PT E PSDB NÃO NOS REPRESENTAM! CHEGA DE CAMPANHA PRA DILMA!

A plenária do PSOL-RJ deliberou o fim da campanha pra Dilma. | CST

Na última semana, os militantes do PSOL foram surpreendidos pela aparição de Marcelo Freixo, no programa de Dilma, durante a propaganda eleitoral. De modo semelhante vimos Jean Wyllys em eventos da campanha pela reeleição do PT e sua ausência na plenária do PSOL no Rio, privilegiando um ato com Dilma em São Paulo. Chico Alencar, Ivan e Edmilson lançaram nota pedindo voto no13, porém não estão em campanha ostensiva. Importante lembrar que antes de qualquer reunião partidária, Freixo declarou voto em Dilma na imprensa, utilizando o acesso aos jornais para influenciar a decisão do partido.

No Rio Grande do Sul, onde tivemos nossa melhor votação para a presidência da república, Luciana Genro acaba de declarar voto em Tarso Genro do PT. Um governador que reprimiu as manifestações da juventude em junho e os professores grevistas. Isso tudo enquanto o PSOL gaúcho tinha decidido não apoiar nem Tarso, nem Sartori. O argumento para o posicionamento foi o parentesco, um voto "de filha pro pai". No entanto se Tarso fosse do PSDB será que Luciana faria essa declaração? Lógico que não. Isso demonstra que seu voto é parte de uma política de distinguir o PT do restante dos partidos, como se ainda fosse progressivo ou de esquerda. E logo contra o PMDB que é justamente o vice de Dilma e do PT no planalto.

Esses dirigentes, com essa atitude, colocam em questionamento o perfil ideológico de esquerda que o PSOL conquistou. Um perfil que deu força a nossa campanha contra os "três partidos do sistema" ou os "4 Cabrais" aliados de Dilma no Rio. Mas agora, graças a postura encabeçada por Freixo e Jean, a militância já não pode repetir o slogan do primeiro turno: "linha auxiliar do PT, uma ova!". Hoje, em vários momentos, os parlamentares do PSOL são protagonistas da campanha de Dilma em função do desgaste que os Petistas amargam. Um erro enorme, que pode melhorar a imagem do PT, justamente quando o PSOL começou a ocupar espaço em setores do movimento de massas, como o comprova os ótimos resultados eleitorais do partido.

Infelizmente a resolução da executiva nacional, aprovada por amplia maioria, possibilita esse tipo de atitude, pois coloca o PT como um "mal menor" (a CST votou sozinha pelo voto nulo). O texto veta apenas Aécio Neves e o PSDB com o argumento de que é preciso barrar o retrocesso "privatista", "neoliberal", "imperialista", "repressor" e conservador" que seria representado somente pelos tucanos. Não temos nenhuma dúvida de que o PSDB e o governo FHC devem ser repudiados. Estamos na linha de frente das lutas contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo, Minas e no Pará, sendo atacados e perseguidos pelos tucanos. Exemplo disso são nossos camaradas metroviários demitidos após a última greve no metrô de São Paulo. No entanto, isso não pode significar que o PT seja tratado como aliado, como se ele não fosse também "privatista", "neoliberal" "imperialista" e "repressor". O PT, apos 12 anos de mandato, deixou de ser "progressista" e abandonou o campo da esquerda.

No RJ a base reage e derrota campanha pública para o PT

Na segunda-feira, dia 20/10, no IFCS, convocada pela executiva estadual, aconteceu a plenária dos militantes do PSOL do Rio de Janeiro. A plenária ocorreu em meio a uma forte polêmica sobre o voto e a campanha para o PT e foi precedida de um embate na executiva estadual, onde a nota nacional foi respaldada por 6 votos (Insurgência, MES, Mandatos) e o voto nulo obteve 4 votos (CST e LSR).

