERS (PT/PCdoB) e alguns setores da oposição não toparam. Eles não querem ser contundentes com o governo e fazer o real enfrentamento, por isso insistiram na proposta de fazer um Conselho Geral na noite de segunda (6/1) e chamar um ato somente para o dia 10. Fica um vácuo para a base da categoria até lá. Esta é uma tática errada e que pode levar a greve a recuar ainda mais. Eduardo Leite vem dizendo que não vai pagar os dias parados a menos que a categoria volte para a sala de aula e o Secretário deu entrevista já falando do calendário de recuperação e apostando no refluxo da greve. Ou seja, se não subirmos o tom agora, o dia 10 será mais do mesmo e a greve vai morrer por inanição.
Há outro elemento que tem que ser levado em consideração: o pacote do RS, ainda que seja o pior de todos, faz parte da mesma linha dos que estão sendo aprovados pelo país a fora, que são iguais à Reforma da Previdência de Bolsonaro/Guedes. No Pará do Helder Barbalho (MDB), foi aprovado com votos inclusive da bancada do PT. No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) também aprovou a reforma e ainda por cima mandou reprimir brutalmente pessoas que protestavam contra o pacote. Eduardo Leite vai tentar de todos os jeitos aprovar o seu pacote também. E nós, que construímos uma greve histórica e forte, que impediu que o governo votasse em 2019, não podemos apenas sentar e aguardar uma reunião.
A população apoia a nossa greve
Considerando o corte de ponto e o fato de que a categoria de educadoras há alguns anos vem acumulando dificuldades financeiras como fruto do arrocho imposto pelos governos, os núcleos 38° e 39°, que são oposição à Direção Central, realizaram pedágios solidários para conversar com a população e também arrecadar dinheiro e gêneros alimentícios. Para nossa surpresa, a solidariedade que as pessoas têm com a educação é gigante. Foram mais de R$1500,00 e mais de 100 kg de alimentos em apenas duas ações.
Com os pedágios solidários, conseguimos conversar com a população sobre a situação das educadoras e isso gera um certo desgaste ao governo. É preciso apostar nessas ações, mas também apontar para o protagonismo da categoria. O ato do dia 10/1 tem que ser imenso e demonstrar nossa força nas ruas. Para construir o ato e fortalecer a greve, a Direção Central, junto com as direções de núcleo e os comandos estadual e regionais devem passar nas escolas e conversar com as colegas que já retornaram, devem organizar reuniões por zonais e panfletagens nas comunidades escolares. Além disso, precisamos exigir da CNTE que antecipe o calendário de mobilização da educação para janeiro. Nacionalizar a luta das educadoras do país inteiro ajuda a fortalecer nossa greve porque além de nos tirar do isolamento, contribui para o enfrentamento dos outros pacotes que estão por vir e para a defesa da educação pública como um todo.
Nenhuma confiança nos governos! Apostar na nossa força de mobilização é a saída!