Basta de violência machista: expulsar os estupradores da USP! Toda solidariedade às vítimas!
Nos últimos dias teve ampla repercussão o lamentável episódio em que uma estudante foi estuprada no CRUSP por outro morador. Antes foi uma tentativa de estupro na Praça do Relógio. O campus com inúmeras áreas totalmente no escuro e a péssima circulação dos ônibus na universidade agravam a situação.
A triste realidade é que existem inúmeros casos como esses na moradia que só foram isolados e abafados. São processos jurídicos e burocráticos que nada resolvem. Há outros abusadores ilesos morando aqui na moradia. Em nossa universidade há muitos e muitos casos de outros estupros e abusos e nada é feito.
O estuprador da vítima foi expulso da moradia, mas segue na FFLCH, que é onde a vítima também estuda. Outra proposta das autoridades da universidade para o CRUSP é apenas mudar o estuprador de prédio, mantendo o agressor no mesmo espaço e o constrangimento constante à vítima. Outros
casos parecidos foram relatados na recente assembleia do curso de Letras.
Ao manter os estupradores como alunos, a reitoria da USP impõe que as vítimas sigam convivendo com seus algozes. Na prática, é uma atitude que desacredita e revitimiza quem denuncia os estupros.
Em primeiro lugar, nos solidarizamos e nos colocamos à disposição para prestar apoio às pessoas que foram vítimas do estudante. Somos parte da quarta onda feminista, que ensina a, antes de qualquer coisa, acreditar nas mulheres e dissidências e, através da luta em unidade, garantir as medidas
necessárias para a proteção das vítimas e responsabilizar os agressores.
A USP não tem nenhum protocolo efetivo para casos de vítimas de abuso sexual e suas ações refletem uma conivência com a cultura do estupro. O absurdo episódio do CRUSP mostrou que as mínimas medidas da reitoria da USP só ocorreram quando o caso atingiu ampla repercussão e furou a bolha do silêncio e abafamento que vigora na instituição.
Em 2018, os protestos contra a violência sexual arrancaram uma comissão construída por funcionárias, docentes e alunas. Tudo pronto no papel, mas não foi levado à frente pela reitoria.
Apenas a organização e mobilização vai parar os assédios, estupros e violências machistas na USP!
Propomos a luta unificada (DCE, Sintusp, ADUFF e AMORCRUSP), com uma manifestação unificada na reitoria, para cobrar medidas urgentes. Reivindicamos o acompanhamento psicológico para as vítimas; iluminação e mais ônibus na USP; investigação e punição dos agressores realizadas por
comissões formadas por feministas de todos os setores e canais de denúncia anônimos que abram investigações e processos administrativos nos casos necessários.
Além disso é preciso medidas mais profundas. Defendemos também: a) expulsar da USP os estupradores e abusadores e garantir todo apoio necessário às vítimas; b) que a reitoria da USP garanta auxílio para a responsabilização penal dos estupradores e abusadores; c) que uma comissão
de mulheres do Sintusp, Adusp, AMORCRUSP e DCE apure todos os casos anteriores e garanta a punição exemplar aos estupradores e a todos que foram coniventes e/ou não apuraram devidamente as denúncias e fatos, e que seu parecer seja acatado pela reitoria; d) que a comissão de mulheres das
entidades sindicais e estudantis da USP elaborem um protocolo contra a violência machista; e) que a USP realize uma forte campanha na universidade contra a cultura do estupro, contra o assédio e garanta em todos os currículos de todos os cursos disciplinas com conteúdo feminista ministradas por
professoras vinculadas aos movimentos de combate às opressões.
Por fim, propomos assembleia dos cursos para pautar o tema, fortalecer as vítimas e uma assembleia geral do DCE. Exigimos da reitoria uma assembleia geral da comunidade universitária com mesa composta pelos sindicatos e entidades estudantis e feministas para deliberar medidas contra a
cultura do estupro.