Uma Intifada contra Trump, Netanyahu e o sionismo! Tirem suas mãos de Jerusalém e da Palestina!
Por Tailson Silva (Militante da CST/PSOL e professor de Geografia)
Essa semana, o imperialismo yankee efetivou mais um ataque ao povo palestino, reforçando sua aliança histórica com o Estado sionista de Israel. Desta vez, a política adotada por Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para a cidade pode ser considerada como uma mudança de rota da política estadunidense para o “conflito” palestino. Alguns analistas dizem se tratar de uma política sem efetivação prática e que serve apenas como aceno ao lobby sionista e a ultradireita dos Estados Unidos, ao qual Trump construiu forte aliança em sua campanha eleitoral. Não há como ter uma definição concreta da profundidade ou da efetividade desta política, mas não nos enganemos quanto o desejo de Trump em ver Netanyahu fortalecido, para sua guinada mais expansionista e colonialista contra os territórios palestinos, onde Jerusalém seria a cereja do bolo.
Após as eleições de Netanyahu em 2015 e Trump em 2016, a ultradireita sionista norte-americana passou a exigir uma outra postura e política para Israel. O imperialismo yankee, os demais governos mundiais e os organismos internacionais adotam a defesa da existência de dois Estados na região (Israel e Palestina), baseados na partilha arbitrária da ONU de 1947 e nas mudanças territoriais (expansão) do sionismo na Palestina, depois das Guerras dos Seis Dias em 1967 e do Yom Kippur em 1973, ou seja, que Israel controla cerca de 80% do território histórico da Palestina e que a Palestina se resumiria a Jerusalém oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza, um Estado sem unidade territorial. Na prática essa política de dois estados impede a possibilidade de um futuro Estado Palestino com viabilidade territorial e até econômica, sendo um mini-estado pobre e enfraquecido perante a ambição territorial do sionismo na Palestina.
Com essa política, Trump acena a Netanyahu, que irá fortalecer ainda mais as idéias expansionistas do sionismo, que sonha em ser um Estado único na Palestina e pra fazer isso precisariam anexar a parte oriental de Jerusalém. Aqui cabe explicar que a ideia de conquistar a cidade de Jerusalém foi uma imposição do pensamento sionista, antes marginal entre os judeus, durante seu fortalecimento quanto setor político majoritário. Frações do judaísmo são contra a colonização sionista da Palestina, em especial a cidade de Jerusalém e o sionismo precisou deturpar o pensamento do judaísmo rabínico, que não vê a “Cidade Santa” como um lugar a ser reconquistado pelos judeus, mas sim como um lugar sagrado no imaginário coletivo judaico, onde a peregrinação a cidade em datas religiosas ocupa um lugar maior do que a sua conquista. Portanto a conquista de Jerusalém, com sua completa “judaização” é uma invenção moderna do sionista.
Apesar das fortes manifestações e acusações de corrupção sobre seu governo, Netanyahu e os sionistas “moderados” e ultras, tem apoio majoritário da sociedade israelense e dos judeus do mundo, pra seguir a colonização da Palestina histórica. Na mira dos sionistas estão dois novos planos para fortalecer a sua presença territorial e demográfica na Palestina, condição pela qual o sionismo tenta se fortalecer e no futuro construir seu Estado único na Palestina, já que os palestinos nunca entregaram seu território de mão beijada. São os planos da “Grande Jerusalém” e o “2020”, estes dois planos são baseados na chamada ameaça demográfica palestina, que mesmo depois de 70 anos de colonização, genocídio e limpeza étnica, continua sendo bastante numerosa (45% da população da Palestina histórica) e tem uma taxa de crescimento populacional muito superior a israelense, ou seja, num futuro próximo a população árabe voltaria a ser majoritária no território da Palestina.
Não à toa no último período houve um fortalecimento da ampliação das colônias sionistas nos territórios palestinos da Cisjordânia e em Jerusalém oriental, onde cerca de 6.700 unidades residências foram construídas, somente em 2017, numa política que é combinada com a retirada de palestinos desses territórios, principalmente em Jerusalém. O Ministério do Interior de Israel visa à construção de um milhão de novas unidades habitacionais para abrigar em torno de quatro milhões de colonos até 2020. Isso se daria com a transferência de 52% dos judeus do mundo (cerca de 13 milhões) que deveriam migrar para Israel, numa política desesperada do sionismo de deter o crescimento populacional palestino. No meio desse “desespero”, Netanyahu viu que pode conta com Trump pra jogar ainda mais sujo contra os palestinos.
A postura de Trump fez surgir um turbilhão de questionamentos mundiais. Os governos dos países imperialistas que defendem dois estados na região e preferem ver os palestinos acreditarem em falsas negociações de paz, se posicionaram contrários a Trump e chamaram uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU pra tratar do tema. No outro lado, os palestinos e árabes do mundo se colocaram em luta pra defender o território palestino e derrotar mais esta investida do sionismo. Desde quarta, protestos são realizados em diversas cidades da Palestina e por todo o mundo muçulmano, com destaque para as manifestações de hoje, com ruas lotadas em Jerusalém oriental, Belém, Ramallah e Gaza na Palestina, Cairo no Egito, Jacarta na Indonésia, Dacca no Bangladesh, Karachi no Paquistão, Teerã no Irã, Beirute no Líbano, Amã na Jordânia e várias outras cidades do oriente médio, norte da África e sul da Ásia. Milhares colocaram fogo em bandeiras de Israel, dos Estados Unidos, de Trump e Netanyahu e gritaram que Jerusalém não será de Israel, repetindo a luta que derrotou as recentes intenções sionistas de controlar a Explanada das Mesquitas de Al-Aqsa em Jerusalém. O movimento político palestino Hamas, com o qual temos diferenças programáticas, convocou corretamente os palestinos a 3 dias de fúria contra Israel e os Estados Unidos e também para a construção de uma nova Intifada pra derrotar Trump, Netanyahu e o sionismo. A reação das forças de segurança de Israel foi com a brutalidade de sempre, dezenas de feridos, dois mortos em Jerusalém e bombardeios sobre a Faixa de Gaza, algo que devemos denunciar e repudiar.
A liberdade da Palestina não virá por meio da ONU ou dos governos imperialistas e é por isso mesmo que os lutadores do mundo têm que repudiar essa política de Trump e apoiar a luta do povo árabe e palestino contra os perversos planos sionistas em parceria com Trump. É preciso uma Intifada contra Trump, Netanyahu e o sionismo, para que estes tirem suas mãos de Jerusalém e da Palestina. Reforçamos que nossa posição não é contra os judeus em particular e sim ao projeto sionista e por isso defendemos que a Palestina seja livre e a condição para tal, é que o Estado de Israel e suas leis racistas e colonialistas deixem de existir e que um Estado Palestino laico, democrático e não racista seja edificado no lugar. A Palestina e Jerusalém devem se coabitadas por todos os povos, sem leis racistas como as de Israel e com harmonia e paz e isso só virá com a luta do povo palestino apoiados pelos lutadores mundiais, incluindo os judeus não sionistas.