Rio de Janeiro: Unidade dos grevistas e lutadores começa a avançar!

| Corrente Socialista dos Trabalhadores (PSOL) – Rio de Janeiro

Em meio à onda de greves que abalam o Rio de Janeiro um embrionário processo de unificação das lutas está em curso. No dia 12/05, no Sindpetro, realizou-se uma reunião com a presença do comando de greve do SINTUFF, Integrantes do comando de greve do SEPE, da UNIDOS PRA LUTAR e da CSP-CONLUTAS. Decidiu-se fortalecer a convocatória unitária do dia 15M e construir uma nova reunião para dar mais corpo a essa unificação importante e necessária.

No dia 19/05, no SEPE, realizou-se uma nova reunião com a presença da comissão de empresa dos Garis, comando de greve do SEPE, comando de greve do SINTUFF, oposição SINTUFRJ, comando de greve do Ministério da Cultura, Comando de Greve da Saúde Federal, SINASEFE, UNIDOS PRA LUTAR, CSP-CONLUTAS, CONAT e setores da juventude. O calendário encaminhado foi reforçar a manifestação unificada do dia 21/05 e um indicativo de manifestação no dia 01 de junho. A próxima reunião será no dia 26/05, às 18h, no SEPE.

Nós da Corrente Socialista dos Trabalhadores (tendência do PSOL) apoiamos e impulsionamos essa ampla unidade. Defendemos que esse espaço se transforme numa plenária semanal, que reúna toda segunda-feira, agrupando setores em luta, comandos de greve, comissões de trabalhadores de base, sindicatos, movimentos populares/juvenis e organizações políticas. Defendemos a realização semanal de manifestações unificadas no centro da cidade, aproveitando os protestos das categorias em greve e buscando que as passeatas ocorram na Avenida Rio Branco. Ao mesmo tempo devemos verificar se é possível, neste momento, unificar as categorias em greve e setores em luta em manifestações toda quinta-feira, seguindo o exemplo do 15M ou dos atos massivos do MTST.

Entendemos que nossa tarefa é fortalecer concretamente as greves que estão ocorrendo, seus piquetes e passeatas. Um exemplo importante, dentre outros, são as greves Metalúrgicas de Niterói. Nessas greves, vários sindicatos, setores políticos, juventudes, parlamentares, integraram os piquetes, participaram das assembléias, marcharam nas passeatas e contribuíram para o avanço do movimento operário (até mesmo com campanhas de solidariedade e a proposta do fundo de greve).

De nossa parte acreditamos que a unificação das lutas e coordenação das greves deve desembocar na construção de uma greve geral em nosso estado, o que exige duas coisas: a) trazer pro time da luta as categorias que ainda não estão em greve; b) penetrar nos batalhões pesados da classe trabalhadora que ainda estão sob as amarras da pelegada. Dois desafios que devemos encarar com todas as nossas energias unificadas.

Abaixo reproduzimos trechos de uma das matérias da ultima edição do Jornal Combate Socialista, nº56, como opiniões e propostas sobre esse processo.

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UNIFICAR AS LUTAS E BATALHAR PELA GREVE GERAL

Uma onda de greves sacode o país combatendo o arrocho salarial, o ajuste fiscal e a corrupção de Dilma, a insatisfação com a Copa da FIFA e questionando a burocracia sindical pelega. O batalhão proletário que cruza os braços de norte a sul do país é formado pelos Rodoviários do Rio de Janeiro e de São Paulo que com suas paralisações estimularam a luta em várias outras cidades como em Belém ou no ABC; operários da construção civil de Cubatão (SP), Belém (PA) e do Comperj (RJ); servidores federais das universidades e escolas técnicas, judiciário e cultura; Municipários de Salvador, Belo Horizonte, Natal; trabalhadores da educação do município de São Paulo; Vigilantes, Metalúrgicos dos Estaleiros navais (a exemplo da vitoriosa greve do Brasa ou atual greve em curso no Vard), professores da rede municipal e estadual do Rio; Policiais Civis em vários estados; militares grevistas como os de Pernambuco. Há ainda uma infinidade de ocupações urbanas a lutas contra o alto preço dos alugueis com epicentro em São Paulo, articuladas pelo MTST, e explosões contra a violência policial contra o povo negro nas favelas Cariocas

Essa jornada de greves e lutas demonstra que os trabalhadores estão na ofensiva e que os governos e empresários já não podem mais atuar como antes. Sem dúvida a vitória dos Garis do Rio de Janeiro embalou esse processo, pois em pleno carnaval eles realizaram uma greve radicalizada conquistando um histórico aumento salarial de 37% e a elevação do ticket alimentação em 66%. A greve foi marcada por passeatas, assembleias massivas, amplo apoio popular e o surgimento de uma comissão de negociação com revogabilidade de mandato. Tudo isso garantiu a vitoria contra o governo de Eduardo Paes (PMDB-PT) que ameaçou com demissões e contra a direção pelega do sindicato que havia assinado um acordo rebaixado. O triunfo estimulou greves de Garis em Niterói, Recife, ABC, São Luis e Belo Horizonte.

