PSOL SP – Direção majoritária dá tiro no pé

| Manuel Iraola e Alexsandro Costa – membros da Executiva e do Diretório do Psol/SP

O companheiro Vladimir Safatle é um professor e filósofo jovem, formado na USP, que entrou no partido o ano passado e foi convidado pela direção, por unanimidade, para ser candidato a governador de São Paulo. A notícia da provável candidatura repercutiu muito bem em setores da juventude e da esquerda paulistana.

Quando estava se fechando as condições da campanha, a militância do PSOL foi surpreendida com uma nota da direção majoritária afirmando que o companheiro Vladimir Safatle havia declinado de sua candidatura. Um dia depois, o próprio Safatle escreveu uma carta explicando os fatos e colocando ainda sua candidatura a disposição. Mesmo assim, o Diretório Estadual reuniu-se 18 de maio, e burocraticamente impôs que Safatle não seja mais candidato, mesmo que 45% do Diretório fez apelo para dar continuidade ao processo. Mais grave ainda, tentaram colocar goela abaixoGilberto Maringoni como candidato, intelectual conhecido pelas suas posições em defesa do PT.

As greves e protestos favorecem uma alternativa esquerda

Vivemos numa conjuntura extremamente favorável para a esquerda. Após as Jornadas de Junho, as propostas da esquerda radical encontram mais audiência no movimento de massas. Neste primeiro semestre surgiu uma nova onda de greves:garis, rodoviários, professores, metalúrgicos, tem protagonizado enormes greves passando por cima dos governos e das direções pelegas que estão na maioria dos sindicatos. Só nas últimas semanas pararam e se mobilizaram professores municipais, metroviários, ferroviários, o MTST e a juventude.
Se aprofunda a crise política dos velhos partidos: Dilma/PT e Alckmin/PSDB. Os escândalos protagonizados pelos petistas na Petrobras e a roubalheira dos tucanos no Metrô e na CPTM indignam os trabalhadores e o povo.Padilha está com suspeitas de vinculação com o doleiro Youssef, protagonista do escândalo do PT na Petrobras. Neste contexto, a candidatura de Safatle, pelo seu perfil vinculado às Jornadas de Junho, já vem atraindo diversos setores sociais para apoiar o PSOL. Os jovens que estiveram nas ruas em junho e os grevistas de agora podem ter uma candidatura com o perfil das mobilizações que protagonizam. E isso não é menor, também queremos disputar o voto de todos esses lutadores com uma proposta política alternativa.

Por que a Unidade Socialista e Ivan Valente não querem a candidatura de Safatle?

Por mais que eles argumentem sobre negociações fracassadas fica evidente que há um problema político que leva o setor majoritário do Partido (Unidade Socialista) avetar o nome de Safatle. Não podendo controlar suas declarações e tendo que abrir a outros setores do partido a organização e política da campanha, teme que Safatle possa se enfrentar “demais” com o PT e dar um perfil “demasiado radical” ao PSOL.
Pelo contrário,Maringoni seria um candidato light, para não enfrentar o PT, “um moderado”, para não dizer conservador. Ao invés de termos uma candidatura com o perfil das Jornadas de Junho, de combate ao PT e PSDB, querem impor um candidato que não se enfrente com o governo petista nos temas fundamentais da política nacional. Recentemente, Maringoni saiu em defesa de José Dirceu, indignado com um suposto “linchamento midiático” contra o PT. Disse ainda: “A solidariedade a ele, é dever de todo democrata”. Outro fato foi que na crise da Petrobrasse posicionou contra a CPI e qualquer investigação à roubalheira dos petistas e declarou: “Dilma não é o principal adversário”.Essa candidatura seria um importante retrocesso para o PSOL. Já fizeram isso impondo Randolfi contra a vontade do partido e contra a candidata que tinha posições mais à esquerda.

Em defesa do Safatle e da democracia interna

O Bloco de Esquerda já se pronunciou em defesa da candidatura de Safatle. Infelizmente o companheiro fez público no dia 20, em entrevista à Folha de SP que não vê mais condições de ser candidato, pois a direção majoritária já tem outro candidato. Gostaríamos insistir na candidatura do companheiro Vladimir Safatle, masachamos compreensível sua postura frente ao desrespeitoso tratamento da direção majoritária. Se essa postura for definitiva o Bloco de Esquerda precisa de uma alternativa unitária, de um pre-candidato ao governo de SP e de um programa alternativo para disputar a convenção do partido em junho com quem levante as bandeiras de junho e enfrente os governos do PT e PSDB, sem trégua.

Manuel Iraola e Alexsandro Costa – membros da Executiva e do Diretório do Psol/SP (respetivamente) e dirigentes da CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores).