8 de março: Mulheres na luta contra os ajustes de Dilma

Dia internacional da mulher trabalhadora: Dilma retira direitos das trabalhadoras | Júlia Borges (CST/RJ) e Paula Alves (CST/RS)

O TARIFAÇO ATINGE EM CHEIO AS MULHERES

Contrariando suas promessas eleitorais, Dilma lançou um plano de ajuste brutal contra o povo que inclui diversos tarifaços. No entanto ela, uma presidente mulher, sabe muito bem que quem mais sofre com o ajuste são as mulheres trabalhadoras, as moradoras das comunidades, a maioria mulheres negras.

A brasileira se desdobra trabalhando e estudando mais – segundo último censo, 12,5% das brasileiras tinha ensino superior completo em 2010, contra 9,95% dos homens – porém ganham menos do que os homens. Na última década o número de lares chefiados por mulheres mais do que dobrou: são mães e avós solteiras que, sem ter com quem dividir os gastos e tarefas domésticas, são responsáveis por todas as obrigações da casa.

O aumento nos preços da energia elétrica, da gasolina, dos alimentos e da passagem de ônibus será mais sentido por quem ganha menos. Na prática, a cada R$ 100 ganhos por um homem, uma mulher ganha R$ 74,00. Segundo a Global Gender Report 2014, o Brasil está a cada ano mais desigual neste sentido: em 2013, ocupávamos a 62º posição em relação aos 142 países analisados. Já em 2014, pioramos: estamos na 71º, atrás do Uruguai, Bolívia e Peru.

Entre as principais reclamações das mulheres está a falta de creches públicas. No Brasil existem dez milhões e meio de crianças de 0 a 3 anos e 75% delas estão fora das creches, de acordo com o Ministério da Educação. Dilma tinha prometido construir 6.000 creches até o fim de 2014, o que já era pouco para a demanda das mulheres em nosso país. Entretanto, se juntarmos todas as creches construídas desde o primeiro governo Lula, chegamos a 1.649 unidades, sendo apenas 417 entregues por Dilma até 2015. Agora com os cortes, creches terão que ser fechadas.

O problema da falta de moradia também atinge em cheio as brasileiras. O país possui mais de 15 milhões de habitações precárias ocupadas, em sua ampla maioria por mulheres que enfrentam heroicamente a violência policial e o descaso por parte dos governos. Em São Paulo, o PSDB de Alckmin e o PT de Haddad são os responsáveis por desocupações forçadas e violentas. A crescente onda de ocupações urbanas comprova a insuficiência do programa Minha Casa Minha Vida, em uma política que prioriza os interesses da especulação imobiliária.

DILMA QUER RETIRAR DIREITOS DAS TRABALHADORAS

Em meio ao aprofundamento da crise econômica, são as mulheres trabalhadoras que mais sentirão os reflexos do aumento do custo de vida, e o fato de ter a primeira presidente mulher não garantiu avanço dos nossos direitos: Dilma/PT quer cortar até mesmo a aposentadoria das viúvas, reduzir direitos como o seguro-desemprego e o auxílio-doença através das Medidas Provisórias 664 e 665. Como se não bastasse, vem aí um corte de R$ 7 bilhões na pasta ministerial da Educação, o que atingirá em cheio umas das categorias mais desvalorizadas do país e que é composta majoritariamente por mulheres, as educadoras.

Quando se trata de violência contra as mulheres, a realidade é assustadora. De acordo com o Ipea, a cada uma hora e meia uma mulher morre no país pelo simples fato de ser mulher, o que coloca o Brasil em 7º lugar no ranking de países “campeões” em feminicídio, enquanto a Lei Maria da Penha se mostra a cada ano mais ineficaz. Em se tratando de direitos sexuais e reprodutivos, a cada 2 dias uma brasileira (pobre) morre por aborto inseguro, um problema de saúde pública ligado à criminalização da interrupção da gravidez (APÚBLICA). Enquanto isso, o programa de combate à violência contra as mulheres da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, por exemplo, sofreu um corte orçamentário de 22%.

Dilma não está ao lado das mulheres oprimidas, seu objetivo é cortar R$ 66,3 bilhões dos ministérios enquanto aumenta o pagamento de juros e amortização da dívida pública, além de barganhar nosso direito ao aborto legal, seguro e gratuito em troca de apoio eleitoral e governabilidade com os setores mais conservadores da nossa sociedade.

UNIR AS TRABALHADORAS E TRABALHADORES CONTRA OS ATAQUES DE DILMA

A vitoriosa luta das professoras e professores do Paraná contra os ataques do governo Beto Richa deve nos servir de exemplo: através da organização e mobilização se reverteu os ataques do governador demonstrando que é possível derrubar o plano de arrocho dos governantes. A heroica greve das operadoras e operadores de telemarketing que vimos recentemente no Brasil, ou ainda nas ocupações dos educadores que ocorreu no Pará em algumas Prefeituras, categorias que sofrem com a precarização do trabalho e são compostas majoritariamente por mulheres, afirmam que não iremos pagar a conta da crise que Dilma e os patrões tentam jogar nas nossas costas.

No dia da mulher temos claro que a luta contra toda forma de opressão e exploração que sofremos diariamente perpassa pela luta contra os ataques dos governos que tentam salvar os ricos de sua crise econômica. Para isso, precisamos unificar todas as lutas para garantir a não retirada dos nossos direitos e conquistar melhores condições de vida.