SOMOS TODAS VERÔNICA!

Vamos à Luta contra a LGBTfobia! | Eziel Duarte – Vamos à Luta PA, Randy Lobato – Vamos à Luta SP, Juninho CST*

No domingo, dia 12/04, ocorreu o caso da brutal agressão à travesti Verônica Bolina. Infelizmente esse não é um caso isolado e nos chama a refletir a grande marginalização da comunidade LGBT. Após ser acusada de agressão a uma vizinha, foi presa pela PM, colocada em uma cela junto com homens, desrespeitando sua identidade de gênero. Como se não bastasse, ela foi cruelmente agredida, com indícios de tortura, teve seu rosto desfigurado, seu cabelo cumprido cortado, foi despida e ainda fotografada e exposta nessas condições. Se Verônica cometeu algum delito e por isso foi detida, não é uma questão para discutirmos aqui. O fato é que ninguém que é detido merece ser tratado como Verônica foi. O governo Alckmin (PSDB) e a Coordenadoria de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, representada por Heloísa Alves, oprimem e tentam colocar para baixo do tapete o caso de Verônica, inclusive a fizeram gravar um áudio dizendo que não foi torturada, colocando a culpa em si própria. A transfobia não pode ser naturalizada, a culpa não é de Verônica!

Não foi um caso isolado

No Brasil nos últimos quatro anos cresceu em 460% os casos de LGBTfobia, onde a cada 1h um caso é registrado, seja de agressão ou assassinato. Os dados demonstram que o caso de Verônica não foi algo isolado, muitos outros não vem à tona. Essa violência não é só física, mas psicológica e institucionalizada. No Brasil os LGBTs ainda ocupam os postos de trabalho mais precarizados, como de telemarketing, redes de fast-food, comerciários, entre outros, que tem baixos salários e alta rotatividade. Isso quando estes não são empurradxs mais ainda a margem do trabalho na sociedade. Os LGBTs e também as mulheres sentem fortemente o ajuste que vem sendo aplicado pelo governo Dilma/Levy (PT/PMDB), que junto as MPs 664 e 665, são ataques às leis trabalhistas, e que atingem diretamente a população mais marginalizada.

Vale refletir que os/as LGBTs, principalmente a/o trans, desde muito jovens sofrem com o tratamento excludente, desde a educação escolar. O sistema educacional ainda meritocrático e heteronormativo, não entende questões como sexualidade e identidade de gênero. Somado a isso, o governo Dilma em nada colabora para que a LGBTfobia seja combatida na raiz do problema: na educação. Só esse ano serão retirados 7 bilhões de reais da educação e isso tem um impacto decisivo na formação e inclusão das/dos jovens LGBTs na escola e universidade.

Políticas públicas vs. Governabilidade

Durante anos os governos leiloaram os direitos LGBTs, e nesses 13 anos de governos do PT não foi diferente: Dilma arquivou o kit anti-homofobia que seria distribuído nas escolas, em troca da mesma governabilidade que os governos tucanos; entregou a Comissão de Diretos Humanos e Minorias da Câmara Federal para Marco Feliciano (PSC), e optou nas eleições de 2014 estar ao lado da Igreja Universal, jogando para escanteio as pautas LGBTs; o programa Brasil Sem Homofobia não avançou em nada de políticas efetivas de Educação Sexual nas escolas; a criminalização da homofobia foi abandonada em acordo com a bancada conservadora para não colocar a cabeça de Palocci na bandeja; Jair Bolsonaro (PP), que tem continuamente feito declarações LGBTfóbicas, machistas e racistas, é de um partido da base aliada do governo; em estados governados pelo PSDB, como o Pará, não houve avanços além do nome social.

Tanto os partidos da velha direita como os partidos da nova direita tem acordo na aplicação do ajuste fiscal contra os trabalhadores e nos ataques às minorias. PT e PSDB fazem uma falsa polarização, pois a mesma polícia do tucano Geraldo Alckmin que torturou Verônica, é da PM do governador Pezão que teve total apoio do governo Dilma na intervenção na favela da Maré no RJ ano passado, ou de Tarso Genro do PT no Rio Grande do Sul que reprimiu e perseguiu trabalhadores e trabalhadoras grevistas.

Mobilizar e lutar contra a LGBTfobia! Investigação e punição para os agressores de Verônica!

O preconceito sentido diariamente tem a ver com algo maior: o sistema político, econômico e social. A ordem dos mais ricos fomenta e nos divide em subcategorias marginalizadas, temos que ter consciência de que somos membros de uma mesma classe explorada, que vende sua força de trabalho e luta por melhores condições de vida.

É preciso refletir que, o preconceito sofrido por um/uma LGBT negro/a da periferia é muito mais forte que o preconceito sofrido por um gay branco e rico que tem acesso a uma Educação de qualidade, hospitais estruturados, plano de saúde, espaços de lazer. Se você é LGBT pobre, negro/negra, da periferia, com certeza o preconceito é maior.

Precisamos de políticas efetivas, como a criminalização da homofobia, do kit anti-homofobia nas escolas, políticas de afirmação e combate a LGBTfobia. Para que se tenham avanços nas pautas LGBTs é muito importante derrotarmos o plano conservador do governo Dilma, de ajuste fiscal, tarifaço, retirada de direitos dos trabalhadores, cortes de verbas na Educação, e também irmos às ruas contra a PL 4330 das terceirizações. É preciso dizer que não aceitaremos que os direitos dos LGBTs não sejam garantidos. Exigimos a investigação e a punição dos responsáveis a humilhação e agressões sofridas por Verônica!

*LGBTs militantes da CST-PSOL