Durante a plenária houve 3 defesas. A primeira pelo voto nulo, feita pela CST, que expressava a mesma posição da LSR e APS. A segunda foi a defesa da resolução da executiva nacional, que permite o voto em Dilma, Branco e Nulo, feita por MES e Insurgência (SU). Sendo que o MES criticou a campanha aberta dos parlamentares assim como a caracterização que haveria uma "onda conservadora". A terceira posição foi defendida por Milton Temer e expressou uma capitulação aberta e consciente a Dilma e ao PT, por meio de velhas teses reformistas acerca do acúmulo de força institucional, negando qualquer possibilidade de ruptura revolucionária pelos próximos 70 anos. Na votação, Temer retirou sua posição, pois estava isolado. Freixo e Chico, que estavam presentes, não se animaram a manter a proposta, tampouco assessores de Jean Wyllys sustentaram sua política. Assim, restaram apenas duas propostas: 1) voto nulo, que obteve 71 votos; 2) manter a deliberação da executiva nacional (Dilma, Nulo e Branco), que contou com 94 votos. Uma pequena diferença de 23 votos. Em seguida votamos outro encaminhamento proposto por um companheiro do Ecosol: impedir a continuidade da campanha pública nos eventos e espaços do PT. Proposta aprovada por amplíssima maioria, mostrando um grande espaço para posturas de oposição de esquerda na base do partido. Agora, cabe à direção aplicar a resolução e nossos parlamentares acatarem a vontade da base. Nos demais estados infelizmente não ocorreram plenárias para debater a posição do partido no segundo turno.
 

Um debate estratégico em curso

O que está em jogo no PSOL não é uma mera tática, um voto de segundo turno pra "vetar alguém". O que estamos assistindo é um debate estratégico sobre a independência política de nosso partido. Freixo, por exemplo, afirma que a "luta de classes" nos separa do PSDB enquanto diz que com o PT temos apenas "divergências". Com isso justifica um possível dialogo com o PT em 2016, desde que ele deixe a "aliança com o PMDB" no Rio. O problema do PT é mais profundo e é de classe. O PT traiu os trabalhadores e o povo e deixou de ser de esquerda ao se converter a ordem burguesa e assumir um programa capitalista. Essa tese fundacional do PSOL precisa ser mantida, para evitar erros futuros. Não queremos aliança com o PT agora no segundo turno de 2014, no ano que vem ou mesmo em 2016.

Todos os argumento pró-PT – mais ofensivos ou envergonhados – questionam a razão de ser do PSOL, pois transformam nosso partido em uma ala esquerda do Petismo. Os parlamentares radicais que fundaram o PSOL foram expulsos do PT quando ele deixou de ser de esquerda. Somos oposição de esquerda porque somos contra esses burocratas que se transformaram em novos ricos e na nova direita do país, com seus mensaleiros comandados por Dirceu, governando de forma semelhante à podre política do PSDB. Estivemos nas ruas em junho, nos piquetes em maio e vimos o papel nefasto e reacionário do governo do PT, nada diferente dos governos tucanos. 

O PT viola direitos humanos e possui uma política externa de direita

Fala-se do PT dos direitos humanos, para justificar o voto e a campanha, porem esquecem que o PT ao longo dos últimos 12 anos é responsável pela ampliação da massa encarcerada no país e pelo aprofundamento da guerra as drogas que tira a vida de milhares de jovens, negros e pobres nas periferias.Que Dilma negociou a comissão de direitos humanos no congresso com a bancada racista, homofóbica e reacionária. Que a Força de Segurança Nacional, ordenada pelo ministro da justiça, assassinou um índio no Mato Grosso, o exército, comandada pela presidenta foi utilizado na repressão aos manifestantes que lutavam contra privatizações petistas. Que Dilma promete mudar a constituição para legalizar os centros de comando e controle, o aparato estatal petista que nos reprimiu na Copa. Que o PT defende a política de segurança do governo do Rio, responsável pelo assassinato de Amarildo, DG e Claudia.Que diante da crise no complexo penitenciário de Pedrinhas o PT enviou a Força de Segurança Nacional para reprimir os detentos.

Fala-se de política externa "progressista" enquanto esquecem que o PT aprofundou o caráter explorador que o Brasil exerce em nosso continente, em Cuba e na África fazendo a farra das construtoras; que manteve intacto e aprofundou os acordos da IIRSA (Iniciativa para a Integração Regional Sul Americana) explorando as riquezas minerais e atacando os povos tradicionais da Bolívia, do Perú, etc; que implementa uma ocupação militar violenta contra o povo Haitiano há vários anos.
Falam que Dilma combate o conservadorismo e o fundamentalismo, esquecendo que o PT está com o PRB de Crivela, com ruralistas como Kátia Abreu, com os reacionários do PP, com a podre política de Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Collor , com representantes dos milicianos como Sergio Cabral, com Garotinho, além de estar coligado ao DEM no Pará.

Mais do que nunca é preciso parar a campanha pública para o PT. Nem Dilma, Nem Aécio nos representam. É preciso construir uma verdadeira esquerda socialista, radical, classista, atuando nas lutas contra o ajuste fiscal que está em curso e será aprofundado em 2015.
 
Corrente Socialista dos Trabalhadores – Tendência do PSOL – 23/10/2014