Por uma República Catalã
Declaração da Luta Internacionalista
(Seção da UIT-QI no Estado Espanhol e organização irmã da CST/PSOL)
A brutalidade do regime das semanas anteriores, com controles, proibições, confiscos e detenções, derivou hoje na selvagem atuação policial que deixou mais de 760 feridos até agora. A reposta do conjunto do povo foi espetacular: milhares se mobilizaram para custodiar as escolas, abrir os colégios e defender as urnas. Quanto mais repressão e informação de ataques e/ou feridos, se incrementava o número de pessoas em defesa dos centros de votação. A juventude foi uma força imparável, mas lado a lado dos avôs e de famílias inteiras. Foi uma vitória sem precedentes do povo nas ruas. Em nenhum momento foi um “choque de trens”, de dois iguais se enfrentando; sempre foi uma luta desigual, a do aparato do estado franquista contra o povo e neste combate, hoje, as ruas, foram nossas e ganhamos!
Mas quando isto já é evidente, aparece uma nova enganação. Desde Podemos e Els comuns, mantendo a posição que o plebiscito não poderia ser vinculante, e agora pior ainda, centram o problema só em Rajoy. Coincidindo com o PSOE-PSC e setores de CiU (hoje PdCat). Enquanto as bases de uma e outra força política, muitas vezes arrastando seus dirigentes à luta , e se multiplicaram na defesa das escolas, e hoje votando e sofrendo os ataques da repressão, eles reduzem o problema ao PP. E não é só o governo de Rajoy, é também a fiscaliza, o TC, a justiça desde os TSC, a policia nacional e um corpo sob jurisdição militar como a Guarda Civil. E não podemos esquecer que a cabeça do exército é a monarquia. É o regime que tratou de esmagar o povo com a bota militar! Rajoy é só um de seus instrumentos. O direito à autodeterminação é contra a natureza deste regime “amarrado e bem amarrado” por Franco sobre a ideia de que a “Espanha, antes vermelha de sangue do que rompida” e isto hoje ficou claro, caso alguém duvidasse.
Por isso é tão grave o chamado da Prefeita Ada Colau a que a UE imponha um diálogo, ou Podemos fazendo cálculos para uma moção de censura ou de novas eleições. Para negociar um referendum pactuado, que sabemos ser impossível de acontecer com essa constituição. Os setores da burguesia que querem voltar a seus negócios acordando com o ministro da economia Luis de Guindos umas migalhas a mais… É terrível porque se esta tentando repetir a traição de Syriza, quando o povo grego falou NÃO, e Tsipras correu a negociar com a União Européia. O povo catalão hoje rompeu com o regime, enfrentando-o e obtendo um triunfo que tem muito mais valor que se houvesse votado num referendum ordinário. A vinculação a esta vontade de ruptura com o regime não pode ser traído por ninguém,seja qual for a aparência da negociação que se pretenda dar. Por todo o acontecido nestes dias e em especial neste final de semana contra a brutal repressão, os e as trabalhadoras temos que paralisar as empresas numa greve geral o dia 3 de outubro e se fosse necessário dar continuidade nos dias seguintes. O regime monárquico é o regime das empresas do IBEX 35, da Caixa Bankia, da reforma constitucional para pagar a dívida às custas do sofrimento das famílias operárias. Necessitamos amanhã dia 2, que em todos os centros de trabalho os comitês de empresa e seções sindicais, convoquem assembleias e se posicionem em favor da greve geral do dia 3 com balanço na noite para ver se continuamos o dia 4, e também que escolham comitê de greve em cada centro de trabalho ou estudo.
É necessário fazer públicos os posicionamentos e enviar às centrais sindicais, tanto as convocantes como exigindo a CCOO (Comissões Operárias) e UGT a que se somem. Há que tratar de coordenar os comitês de greve a nível local para garantir o dia 3. Está em jogo a liberdade que hoje companheiros e companheiras defenderam com seus corpos nos enfrentamentos com a policia do regime. Está em jogo que o próximo passo esteja a serviço dos e das trabalhadoras. Porque hoje constatamos que este regime monárquico de 1978, herdeiro de Franco, nunca nos deixará sequer votar. Para fazê-lo, há que fazer já a Declaração Unilateral da Independência que é a única expressão política que deixaram de ruptura. Não é trocar Rajoy por Iglesias ou Sanchez, porque não é um problema de governo, mas de estrutura de estado. E temos que contrapor uma a outra: hoje a única possível é a Republica Catalã, que tem de estar a serviço dos trabalhadores e das trabalhadoras, dos milhares de jovens que hoje defenderam as urnas.
O dia 3, tal como dizia o programa de JxS se não deixavam votar, como o da CUP-CC muito antes, é necessário que o Parlamento proclame a Independência com a maioria de que dispõe. E necessitamos também que CSQEP se defina, se está com as ruas e os golpeados de hoje ou continua ao lado do regime que diz combater. E agora, de que lado está a direção de Podemos e Els Comuns?. Suas bases estão nas ruas, mas e eles? Vamos ver o que fazem o dia 3/10. E necessitamos, como aconteceu ontem do apoio de Bilbao, Madri e outras capitais. Porque a agressão de hoje foi contra todos e todas. Esta noite, os organismos que se reúnem para definir os próximos dias, não podem tremer: greve geral no dia 3/10, impulsionando a votação na maior quantidade de postos de trabalho, comitês de greve locais, e DUI no mesmo dia, colocando esta nova república em primeiro lugar a serviço de quem saíram hoje e sairão no dia 3/10: os e as trabalhadoras, a juventude e os setores populares.