GOVERNO DE BORIC APROVA AUMENTO NAS TARIFAS DE ELETRICIDADE
Piñera, em 2019, assolado pela explosão social, decidiu congelar as tarifas de eletricidade como forma de descomprimir sua situação crítica. Os empresários das empresas de eletricidade, que em outro momento teriam se oposto tenazmente, mantiveram silêncio para não piorar a situação. Essa não foi a única medida que Piñera tomou para amortecer a situação política e salvar sua própria pele; ele também permitiu que os saques dos fundos da AFP fossem feitos, o que teria sido impensável em outro momento.
Agora, cinco anos depois, a comunidade empresarial está de volta ao ataque, alegando uma dívida de US$ 6 bilhões como resultado do congelamento das tarifas de eletricidade. É uma dívida desproporcional que Boric e seu governo aceitaram sem questionar, demonstrando mais uma vez que ele foi uma fraude quando, na campanha eleitoral, prometeu um Chile mais justo e o fim da arbitrariedade. No entanto, é impossível acabar com a arbitrariedade porque no Chile não existe um órgão estatal para controlar os preços, deixando que a comunidade empresarial arbitre à vontade.
Agora, com as chuvas, o sistema elétrico está rangendo pelos quatro lados, deixando vastas áreas sem energia e com uma demora irritante para restaurá-la. Esse resultado catastrófico demonstra mais uma vez que as empresas de eletricidade não investem na manutenção da rede e só se preocupam em pagar as empresas de controle supostamente independentes para atestar que o sistema está bem conservado. O governo, por sua vez, qualificou de “vergonhoso” o comportamento das empresas por não terem conseguido restabelecer o serviço rapidamente, e a única coisa que faz é cobrar multas que as empresas de eletricidade pagam como um mal menor, pois, sem nenhum controle contábil, terão liberdade para cobrá-las do consumidor.
Ao aceitar a dívida de 6 bilhões de eletricidade, o governo está colocando um enorme ônus econômico sobre a população ao aumentar as contas para mais de 100% do valor atual. Mas isso não é tudo, o aumento das tarifas terá um efeito multiplicador em toda a economia porque, como a base energética na produção, fará com que todos os preços continuem a subir, especialmente os da cesta básica do consumidor. Tudo aumenta, exceto o salário mínimo, que é fixado em ridículos 500.000 pesos por mês.
E, pior ainda, depois que a conta de luz for paga, quem pode ter certeza de que as tarifas de eletricidade serão reduzidas? É muito provável que não, como aconteceu com o aumento de 1% do IVA que foi feito temporariamente para pagar o custo do acordo de livre comércio ou o imposto específico sobre o combustível para pagar as consequências do terremoto, que continuou a vigorar sem nenhum cancelamento.
Mais uma vez o governo fica do lado dos ricos, dos empresários, como fez recentemente ao entregar o lítio à Soquimich de Ponce Lerou. Em contrapartida, nós, socialistas revolucionários do MST, propomos soluções diametralmente opostas, afirmando que os serviços básicos, como eletricidade, água e combustível, não devem ser administrados por empresas privadas. Todas essas empresas devem ser assumidas pelo Estado sob o controle de seus trabalhadores, trabalhadoras e usuários. Enquanto lutamos por essas mudanças fundamentais, pedimos que nos mobilizemos na mais ampla unidade de ação, como já está acontecendo em alguns lugares, para o cancelamento imediato do aumento das tarifas de eletricidade.