Que os militares que assassinaram Evaldo paguem pelo crime!
O brutal assassinato do músico Evaldo dos Santos Rosa, fuzilado em Guadalupe, subúrbio do Rio de Janeiro por mais de oitenta disparos efetuados por forças de segurança comandadas pelo exército, chocou o Brasil. Não poderia ser diferente. Aproveitando a tarde de domingo, Evaldo se dirigia com sua família, incluindo um filho de 7 anos, para participar de um “chá de bebé” quando foram surpreendidos por uma patrulha militar que, sem cerimônias, efetuou 80 tiros contra o carro em que viajavam.
Uma verdadeira tragédia, mas não um fato raro. Principalmente, quando os atingidos pelos disparos das forças armadas do Estado, são negros, moradores do subúrbio, periferias e favelas. Como acontece em todos estes fatos, hipocritamente, o exército lançou uma nota explicando que “… a patrulha se deparou com um assalto e foi atacada por criminosos. E que, por causa disso, atirou contra os assaltantes”. Uma mentira deslavada que pouco depois teve que retificar frente às várias testemunhas de vizinhos que incluíam até filmagens.
Na verdade, ações deste tipo, alentadas pelas políticas e os discursos do presidente Bolsonaro e do governador Witzel, seguem o padrão do racismo institucional do Estado brasileiro, herdeiro do antigo Estado escravocrata, que se expressa na forma da abordagem policial violenta contra negros, sempre conduzidos à condição de suspeição: se é negro é suspeito.
Nada poderá reparar o tremendo dano causado a esta família e as graves seqüelas que esta brutalidade irá deixar para o resto de suas vidas. Além da morte de Evaldo, seu sogro que ia de seu lado e um vizinho que tentou ajudar foram feridos de gravidade e estão internados. O Estado, que com a eleição de Bolsonaro, encoraja e empodera os senhores das armas, os PMs e os homens da caserna a assumirem, sem constrangimento moral ou legal, este tipo de crimes, é o principal responsável e deverá prestar contas por mais este assassinato.
As investigações não podem ficar nas mãos da justiça militar. Junto com o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ) de longa atuação na comissão de direitos humanos da ALERJ, “Exigimos a investigação e responsabilização dos envolvidos. Casos como esse mostram como políticas de segurança baseadas no confronto, letalidade policial e no afrouxamento da investigação e responsabilização são nefastas. Elas apenas nos fazem caminhar rumo à barbárie.”
Exigimos que os militares assassinos de Evaldo paguem pelos crimes cometidos e sejam julgados fora do corporativismo da justiça militar. Toda solidariedade à família de Evaldo e de outras vítimas do racismo do Estado brasileiro. Que a justiça impeça a racista, criminosa e inconstitucional prática do abate autorizada pelo governador Witzel e apoiada pelo presidente Bolsonaro, e que o governador fluminense seja responsabilizado criminalmente.
Repudiamos ameaças a jornalista
Dentro dessa conjuntura, em que a prática do abate está liberada pelas autoridades, sobrou até ameaças de morte para o repórter da Globo, Carlos de Lanoy, que fez a matéria sobre o fuzilamento do músico Evaldo e sua família: “Mexeu com o Exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde cartas!”, postada em nome de Erik Procópio. Repudiamos este tipo de ameaças de quem se sentem protegidos por um governo que prega a violência e a repressão ao invés de adotar políticas para acabar com a miséria e a desigualdade social. Toda solidariedade com o jornalista Carlos de Lanoy e exigimos punição para o autor das ameaças.