Exigir das Centrais sindicais uma greve geral

A maior parte das greves em curso ocorre por fora ou questionando as lideranças das centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, etc). Tanto que o primeiro de maio das centrais foram shows musicais ao invés de dias de luta, sendo interessante notar que Ministros de Dilma foram vaiados nos eventos da própria burocracia. Devemos exigir que a CUT e as demais centrais sindicais rompam os pactos com os governos e os patrões e orientem seus sindicatos a realizarem assembleias para organizar a mobilização. Exigimos que a CUT e demais centrais abandonem os conchavos com nossos inimigos e coordenem as greves e mobilizações que estão acontecendo agora em maio e adiantem as campanhas salariais do segundo semestre (bancários, petroleiros, metalúrgicos, correios, etc) visando uma greve geral e um plano de lutas que prossiga durante o mês de junho. Uma ação unificada do conjunto da classe é fundamental para conquistar mais avanços ou barrar os ataques que estão acontecendo. Em cada federação é preciso fazer o mesmo. É absurdo que a CNTE fique paralisada enquanto professores de SP, RJ, BH e de outras cidades estão em luta.

Construir um pólo combativo e antiburocrático!

Entretanto é necessário construir o movimento pela base deliberando essa politica em cada reunião e assembleia. Precisamos da unidade dos comandos de greve, dos sindicalistas classistas e dos movimentos sociais, em solidariedade às greves e lutas. Propomos uma reunião nacional com a presença das INTERSINDICAIS, CSP-CONLUTAS, CONAT, CUT PODE MAIS, UNIDOS PRA LUTAR, o MTST, sindicatos da esquerda, chapas e grupos de oposição, para discutir como batalhamos juntos para coordenar as greves, as campanhas salariais e a unificação das lutas, visando dentre outras coisas a construção de mais jornadas centralizadas como o dia 15/05. Por exemplo, nos servidores federais onde a esquerda tem peso é preciso construir uma greve geral dos SPF’s, tarefa que pode ser encabeçada pelo ANDES-SN. Em cada estado podemos debater e realizar ações visando a construção desse objetivo, a exemplo das reuniões amplas que estão acontecendo no Rio de Janeiro. É particularmente importante a atuação das novas lideranças que surgiram nas lutas mais recentes, como os ativistas da greve dos rodoviários de Porto Alegre, os praças que organizaram a ocupação dos quartéis no Pará, as comissões de negociação dos rodoviários do Rio, as comissões de fábrica e negociação dos metalúrgicos de Niterói, as lideranças dos operários do Comperj, e principalmente, a comissão dos Garis do Rio de Janeiro, para concretização de ações unitárias e para a construção desse movimento colado à base.

FORTALECER AS COMISSÕES DE BASE!

Em meio ao fortalecimento das ações da classe, aumentaram os episódios onde surgiram organizações amplas de combate para agrupar os grevistas, em função da traição dos burocratas. Isso é o que vimos, por exemplo, na greve dos operários da construção civil do Comperj, onde se chegou a incendiar o carro de som dos pelegos; na greve dos rodoviários de Porto Alegre, por meio de uma oposição de base, e recentemente na comissão de fábrica do Estaleiro Brasa em Niterói. No caso dos Rodoviários do Rio aconteceu o mesmo: a direção burocrática negociou um acordo rebaixado por fora da categoria. Os rodoviários desconheceram a direção, formaram uma comissão de base e fizeram a greve. Por isso mais do que nunca devemos concentrar nossa energia na organização dos trabalhadores nos locais de trabalho e em comissões de base, aprofundando essas experiências e batalhando para expulsar os burocratas da direção de nossos sindicatos, exigindo que nossas entidades voltem a ser instrumentos democráticos e a serviço da mobilização. Sem duvida os Cipeiros combativos e as oposições são parte dessa batalha e quando existir a oportunidade devemos conformar e apoiar as chapas antiburocráticas. Propomos que todos os trabalhadores exijam que as decisões de interesse da categoria sejam tomadas em assembleias e que suas deliberações sejam cumpridas. Durante as lutas que sejam eleitos comandos pra coordenar o movimento com mandatos revogáveis. Esse processo será fundamental para ir agrupando a nova vanguarda que construirá uma nova direção para nossa classe!