11 de julho: Trabalhadores entram na luta contra o governo

| Nota da CST PSOL

O Dia de Lutas, convocado por nada menos que oito centrais sindicais, nos deixa duas conclusões categóricas.

A primeira, os trabalhadores demonstraram que estão dispostos a lutar e enfrentar o governo em defesa de suas reivindicações. Neste sentido, o dia 11 de julho foi uma clara continuidade das jornadas de junho e surge como resultado delas.

A segunda, o fracasso das direções governistas em mobilizar setores importantes dos trabalhadores, expressando um claro sentimento de rejeição a esses dirigentes e ao próprio governo, avançando assim o processo de ruptura por parte dos trabalhadores com as direções históricas como o PT e a CUT, hoje no governo e atuando contra os trabalhadores.

Este fato, longe de ser negativo, é extremadamente positivo. Se o dia de lutas não foi uma greve geral, é porque as direções governistas não queriam enfrentar o governo Dilma e fizeram o chamado a lutas, greves e mobilizações, pressionadas por um lado pela situação aberta em junho, e por outro para descomprimir e recuperar o controle do movimento, apavorados ao ver que em junho não só não tiveram incidência como foram rejeitados por multidões.

Mas o fato é que os ares de junho entraram no seio da classe, profetizando que os próximos meses não serão nada tranquilos para o governo nem para as direções burocráticas.

Foi um forte dia de lutas

Onde as direções se jogaram para paralisar, os trabalhadores responderam. Em algumas cidades onde parou o transporte, como Porto Alegre, Vitória ou Belo Horizonte, o clima foi de greve geral. Na capital gaúcha também pararam os bancários (ainda que a Contraf dirigida pela burocracia não convocasse) e professores, e a Câmara dos Vereadores foi ocupada pela juventude. A cidade se destacou pela força da paralisação e das mobilizações. No Vale do Paraíba as direções classistas paralisaram diversas fábricas metalúrgicas e químicas e os combativos condutores filiados à CUT fizeram operação tartaruga. No Rio de Janeiro, paralisaram os professores e trabalhadores das universidades federais, alguns órgãos federais e setores de professores. No país inteiro houve paralisações de servidores federais, como em Belém; alguns setores da construção civil, petroleiros em SE e Vale do Paraíba; metalúrgicos, também no ABC, ainda que parcialmente, portuários em diversos estados, demonstrando a disposição de luta que existe entre os trabalhadores.

Mas, o que teve mais divulgação foram os atos e bloqueios de estradas, com participação do MST em muitos casos, por setores classistas em outros e, sobretudo, pelas centrais sindicais.
Estas priorizaram o visual e a ostentação de faixas, balões, trios elétricos e muito, mas muito aparato, ficando a nu que seu poder de mobilização foi pequeno. Calcula-se que nos diversos atos pelo país participaram em torno de 100 mil pessoas. Um símbolo desta falência é que tiveram que apelar até de “militantes pagos” para vestir camisas, levar bandeiras e faixas!

As perspectivas e nossas tarefas

O salto na crise das direções sindicais tradicionais, com as quais milhões de trabalhadores não se sentem representados, reafirma que cada vez mais acontecerão rebeliões e greves surgidas das bases tendo que enfrentar e derrotar os dirigentes governistas para poder lutar e ganhar, como demonstraram os comerciários de Belém, ou como aconteceu em Jirau e Santo Antônio em 2011 e nos metalúrgicos de Niterói em 2012.

Aproximam-se as campanhas salariais do segundo semestre. Entre elas, as de bancários, petroleiros e químicos. As centrais também falam em uma nova jornada de lutas para o dia 30 de Agosto, ainda que sem fazer assembleias e discutir com as bases.

Mas, o que demonstraram as jornadas de junho, assim como o dia 11/07, é que se pode mais. É necessário preparar uma verdadeira greve geral, com assembléias de base democráticas, que debatam a pauta, que tem que ter como centro enfrentar e derrotar o governo federal, sua política econômica e seu pacto de ajuste fiscal. Essa será a única forma de conquistar passe livre, saúde e educação de qualidade, salários de acordo com a inflação, a prisão dos mensaleiros e o fim da corrupção, enfim, a pauta pendente de junho, junto com as campanhas salariais, unificando a juventude e a classe trabalhadora numa unidade desde as bases, esta sim capaz de vencer.

Uma saída anti capitalista

O pacto proposto pelo governo, com apoio das direções da CUT e da UNE (PT e PCdoB), além de reafirmar o ajuste fiscal, fala em plebiscito e reforma política. Como se por aí passasse a solução dos problemas do povo brasileiro. Mas, as soluções de fundo à crise econômica e política não sairão jamais do corrupto regime político capitalista, com seus parlamentares e ministros, com seus partidos e dirigentes, todos à serviço do grande capital.

A luta sem trégua é a primeira condição necessária. Mas, junto com isso, quais devem ser suas bandeiras e objetivos?

Precisamos reorganizar o país e não só o sistema eleitoral. Devemos rediscutir as bases econômicas e políticas do Brasil numa Assembleia Constituinte livre e soberana, com constituintes eleitos para tal fim e com amplo debate entre a população, sem intervenção do poder econômico, para redigir uma nova Constituição que contemple: a suspensão do pagamento da dívida pública para satisfazer as demandas operárias e populares; a nacionalização dos bancos e das empresas estratégicas, pois estas são as bases mínimas para termos uma verdadeira soberania a serviço da maioria da população.

Propomos, por exemplo, acabar com os privilégios dos políticos e que seu salário seja igual ao dos professores; pelo fim do foro privilegiado; que eles se aposentem como todos os servidores públicos e a revogabilidade dos seus mandatos. Lutar por estas soluções pressupõe ir construindo uma direção alternativa, sindical e política, contra os velhos partidos que governam para o Capital, uma direção que lute por estas bandeiras e organize o povo com democracia para um novo poder, dos de baixo, dos trabalhadores e do povo.

Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST/PSOL