SP: Derrotar a extrema direita nas urnas e nas ruas!
Lorena Fernandes, Conselheira da Apeoesp
As eleições na maior cidade do Brasil foram marcadas pela disputa entre a extrema direita, respaldada por Bolsonaro, com Ricardo Nunes (MDB, atual prefeito) e com o ultrarreacionário Pablo Marçal (PRTB), por um lado, e a frente ampla, representada pela candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), apoiada por Lula, de outro lado. As três candidaturas eram apontadas pelas pesquisas como tecnicamente empatadas em primeiro lugar e o segundo turno entre Nunes e Boulos só foi definido com as últimas urnas apuradas.
Ao mesmo tempo em que o pleito estava extremamente disputado, contraditoriamente, a falta de entusiasmo do eleitorado com essas candidaturas foi uma constante nessa eleição. Não por menos, afinal, nenhuma dessas candidaturas apresentou um programa capaz de resolver a dura vida colocada para o povo trabalhador e para a juventude na cidade. O atual prefeito tem atuado juntamente com o governador Tarcísio de Freitas para aprofundar os ataques, com as privatizações e sucateamento dos serviços públicos, com mais repressão policial em cima da população negra e de periferia, com os despejos no centro da cidade e com a benevolência ao agronegócio diante da emergência climática. Nunes também ataca os direitos das pessoas que gestam com o fechamento dos serviços de abortamento legal do hospital Cachoeirinha. O ultrarreacionário Marçal representa essa mesma política.
A frente ampla não apresentou um programa da classe trabalhadora
A candidatura de Guilherme Boulos, por outro lado, não se contrapôs firmemente ao projeto da extrema direita colocado em São Paulo. Não se posicionou pelo fim das privatizações e estatização dos serviços e declarou que manteria as metas fiscais para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal que engessa o orçamento público para as áreas sociais. Boulos rebaixou o programa ao não defender a legalização do aborto e das drogas e não apoiou as lutas e greves. Isso tudo em nome da composição de frente ampla construída em sua chapa, que conta com a ex-secretária da gestão de Nunes, Marta Suplicy, como vice e até mesmo com o ex-comandante da ROTA em sua equipe.
O playboy Pablo Marçal fica de fora do segundo turno!
O coach multimilionário, Marçal, representou o projeto ultrarreacionário da extrema direita. Defensor dos ricos empresários que exploram nós, trabalhadores e trabalhadoras, Marçal foi o agitador das baixarias que marcaram essa eleição. Totalmente inescrupuloso, chegou ao ponto de publicar um laudo médico cabalmente falso para associar Guilherme Boulos ao uso de cocaína. É a demonstração de que para a extrema direita não há limites em falsear a realidade para conseguir avançar em seu projeto de maior exploração e opressão. Episódios como esse lembram muito o que foi o período de Bolsonaro, com enxurradas de fake news contra as vacinas para a Covid, o negacionismo ambiental, entre outras. Dizemos categoricamente que a extrema direita deve ser esmagada com a nossa luta e que Marçal precisa ser punido!
A campanha da Esquerda Independente apresentou uma saída!
Nessas eleições, num cenário despolitizado e de grande máquinas eleitorais, a esquerda revolucionária tinha um desafio. Apresentar uma candidatura com um programa que de fato resolva as mazelas da classe trabalhadora e da juventude e que enfrente os interesses dos capitalistas, com independência total dos governos. Nesse sentido, a CST apresentou a candidatura da professora Lorena Fernandes para vereadora e defendemos o metroviário Altino e a liderança popular Silvana, ambos do PSTU, para a prefeitura. A campanha percorreu diversas escolas, Fatecs, USP, faculdades e lugares de grande circulação como metrôs e Av. Paulista. Também estivemos nas greves da educação federal, setor ambiental, INSS, Correios, MWM; nas lutas do CRUSP, da favela do Moinho e da educação, colocando nossa campanha a serviço dessas mobilizações. Dialogamos com diversos trabalhadores e estudantes sobre enfrentar as privatizações e apresentamos nossas propostas pela estatização dos serviços como ENEL e Sabesp, por tarifa zero, pela redução das mensalidades das instituições de ensino pagas, por bandejão nas Fatecs, pelo fim da violência de gênero e legalização do aborto e das drogas, por emergência climática, solidariedade à resistência palestina, entre outras bandeiras. Colocamos também nossa candidatura totalmente a serviço das lutas, como as greves do INSS e Correios. Foi uma campanha militante e a receptividade de jovens e trabalhadores com o nosso programa é uma energia a mais para as próximas batalhas. Agradecemos os 256 votos que recebemos e os apoios que conquistamos para uma alternativa de independência de classe com Altino e Silvana na prefeitura. Defendemos que as forças que atuaram nessa campanha para a prefeitura (PSTU, MRT, SoB, PCBR e a CST) realizem uma reunião conjunta para avaliar os resultados e traçar ações conjuntas pelas pautas da classe trabalhadora, da juventude, mulheres, negras e negros e LGBTQIA+.
Chamamos o voto crítico em Guilherme Boulos neste segundo turno!
Diante do cenário deste segundo turno, com o atual prefeito Ricardo Nunes, candidato de Bolsonaro e do governador Tarcísio, a CST chama o voto crítico em Guilherme Boulos 50. Apesar de nossas divergências com a frente ampla do PSOL e do PT, chamamos esse voto crítico para derrotar a extrema direita nas urnas. Para derrotar nas eleições o candidato apoiado por Bolsonaro e o pastor Malafaia, pelos que defendem ataques às mulheres, população negra e LGBTQIA+ e são negacionistas da emergência climática.
Votaremos criticamente em Boulos, sem ilusões de que uma eventual prefeitura da frente ampla significaria grandes mudanças para o povo trabalhador. O governo federal de Lula/Alckmin, no qual Boulos se espelha, impôs o Arcabouço Fiscal, dá continuidade ao pagamento da fraudulenta Dívida Pública, não atendeu às pautas das greves dos servidores federais, destina verbas para o agronegócio com o Plano Safra e corta o orçamento das áreas sociais. Nosso voto crítico se dá com base em nosso programa de tarifa zero todos os dias, estatização dos transportes, em defesa da legalização do aborto e das drogas, por aumento salarial e redução da jornada de trabalho. Pautas pelas quais vamos seguir lutando no “terceiro turno” que queremos construir após estas eleições. De nossa parte, seguiremos nas ruas e nas lutas por nossas pautas, para derrotar de vez a extrema direita e construir uma esquerda independente, classista e unitária. A CST, seção da UIT-QI no Brasil, defende um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista.