Argentina: a Frente de Izquierda-Unidad convoca a mobilização massiva de sábado contra Milei

Vamos lutar contra todos os ataques ao povo trabalhador na Marcha Federal do Orgulho Antifascista e Antirracista

As declarações de Milei no Fórum de Davos contra a comunidade LGTBI+ e os direitos das mulheres provocaram uma reação massiva de repúdio. A assembleia realizada no Parque Lezama estava lotada de companheiras, que decidiram convocar as pessoas para as ruas e levar sua indignação ao centro do poder político nacional na chamada “Marcha Federal do Orgulho Antifascista e Antirracista”. Junto com a assembleia do Parque Lezama, grandes assembleias foram realizadas por todo o país. Um dia antes dessas declarações ultrajantes, Milei ameaçou perseguir os “esquerdistas” “até a última esquina”, um ataque direto contra todos nós que somos orgulhosamente de esquerda.

O governo de Milei vem realizando ataques não apenas em discursos, mas também com medidas contra toda a classe trabalhadora, os setores populares, a juventude, o meio-ambiente, a saúde, a educação e a cultura. Com demissões em massa e discriminatórias, reduções nos orçamentos públicos e eliminação de departamentos inteiros, incluindo o esvaziamento de hospitais como o Bonaparte; o ataque e a perseguição sem precedentes ao movimento piqueteiro independente; demissões nos Espaços de Memória; a desvalorização dos salários e o crescimento incessante da pobreza, somado à quebra de acordos coletivos e ao fechamento de fábricas inteiras, com a colaboração da burocracia sindical da CGT e da CTA. E implementou um plano de criminalização e repressão das lutas e reivindicações para impor tais medidas. O ataque aos aposentados é outro exemplo da ofensiva generalizada contra todos os trabalhadores da Argentina.

Em relação à comunidade LGTBI+, o governo está esvaziando os espaços de proteção, como a linha 144; demite trabalhadores cotistas travesti-trans; retira o direito ao tratamento do HIV e limita o acesso a hormônios, levando muites companheires à morte. Já anunciou a apresentação de um projeto para eliminar a tipificação do agravante por razões de gênero (feminicídio) no Código Penal, dando luz verde, a partir dos mais altos escalões do poder político, para a intensificação dos assassinatos de mulheres e dissidências devido à violência sexista e patriarcal, garantindo a impunidade dos crimes de ódio.

O fato do presidente ter feito declarações homofóbicas, transfóbicas, misóginas e machistas em um fórum internacional não é coincidência. Está alinhado com Donald Trump e outros governos de extrema-direita, que também atacaram o movimento das mulheres e a diversidade. Da mesma forma, copiou de Trump o lançamento de uma ofensiva contra os imigrantes, anunciando uma cerca na fronteira de Salta, local em que a polícia de Bullrich assassinou o mochileiro Fernando Gómez em dezembro; insistindo em excluir os imigrantes dos serviços de saúde e educação públicos e gratuitos; e apresentando um projeto de lei que torna mais difícil para os imigrantes, que vivem e trabalham aqui, obterem o visto de residência. Embora a perseguição do governo de La Libertad Avanza [A Liberdade Avança] à comunidade LGTBI+, às mulheres e à esquerda não seja nenhuma novidade, está muito claro que ele está descarregando o peso da crise econômica e o ajuste brutal nas costas de todas as famílias trabalhadoras.

As lutas das mulheres e da comunidade LGBTI+ conquistaram muitas vitórias por meio da mobilização. Entretanto, com o passar do tempo a aplicação das leis conquistadas foi se esvaziando. A política de cooptação e institucionalização das lutas para tirá-las das ruas – e, como consequência, a paralisia da aplicação das conquistas no último governo de Alberto Fernández, que levou ao esvaziamento e à falta de iniciativa do antigo ministério das mulheres, gênero e diversidade – prepararam o terreno para que hoje os libertários varram definitivamente todos os direitos conquistados através da luta.

Nesse sentido, denunciamos os partidos que colaboram ativamente na defesa da “governabilidade” de Milei, votando nas suas leis – incluindo a alteração do calendário eleitoral, no âmbito de uma reforma política reacionária a serviço do governo de extrema-direita – e abrindo mão de qualquer ação de luta para enfrentá-lo. Isso se aplica à sua representação política, mas também aos seus atores em cada movimento de massas, desde a burocracia sindical até a política dos setores ligados ao peronismo, ao PRO e aos radicais, que acabaram aceitando a mobilização de 1º de fevereiro diante da massividade e da combatividade da assembleia do Parque Lezama, em 25 de fevereiro, com milhares de ativistas.

A  Frente de Izquierda – Unidad estará mobilizada em massa no sábado, 1º de fevereiro, para enfrentar todos os ataques do governo Milei; para confrontar o governo e suas políticas como um todo. As mesmas pessoas que governaram de costas para todos os trabalhadores, jovens, mulheres, dissidências e explorados estão tentando desviar as bandeiras e ações de luta para o parlamentarismo. Mas a luta é agora.

No sábado, estaremos em massa na Plaza de Mayo e em todas as praças do país, lutando contra o avanço do obscurantismo e do macartismo e apoiando todas e cada uma das duras lutas travadas pela classe trabalhadora. E levantando a necessidade da continuidade da luta, com novos protestos unitários e grandes manifestações de rua no 8M e no 24M.

Defendemos a necessidade de unir tais lutas com todas as causas do povo explorado e oprimido, no sentido da construção de um plano nacional de luta e de uma greve geral, que derrote as políticas e o ajuste brutal do governo de ultradireita de Milei e do FMI; e todo o regime no qual ele se apoia para impor suas políticas reacionárias, repressivas, de fome e de submissão.

FRENTE DE IZQUIERDA-UNIDAD

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