Nota de Solidariedade ao Povo Gamela
Na semana que os indígenas participavam do Acampamento Terra Livre 2017 e foram reprimidos pela polícia do DF, um grupo de índios da etnia Gamela foi brutalmente atacado por cerca 200 capangas de fazendeiros na comunidade de Bahias, município de Viana-MA, a 211 KM da capital, São Luís.
Os indígenas estavam deixando uma área que haviam retomado de fazendeiros, quando foram surpreendidos pelos bandidos portando armas de fogo, facão e machados. 13 índios ficaram feridos. 2 ainda se encontram em estado grave no pronto socorro da capital maranhense.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou nota em que acusa os fazendeiros como responsáveis pela tentativa de assassinato das lideranças Gamela. Isso está evidenciado, pelos ferimentos sofridos por diversos deles. Um, inclusive, teve as mãos quase decepadas e levou dois tiros na coluna. O requinte de crueldade na ação dos latifundiários é surpreendente, mas não é novidade.
De acordo com lideranças Gamela e grupos de defesa dos direitos indígenas o ato foi premeditado em reuniões de proprietários e moradores das áreas reivindicadas pela etnia. Frieza de ação mobilizada de sexta ao domingo do ataque (30/04). Contou inclusive com o meio de comunicação local, que deu espaço ao deputado federal Aluísio Mendes-PTN (que foi base dos governos FHC, Lula, Dilma, segurança de José Sarney e ex Secretário de Estado de Segurança Pública do governo de Roseana Sarney). O parlamentar, membro da famigerada bancada ruralista, exaltou um suposto “direito de reação dos latifundiários” à luta dos indígenas e incentivou os proprietários a realizar os atos contra as etnias. Tudo registrado em entrevista a uma rádio amplamente divulgado em áudio pelos grupos de WhatSapp.
Dino e Temer são responsáveis pelos ataques aos gamela e demais povos indígenas
O governador Flávio Dino (PCdoB) é denunciado por sua omissão nos conflitos envolvendo várias etnias no Maranhão. Os Ka’apor e os Gamela estão no olho do furacão. Inclusive uma guarnição da Polícia Militar presenciou a tentativa de chacina dos Gamela e nada fez para impedir o crime.
O governador Dino é um incontroverso aliado dos latifundiários e tem ao redor de seu condomínio de poder, o grande empresariado ligado a soja e outras monoculturas, o que dita o ritmo da política agrária no estado. É por este motivo que temos que conviver com assassinatos de lideranças, despejos forçados, mortes em reintegrações coordenadas pelo governo do estado, brutal repressão e aumento exponencial do estado policial, que no campo, sempre atua do lado de dentro das cercas farpadas.
O desmonte da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a aprovação pelo governo Dilma (PT) do novo Código Florestal, de autoria do então dep. fed. Aldo Rebelo (PCdoB) e a impunidade no campo são os principais combustíveis dos crimes contra os indígenas no Brasil.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), membro da bancada ruralista, é um declarado inimigo das causas indígenas. Junto ao nefasto presidente Temer, promoveu este ano um corte de 55% do orçamento da FUNAI e trabalha pela aprovação no Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, que transfere ao parlamento da Lava Jato a prerrogativa das demarcações de terras indígenas. O que será um inimaginável retrocesso.
Por criticar os cortes orçamentários no órgão e a atuação do governo federal no caso Gamela, o Diário Oficial da União trouxe a exoneração na última sexta-feira (05/05) do titular do órgão, Antonio Fernandes Toninho Costa (PSC). Os jornais repercutiram as graves declarações dele, após sua saída da FUNAI. Falou que há uma “ditadura no governo Temer” que impede políticas indigenistas. Além de referir que o ministro da Justiça acoberta “malfeitos” contra os índios. Tudo muito grave.
Não é conflito. É genocídio!
A mídia burguesa e os telejornais divulgam a situação de crise no campo e nas florestas como se fosse um “conflito” entre ruralistas e povos indígenas. Nada mais falso, na medida que a gente vê pelos números quem está tombando no país. Os índios são vítimas de um verdadeiro genocídio.
No momento do contato com o invasor português, eram uma população de 5 milhões. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número de indígenas hoje no Brasil não chega a 900 mil pessoas. A Organização das Nações Unidas emitiu nota na última quinta-feira (04/05) expressando preocupação com a situação dos Gamela e cobrando dos governos federal e estadual investigações urgentes e punição exemplar aos responsáveis pelo massacre de Viana.
De acordo com o CIMI, 137 índios foram mortos em 2015. De 2003 pra cá esse número macabro já chega a quase 900. Segundo antropólogos ouvidos pelo jornal Zero Hora, a ausência de demarcações de terras indígenas é um dos principais responsáveis dessa matança. Sem contar que comumente os povos indígenas, suas culturas e existência são diuturnamente ameaçados pelos interesses escusos de madeireiros, pecuaristas mineradoras e projetos hidrelétricos, como Belo Monte no rio Xingu e São Luis no Tapajós.
Neste sentido, nós da CST – PSOL, somos solidários às vítimas desse brutal ataque e colocamos nosso irrestrito apoio à luta dos povos indígenas. Estamos construindo não só a solidariedade política, tão necessária neste momento no Maranhão, como também ajudando a angariar donativos que atenuem o dano causado pelo revoltante atentado. Exigimos a mais ampla investigação dos fatos e punição dos responsáveis!
TODO APOIO A LUTA DOS POVOS INDÍGENAS!
NÃO À PEC 215!
DEMARCAÇÃO JÁ DE TODAS AS TERRAS INDÍGENAS!
SOMOS TODOS GAMELA!
CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES – CST PSOL