Negritude na luta contra Bolsonaro
Pacote anti-crime vai legalizar os assassinatos da juventude negra nas favelas
O que há, na realidade, é um processo de extermínio da população negra, sobretudo em direção à juventude. Um racismo institucionalizado e disfarçado por políticas de “segurança pública”, ou suavizado por termos como “pacificação”. O ministro Sérgio Moro busca intensificar esta realidade, com o seu projeto de lei “anti-crime”, em que consiste, dentre outras coisas, institucionalizar uma licença para policiais militares matarem enquanto estiverem fardados, sem que sejam responsabilizados ainda que investigações apontem que não mataram por “legítima defesa”. O que ocorre nas favelas e bairros periféricos do Brasil é o avanço do domínio territorial de milícias, grupos paramilitares armados e compostos por agentes de segurança do Estado. O que Moro e Bolsonaro não querem: investir em educação, saúde, lazer e cultura para possibilitar uma perspectiva digna à juventude. Sua solução para a juventude negra é antiga, porém mais intensa: provocar o extermínio de uma juventude, cada vez mais vulnerável socialmente.A própria declaração de Bolsonaro, cinco dias após o assassinato do músico Evaldo Rosa, tendo sido, em seu carro e junto de sua família, brutalmente alvejado por militares do Exército com mais de 80 tiros de fuzil, em que o presidente naturalizou o fato e tirou a responsabilidade das Forças Armadas por este crime, deve ser repudiada. Para o presidente, nada significou a perda de Evaldo, assim como para tantos outros Evaldos que são assassinados e perseguidos no dia-a-dia das periferias brasileiras, simplesmente porque são confundidos com bandidos por conta de sua cor de pele.
Educação: Bolsonaro defende o pensamento único e um ensino racista.
No âmbito da educação, Bolsonaro e seu governo querem reescrever a história do país, como se escravidão não tivesse ocorrido, ou como se negros e negras tivessem optado em serem escravizados por senhores brancos e pelo Estado escravocrata brasileiro. Um verdadeiro desserviço para a luta antirracista. Isso porque, há mais de quinhentos anos a população negra é marginalizada e criminalizada. Todos os regimes e governos que estiveram à frente do país não resolveram esta questão, ou pior, a aprofundaram. A política de cotas raciais e sociais dentro das universidades públicas tem sido uma conquista importante do movimento negro e precisa ser defendida de maneira intransigente. Para além disso, não somente o ingresso de estudantes negros deve ser uma batalha, como a luta por permanência também, diretamente ligada a investimentos de verbas para garantir alimentação, bolsas de estudo e de assistência estudantil e transporte, por exemplo. Enquanto o governo busca suprimir o debate racial e esconde a história de uma perspectiva dos de baixo, cabe a nós lutar nas ruas contra o projeto de lei Escola Sem Partido, para revogar a Reforma do Ensino Médio, e todo o pacote de cortes de verbas aplicado por Bolsonaro, pelo novo ministro Abraham Weintraub e companhia do mal.Somente a luta permanente poderá ajudar a que a juventude e o conjunto da população negra se emancipe e busque igualdade econômica, política e social de fato.
Marielle Vive: Mulheres negras não parem de lutar!
O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) escancarou a realidade genocida no país, sua defesa intransigente das mulheres, do povo negro e contra a intervenção militar no Rio, lhe custou a vida, mas pavimentou a luta. Depois de um ano do seu assassinato, há uma pergunta que não cala: Quem mandou matar Marielle Franco?Estamos diante de um governo racista e misógino, a prisão dos assassinos de Marielle, evidenciou a relação do clã Bolsonaro com as milícias, responsáveis por extorquir na ausência do estado, a favela. O presidente tenta negar nossa identidade e busca reforçar o atraso na consciência dos trabalhadores, onde nenhum outro governo buscou enfrentar a herança da escravidão negra.Apresentou a proposta de reforma da previdência, que aumentará a desigualdade social entre as mulheres negras e as não negras, pois somos as mais afetadas pelo desemprego, segundo o IPEA. Diante da desigualdade que o governo busca ampliar, a ampliação do sistema de capitalização privada e o aumento no tempo de contribuição, com 40 anos, previstos, irão aumentar ainda mais a disparidade de gênero e raça, principalmente em um país que não reconhece o racismo e é legitimado pelo presidente. Estamos diante da necessidade urgente de reafirmar os direitos das mulheres negras, é necessário lutar contra a reforma da previdência, revogar a reforma trabalhista e a EC 95 e auditar e suspender a dívida pública, para garantir o direito à aposentadoria e empregos com garantias, para investir em saúde e cuidado e para avançarmos à uma educação emancipatória, para garantir uma política de segurança pública preventiva e inteligente, passando pelo acesso ao lazer e a cultura.
Negros e negras rumo à Greve Geral!
Nós somos maioria e construímos esse país sob sangue, estupro, violência e negação das nossas vidas. É preciso identificar nossos inimigos e Jair Bolsonaro é o número um. Seremos os mais afetados pelos ataques do governo Bolsonaro e seus aliados, como Witzel e Dória, por isso é fundamental que o conjunto do movimento negro nas universidades sejam parte do calendário de lutas do ANDES e CNTE, que apontam paralisações e mobilizações para o dia 24/4, Atos no 1° de maio e o dia 15 de maio como um dia da greve geral.. Cabe a negritude ser parte da construção da greve geral para barrar os ataques do governo Bolsonaro e lutar pelo não pagamento da dívida pública, para destinar esse recursos para saúde e educação , geração de empregos e para políticas públicas que combata o racismo.
A direção majoritária da UNE (PT/PCdoB/Levante) têm que sair da paralisia, somos alvo e nossa luta por sobrevivência não espera. Que o VI Encontro de Negros e Negras da UNE aprove um calendário de lutas unificado, por justiça por Marielle e Evaldo, contra a reforma da previdência e em defesa da educação pública.