Contra a perseguição ao professor Pedro Mara
O deputado estadual Flavio Bolsonaro (PSC) declarou que acionará o Ministério Público e a Secretaria Estadual de Educação do RJ para solicitar o afastamento do professor Pedro Mara, diretor eleito do CIEP 210 em Belford Roxo.
O argumento do deputado é de que Pedro estaria fazendo apologia ao uso de drogas pelo fato de ter uma folha da maconha tatuada no antebraço, um completo absurdo. Não há problema ou crime algum nessa tatuagem, diferentemente de símbolos nazistas, como a suástica, que a família Bolsonaro já divulgou publicamente.
Por outro lado, há sim problemas graves na vida do povo do RJ que Bolsonaro e o PSC fingem ignorar, mas que na verdade são cúmplices.
A educação pública do estado do RJ está sendo atacada pelo governador Pezão (PMDB) com auxílio do secretário Wagner Victer e sofrendo cortes de verbas sistemáticos que acarretam graves problemas estruturais nos colégios, fechamento de turmas e turnos, demissões e atraso no pagamento dos salários dos terceirizados, milhares de estudantes sem aulas de diversas matérias pela falta de professores etc.
Os profissionais de educação estão recebendo seu salário no 10º dia útil do mês e o conjunto dos aposentados do funcionalismo público estadual ainda não terminou de receber o salário do mês de abril.
O caos social também se manifesta no crescimento da violência, fruto da política de (in)segurança pública assassina e de criminalização da pobreza aprofundada no antigo governo do corrupto de Sérgio Cabral e que Pezão e Crivella (PRB) agora dão continuidade. Com o pretexto da “guerra às drogas” Pezão aprofunda a violência policial nas comunidades do Rio de Janeiro realizando operações durante o dia que obrigam o fechamento de escolas e expondo milhares de alunos e profissionais da educação a situações de risco que, só neste ano, terminaram tirando a vida de duas alunas da rede municipal e estadual, Maria Eduarda e Vanessa.
Portanto, é inacreditável que diante desse cenário a grande preocupação de Bolsonaro seja com uma tatuagem de um professor. Pelo contrário, o mandato de Bolsonaro pertence à base de Pezão na ALERJ e o PSC faz parte do governo. O mesmo ocorre nacionalmente em relação ao corrupto e ilegítimo governo Temer que quer aprovar contra-reformas que retiram direitos sociais dos trabalhadores. Nesse sentido, não é por acaso que este ataque a um professor grevista e militante da educação, recentemente eleito diretor da escola em que trabalha pela maioria da comunidade escolar de forma democrática, uma das conquistas da categoria na greve de 2016, e signatário de uma carta publicada nesta semana junto a outros diretores eleitos que denuncia a responsabilidade do governador pela morte da jovem Vanessa, assassinada no pátio do C.E. Ricarda Leon, em Belford Roxo.
Por isso, repudiamos a atitude de Bolsonaro e prestamos total solidariedade ao professor Pedro.
Defendemos a liberdade e a autonomia pedagógica dos profissionais de educação do RJ e rechaçamos qualquer possibilidade de processo do MP e da SEEDUC.
Nos somamos a luta contra à perseguição política aos diretores grevistas eleitos e ao conjunto dos lutadores da categoria da educação do RJ!
Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL
Rio de Janeiro, 8 de julho de 2017.