Chacina de presos em Manaus | O Estado capitalista e os governos são os responsáveis
Num país onde a desigualdade é gritante e as tragédias sociais são tratadas como caso de polícia, a chacina de Manaus, assim como tantas outras, não acontecem por azar. Manaus não é um caso isolado.
Entretanto, os ladrões de colarinho branco, os que afundam o país e quebram os estados de tanto roubar dinheiro público, quando são presos – como no caso da operação Lava Jato – estão longe de sofrer condições carcerárias de superlotação ou de barbárie como as que vivem os detentos nas celas de qualquer estado do país.
Esse é o resultado do Estado capitalista atual, dos governantes atuais e os que já governaram, de Temer e dos governadores, pois jogam na miséria milhões, com alto desemprego, salários arrochados, terceirizações, saúde e educação públicas caindo aos pedaços, aposentados que não recebem, preços em alta, aumento de tarifas e sua política de “guerra as drogas”, um caldo de cultura para o desespero e as atividades ilícitas pelas quais depois são arrojados nas verdadeiras masmorras que são as cárceres brasileiras, quando não são assassinados antes pelas polícias como acontece com milhares de jovens, na sua maioria negros, das periferias das cidades do país.
LU$$CRO ACIMA DE TUDO!
“Peritos do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), órgão ligado ao Ministério da Justiça, afirmam que a gestão terceirizada e a divisão dos detentos por facções criminosas nos presídios do Amazonas facilitam situações como a do massacre no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus.” (UOL-03-01-2017).
Quando um órgão vinculado ao próprio governo critica a “gestão terceirizada” é porque a situação já é tempo que fugiu do controle. Como mais uma crueldade, a empresa que controla e lucra com os detentos se chama “Umanizzare”. Vejam como humaniza a situação o empresário, que onde deveria haver 454 presos, abrigava 1.224! ou seja um “excedente” de 770 no regime fechado. Já no regime semiaberto do mesmo Complexo Penitenciário Anísio Jobim com capacidade para 138 presos, havia 602, ou seja um excedente de 464 presos. Mas de acordo com o Portal Transparência, o contrato já leva mais de 1 bilhão de reais, junto com outra empresa, bom negócio para “Umanizzare”; tragédia anunciada para os detentos!
Mas a terceirização é o mecanismo adotado pelo capital e os governos para possibilitar mais e melhores lucros aos empresários que financiam suas campanhas. Assim acontece por exemplo com os hospitais, onde as chamadas OSs são as “empresas” responsáveis da gestão do dinheiro público, do nosso dinheiro, isso mesmo, mas como o centro é o lucro, a saúde vai pelo ralo.
Esta é a “marca” da Umanizzare, que não está somente no norte do país, mas também em SP e em outras capitais importantes. Deveríamos saber agora quem é o dono/s, que relação tem ou tiveram com os governos, para que campanha doaram, etc. Com sede em SP, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, sua “Missão” seria, de acordo com o que afirmam no seu Facebook, “Elaborar, executar e avaliar os programas e projetos decorrentes da política penitenciária, visando a inclusão social.[…] A intenção primeira é buscar resultados concretos para a transformação do indivíduo preso, reduzindo a reincidência criminal e promovendo a recuperação efetiva do detento.” Que inclusão social pode haver com um excedente de mais de 1.200 presos? O que se viveu em Manaus é expressão da barbárie capitalista, do lucro acima da vida, da vida do pobre e do trabalhador que para os donos do dinheiro e do poder, não vale nada…como dizia o cantor cubano Pablo Milanês, “a vida não vale nada”.
Mas Temer e os empresários insistem….
A política de fazer com que a crise que eles provocaram seja paga pelos trabalhadores e o povo, só vai acirrar a crise social e novos casos como o de Manaus virão se não lutamos para derrotar o plano de ajuste que está em curso.
Está claro que Manaus merece uma resposta. Os familiares devem se organizar e exigir uma indenização do Estado. Por sua vez a “privatização” dos presídios deve finalizar, anulando o contrato com Umanizzare, abrindo uma investigação sobre a empresas e suas relações, e o estado deve assumir sua responsabilidade de custodiar os presos, garantindo sua integridade, dignidade e vida.
Por sua vez, o atual governador de Amazonas, José Melo do PROS afirmou hoje que “não havia nenhum santo entre os mortos” justificando assim o horror e as mortes acontecidas sob sua responsabilidade. Por esse motivo, o governador Melo deve ser responsabilizado criminalmente pelos fatos, e sua imediata renúncia deve ser exigida.
De todas formas, é fundamental organizar a luta contra o governo e sua política de “AUSTERIDADE”.
Estados como RJ, RS e MG declararam quebra. O Governo faz uma campanha de meter medo para que a Reforma da Previdência conquiste ao menos um setor da população. Já votaram um teto de gastos que congela praticamente as despesas durante 20 anos. Vem por aí também a reforma trabalhista, tentando terceirizar mais ainda e acabar com as conquistas que tantas lutas sociais conquistaram em décadas passadas.
E TUDO UMA GRANDE MENTIRA! O dinheiro existe, só que para o governo e os empresários, nacionais e internacionais, as prioridades são outras. Em primeiríssimo lugar, eles consideram que devem fazer a Reforma da Previdência, para dessa forma fortalecer os Fundos de Pensão, ou seja, a Previdência Privada, que depende do vaivém dos mercados, e com o objetivo de que ninguém ou quase ninguém tenha condições de se aposentar. A prioridade, para eles, está em pagar a dívida ao sistema financeiro. Divida que o povo não contraiu, não utilizou mas que é chamado a pagar e que por isso propomos suspender de imediato seu pagamento, enquanto fazemos uma auditoria da mesma. Isto é fundamental, pois leva quase a metade do orçamento da nação. Em segundo lugar, devemos lutar para acabar com a farra das isenções fiscais para os grandes empresários, farra que consome bilhões de reais.
Para evitar novas chacinas como esta que aconteceu em Manaus, é decisivo impedir que a crise social avance. Mas para isso é imprescindível derrotar a política e o atual governo Temer com a mobilização unitária dos trabalhadores e do povo.