Combater o autoritarismo do Bolsonaro, em defesa das liberdades democráticas

Somos todos Glenn Greenwald!

Ato do Glenn na ABI

O ato realizado na ABI (Associação Brasileira de Imprensa) no Rio de Janeiro em defesa do jornalista Greenwald, do The Intercept Brasil mobilizou milhares de pessoas, além de diversas personalidades do mundo jurídico, jornalistas, artistas renomados, como Chico Buarque, Wagner Moura e Camila Pitanga e inúmeras organizações dos movimentos sociais. O espaço no auditório ficou pequeno para o público que se aglomerou em frente a ABI. Um telão teve que ser instalado fora do prédio para que as pessoas pudessem acompanhar o Ato. Tratou-se de uma importante resposta no terreno democrático contra a política autoritária, pró-ditadura, de censura, xenófoba e racista do presidente Bolsonaro, que dias antes havia ameaçado prender o jornalista Glenn.

As revelações feitas de forma séria pelo site The Intercept Brasil denudaram o caráter seletivo da Lava Jato, que tinha como alvo “pegar” alguns políticos, livrando a “cara” da maioria. Moro, então juiz na época, orientou o Ministério Público sobre pontos estratégicos da investigação da Lava Jato, indicando testemunhas e orientando com argumentações o trabalho da equipe do Ministério Público, coordenado por Deltan Dallagnol. No caso que envolve o ex-presidente Lula, Moro atuou diretamente para garantir a celeridade do processo, enquanto isso foi conivente com os políticos tucanos, como Aécio Neves e Geraldo Alkmin, que seguem impunes. Moro atou de forma parcial, com o objetivo de garantir sua vaga no futuro governo, ferindo inclusive a já limitada Constituição de 88, que determina que não haja vínculo entre as partes do processo judicial. Moro fez “vista grossa” em relação ao caso do Flávio Bolsonaro, filho do presidente, acusado de esquema de corrupção que envolvia seu assessor Fabricio Queiroz. E como tentativa de calar e intimidar o jornalista do The Intercept, editou a Portaria N° 666/2019 que permite a deportação sumária ou impedimento de ingressos de estrangeiros no Brasil. Uma nítida perseguição política a seus opositores.

A crise do judiciário

A crise que envolve o STF e membros do ministério Público se acirrou nas últimas semanas, após as revelações do The Intercept, onde o Coordenador da operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, impulsionou ações contra o atual presidente do STF, Dias Toffoli e contra o Ministro Gilmar Mendes. Além disso, a Corregedoria Geral do Ministério Público Federal, em 2017, segundo as revelações do The Intercept, criticou Deltan pela divulgação de palestras em que prometia novas revelações da operação Lava Jato, palestras feitas em parceria com a iniciativa privada e com cobrança de ingressos para os participantes. Na época, apesar das críticas informais da Corregedoria, nada foi feito para enquadrar Dallagnol e impedir essa postura antiética do procurador. Dallagnol ainda elucubrou a criação de uma empresa de palestras para lucrar com a “fama” alcançada com a Operação Lava Jato. Isso só mostra que essa justiça nada tem de imparcialidade, que está a serviço dos interesses de meia dúzia, dos ricos poderosos.

The Intercept tem todo o direito de seguir divulgando as barbaridades de Moro e Dallagnol, ações essas que não podem seguir impunes, que devem ser investigadas a fundo. Por isso Moro não tem condições de seguir Ministro e nem Dallagnol de continuar chefe da operação Lava Jato. Ambos têm que ser afastados imediatamente de suas funções. E deve ser instaurada uma investigação séria e independente para apurar a conduta deles na Operação Lava Jato. Discordamos de movimentos arbitrários como a ideia da transferência do ex-presidente Lula para um presidio em SP e pelos fatos revelados até aqui entendemos que o julgamento de Lula deve ser anulado e que ele deve aguardar um novo julgamento em liberdade.

Não podemos confiar nessa justiça dos ricos e seletiva, é necessária uma investigação de verdade e imparcial, para garantir que todos os corruptos sejam investigados, presos e que seus bens sejam confiscados, independente de qual partido pertencem. Algo que só ocorrerá se o povo trabalhador ocupar as ruas e protestar.

Combater a escalada autoritária do Bolsonaro!

Diante da aprovação da Reforma da Previdência na Câmara dos deputados contra o povo trabalhador e a tentativa de aplicar o Future-se e os sucessivos cortes nas áreas sociais, Bolsonaro segue uma investida no terreno dos direitos democráticos a seus opositores, com declarações preconceituosas como as disparadas contra os nordestinos e o povo indígena. Nesse cenário está a tentativa de fechar a ANCINE, a demissão do presidente do INPE, as declarações assombrosas e repugnantes contra Felipe Santa Cruz e seu pai Fernando Santa Cruz, morto nos porões da ditadura militar, e as recentes trocas de membros da Comissão da Verdade, por pessoas ligadas na defesa da ditadura militar.

Em defesa de Glenn Greenwald e das liberdades democráticas!

 A campanha em defesa das liberdades democráticas e do autoritarismo do governo Bolsonaro deve ganhar as ruas. O ato na ABI foi um passo importante nesse sentido. Pois a luta pela liberdade democrática, contra o caráter autoritário, e semi-ditadorial do Bolsonaro deve ser combatido com fortes mobilizações. Para isso devemos vincular a luta contra o ajuste de Bolsonaro e os ataques aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras à luta incansável pelas liberdades democráticas, pelo livre direito à manifestação, contra arbitrariedades e todas as atrocidades que Bolsonaro vem cometendo. Começando pela defesa incondicional do jornalista Glenn Greenwald, do deputado David Miranda, companheiro do Glenn e de toda a equipe do The Intercept Brasil.

Por Rosi Messias (Diretório Nacional do PSOL – Coordenação da CST/PSOL)

 

 

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