Comunicado da CST sobre Itaocara

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Com essa carta fazemos público que a Corrente Socialista dos Trabalhadores, tendência interna do PSOL, rompe e exclui qualquer vínculo político e organizativo com o Prefeito Gelsimar Gonzaga e com a Prefeitura de Itaocara. Dia 09/12, nossos dois militantes que atuavam na prefeitura em cargos comissionados, protocolaram as exonerações de seus cargos na Prefeitura (Chefia de Gabinete e Assessoria Especial). Desde então, não temos mais responsabilidade política sob as medidas dessa administração e a linha programática tomada pelo prefeito.

Os motivos da nossa ruptura

Nossa decisão de romper definitivamente com a Prefeitura se deve a problemas de gestão administrativa, baseado num critério autoritário, de falta de democracia, transparência e de debate coletivo por parte do Prefeito, que quebraram completamente a relação de confiança.

Tivemos problemas e diferenças de cunho político, mas isso de forma alguma justifica nossa decisão, visto que nas questões fundamentais da orientação politica da administração, sempre tivemos acordo.

Por isso, tornamos pública nossa decisão, já que a administração de Itaocara foi acompanhada com entusiasmos pela base do PSOL. Faremos o debate interno nas instâncias do PSOL, pois não vemos autoridade moral na corrupta e golpista Câmara de Vereadores da cidade, nem nas demais instâncias dessa falsa democracia burguesa eivada de escândalos de corrupção.

Reivindicamos as principais ações do governo durante estes dois anos

Aceitamos o desafio de integrar a administração do PSOL em Itaocara pelo caráter proletário do governo, pelo seu perfil de oposição de esquerda ao governo central de Cabral/Pezão e Dilma, pela política de classe do Prefeito Gelsimar Gonzaga, por sua campanha sem coligações com partidos patronais ou legendas de aluguel e por sua contundência em defender propostas em favor do povo trabalhador. Não temos dúvidas de que foi acertado ser parte desta experiência. Temos muito orgulho de ter demonstrado na Prefeitura, mesmo com as limitações de um pequeno município, que é possível apoiar as lutas do povo e governar para a maioria quando se enfrentam os interesses mesquinhos das elites locais, estaduais, e de um legislativo viciado e corrupto. O apoio concreto a diversas lutas populares e greves; as assembleias populares elegendo o secretariado e tomando decisões centrais e nossos experimentos de democracia direta; o passe livre universitário, auto-organizado pelos estudantes; o enfrentamento à Lei de Responsabilidade Fiscal, sem nos curvarmos a ela e, na prática, não repassando aos trabalhadores a conta da crise do sistema capitalista, não demitindo os trabalhadores temporários e colocando o mandato do prefeito em risco na luta contra a austeridade fiscal. Todas essas conquistas e o enfrentamento à governabilidade corrupta ficarão como um marca dos dois primeiros anos do Governo do Povo de Itaocara, ao qual nos orgulhamos de ter estado à frente de cada uma dessas ações.

Sempre tratamos dos problemas, das nossas limitações, das limitações de Gelsimar, e do governo como um todo, de forma interna e a mais política possível. Caracterizamos o primeiro ano de governo como o mais avançado, justamente porque tínhamos uma equipe mais sintonizada, que fazia reuniões cotidianas e que ia acertando ou até mesmo errando coletivamente. Também tínhamos um eixo, que era trazer ao máximo a população para o centro das decisões, sempre nos pautando pela defesa dos interesses do povo trabalhador. Algo que foi se perdendo nos últimos meses, quando nossa equipe política já não funcionava com coerência e o que primava eram as decisões unilaterais de Gelsimar. Esperávamos resolver essas diferenças com o debate político paciente, porém não foi possível por atitudes unilaterais de gestão administrativa, das quais não temos qualquer responsabilidade política, e que coloca em risco o perfil do governo do PSOL em Itaocara.

Seguiremos na luta, mantendo nossa coerência de esquerda, onde sempre estivemos, nas mobilizações operárias, juvenis e populares!

15 de dezembro de 2014,
Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST-PSOL