Um debate com as propostas apresentadas por Guilherme Boulos (PSOL)

Por Diego Vitello – Coordenação Nacional da CST

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, se apresenta como principal opositor do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Muitos dos nossos colegas de trabalho e de estudo veem com simpatia essa candidatura. De nossa parte, não vemos da mesma forma. Ao mesmo tempo em que repudiamos as candidaturas bolsonaristas, como de Nunes e Pablo Marçal (PRTB), não acreditamos que o programa levantado por Boulos irá avançar na resolução dos graves problemas sociais que existem em nossa cidade. Com esse texto, buscamos discutir por que as propostas do candidato apoiado por Lula nesta eleição não são a alternativa que São Paulo precisa.

O candidato do PSOL alinhado a um projeto nacional

Esta eleição municipal já está sendo muito nacionalizada. Cada vez mais, não há como desvincular as candidaturas à prefeitura da discussão política instaurada no país. Por isso, Boulos tem Lula como seu principal “cabo eleitoral”. O atual mandato do presidente está longe de avançar na resolução dos maiores problemas no país. Em alguns casos, os problemas têm sido aprofundados. O meio ambiente vem sofrendo cada vez mais. Queimadas no Pantanal batem recordes. Lula privilegia o agronegócio com o Plano Safra e, portanto, aprofunda a destruição ambiental. O Arcabouço Fiscal é o pilar da política econômica do governo petista. Não passa de uma política neoliberal, voltada ao pagamento da dívida pública aos banqueiros e que, neste ano, condenou a maioria das categorias do serviço público federal ao congelamento salarial.

É importante citar que a candidata a vice-prefeita na chapa de Boulos, Marta Suplicy, esteve até o início deste ano como Secretária de Relações Internacionais do governo Ricardo Nunes. Enquanto Nunes pousava ao lado de Bolsonaro e propunha projetos de destruição dos serviços públicos, Marta seguia em seu governo. Além disso, a petista votou favoravelmente à Reforma Trabalhista em 2017, enquanto era senadora. Poderíamos citar mais muitos exemplos, porém a essência do projeto lulista, de conciliação de classes, tem mostrado que não trará nenhuma mudança profunda na vida da classe trabalhadora.

Moradia: ou se combate a especulação imobiliária ou se compactua com ela

Em São Paulo, existe um déficit habitacional de 400 mil moradias. Esse número contrasta com o absurdo número de 590 mil imóveis vazios. Destes, a ampla maioria serve para fins de especulação imobiliária. Aqui não há meio termo: ou se acaba com a farra da especulação imobiliária, colocando as moradias vazias para quem não as tem, ou o problema não será resolvido. Apesar das críticas à especulação imobiliária, o psolista não coloca a necessidade de enfrentá-la até o final. Além disso, Boulos não coloca em nenhum momento a taxação pesada dos imóveis de luxo. Os ricaços de São Paulo precisam pagar mais impostos ou seguiremos vendo nossa cidade cada dia mais desigual.

Transportes: propostas genéricas não resolvem o problema

O transporte público do município de São Paulo é controlado por meia dúzia de multimilionários. Sem reverter essa situação, não podemos avançar para uma melhoria definitiva nos ônibus da cidade. Boulos fala em “expandir a tarifa zero”, sem deixar claro o que seria exatamente isso. O transporte público é uma das partes mais elementares do direito à cidade. É um verdadeiro absurdo que ainda paguemos para ter nosso direito de ir e vir. Porém, o que o candidato do PSOL não coloca é a necessidade de que o transporte público seja estatal. Para ter transporte gratuito e de qualidade, é necessário retirar das mãos das empresas privadas o controle das frotas de ônibus da capital paulista. Porém, Boulos não se propõe a isso. Fala também em “aumentar a fiscalização”, porém não coloca a necessidade de estatização. Somente com um transporte totalmente estatal, voltado aos interesses da população trabalhadora e não de meia dúzia de mega empresários, é que poderemos de fato resolver essa situação.

Segurança pública: ex-comandante da ROTA só tem a oferecer mais repressão

Uma das notícias dos últimos meses que ganhou enorme destaque na campanha de Boulos foi a nomeação do ex-comandante da ROTA, Alexandre Gasparian, como seu consultor para elaboração do programa para a segurança pública. A ROTA, em São Paulo, é conhecida como a “tropa de elite” da PM. É o setor da polícia que mais mata. Enquanto nas ruas defendemos há anos o fim da PM, pelos assassinatos diários contra o povo pobre e negro, a chapa PSOL/PT coloca um ex-comandante dessa tropa assassina para ajudar a formular políticas de segurança. Além disso, Boulos propõe dobrar o efetivo da Guarda Civil Municipal, sem questionar o caráter atual desta polícia a serviço do município. O que vemos por parte da GCM tem sido constantes investidas violentas contra pessoas em situação de rua, ambulantes etc. Ou seja, sem questionar e mudar completamente o papel da GCM, dobrar o efetivo, como propõe Boulos, vai dobrar também a repressão contra o povo trabalhador.

Altino 16 e Professora Lorena 16160: um voto para fortalecer as nossas lutas

Diferentemente da candidatura de Boulos, nossas candidaturas propõem uma política de enfrentamento aos multimilionários que comandam a nossa cidade. Os donos de dezenas de imóveis e das frotas de ônibus, assim como os ricaços dos escritórios de luxo da Faria Lima, devem ser combatidos. Confira nossas propostas nas páginas centrais do nosso jornal e venha conversar conosco.

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