Continuar nas ruas contra as queimadas!
Continuar nas ruas contra as queimadas!
Verbas para emergência climática e não para o agronegócio!
No último final de semana ocorreram manifestações da Coalizão pelo Clima em SP, RJ e BH, dentre outros locais, exigindo justiça climática. A manifestação de SP, a maior delas, expressou um forte repúdio ao agronegócio e ao Plano Safra. Defendemos a continuidade da luta nas ruas exigindo medidas urgentes contra as queimadas, a seca dos rios e verbas para garantir emergência climática.
Agronegócio e as multinacionais são os responsáveis pela crise ambiental
O Brasil enfrenta uma crise ambiental e climática de graves proporções, logo após a catástrofe do RS. Neste momento ocorrem queimadas em todo o território nacional, em meio a uma forte estiagem. As queimadas criminosas são para destruir florestas e grilar terras para o agronegócio, além de fazer o garimpo avançar sobre as terras dos povos indígenas. A poluição atmosférica, que transformou SP no pior ar do mundo, é um reflexo desse processo nas cidades. Outro impacto são as chuvas com fuligem em cidades da região sul.
O aquecimento anormal das águas do pacifico (El Niño) ocasiona as ondas de calor, diminuição de chuvas na maior parte do território nacional e em contraponto os altos volumes de precipitação no Rio Grande do Sul. A estiagem impacta os rios. É o caso do São Francisco, que abrange regiões do semiárido. Há secas nos rios da Amazônia impossibilitando a vida dos ribeirinhos e povos da floresta. É algo grave que abala toda a América Latina, que tem na Floresta Amazônica um regulador climático que espalha umidade e chuvas por toda a região. Fenômenos como o La Niña (resfriamento das águas do Pacífico) agravam esse quadro, por exemplo, com possibilidades de eventos extremos, como fortes chuvas na Amazônia, aumento da seca no Pantanal ou estiagem no Sul do país, ondas de frio intenso e geadas.
Os responsáveis são o agronegócio, os pecuaristas, as multinacionais, como a Monsanto, as empresas mineradoras, como a Vale, e seus desastres ambientais. Essas empresas devem ser imediatamente expropriadas (estatizadas, sem indenização) e seus bens utilizados em favor de medidas efetivas contra a destruição ambiental. No plano internacional, os responsáveis pelo aquecimento global e a catástrofe socioambiental são os governos imperialistas, as maiores potências capitalistas do Globo, agrupadas no G20, que vão se reunir no Brasil e merecem todo nosso repúdio e protesto.
Exigimos do governo Lula/Alckmin o fim do Plano Safra!
O governo Lula/Alckmin faz discursos em defesa das florestas. Na abertura da ONU falou sobre as mudanças climáticas. Mas, além dos discursos, não toma medidas efetivas: por exemplo, em relação a revogar o Marco Temporal e demarcar terras indígenas.
Enquanto o agronegócio segue destruindo a natureza, assassinando camponeses e explorando seus negócios através de trabalho escravo, o governo Lula/Alckmin presenteou esse setor com R$ 400 bilhões através do Plano Safra. Isso tem que acabar! Nenhum centavo ao agronegócio que destrói nossos biomas e financia a extrema direita golpista!
A greve de servidores do Ibama e ICMBio foi uma oportunidade para valorizar esse setor e a política ambiental no país. Mas o governo Lula/Alckmin não deu ouvidos aos trabalhadores, não atendeu suas reivindicações, não reestruturou esses órgãos, mantendo o desmonte do setor. E o pior: criminaliza essas greves. Tudo em nome de manter o “Arcabouço Fiscal a qualquer custo”. Nós exigimos do governo Lula/Alckmin o fim do Arcabouço Fiscal, o não pagamento da dívida externa e interna, a taxação dos bilionários e das multinacionais para ter recursos para os órgãos ambientais.
Enfrentar os governadores negacionistas
Em cada local essa luta enfrenta os governadores e prefeitos. No estado de São Paulo, Minas ou Rio de Janeiro, os governadores Tarcísio, Zema e Cláudio Castro têm uma postura negacionista. A política nefasta de privatização da Sabesp e da CEDAE/RJ coloca nas mãos dos capitalistas a responsabilidade de gerenciar os serviços de água e saneamento, tão essenciais para a população e ações de recuperação ambiental de rios. Nas manifestações devemos enfrentar esses governos ultrarreacionários e os prefeitos de cada cidade. Dar o troco nas passeatas e nas urnas!
Construir uma jornada nacional de lutas
Estão ocorrendo reuniões da Coalizão do Clima. Novas manifestações podem ocorrer. A CST propõe a continuidade dos atos unitários e sua nacionalização. Devemos nos esforçar para que sejam maiores, não nos isolar, e ganhar mais e mais trabalhadores e jovens para nossa pauta. Por isso exigimos que CUT, CTB, UNE, UBES e MTST convoquem as manifestações unificadas da Coalizão do Clima, fortalecendo esse espaço unitário de mobilização. Propomos nos sindicatos a organização de assembleias e reuniões setoriais para votar uma pauta climática e ambiental e ações em cada local de trabalho. Precisamos realizar manifestações para reverter esse quadro, já! Por medidas emergências, como punição dos responsáveis pelas queimadas, ações para recuperar os rios e nossos biomas, medidas para melhorar a qualidade do ar, abono dos dias de trabalho, sem descontos, e cancelamento das aulas nos dias de maior poluição atmosférica, tempestades ou ondas de calor. Funcionamento apenas dos serviços essenciais. Gratuidade integral em todos os transportes nesses dias. Instalação emergencial de bebedouros nas praças para os dias de calor. Garantia de moradia e alimentação às pessoas em situação de rua. Maior investimento no SUS para o tratamento das sequelas da poluição atmosférica, das ondas de calor e dos eventos extremos.
Propostas socialistas e revolucionárias da CST
Ao lado de nossa proposta de luta unificada, estamos divulgando um programa com saídas profundas para combater a catástrofe climática em nossa campanha eleitoral socialista e revolucionária. Para nós, da CST, seção no Brasil da UIT-QI, existe uma saída diante da crise ambiental. Em primeiro lugar, é preciso deflagrar emergência climática, a fim de tomar as medidas urgentes necessárias. Fim do Plano Safra e do Arcabouço Fiscal! Defendemos a expropriação das fazendas e empresas poluidoras, de mineração e das multinacionais do agro, bem como dos bilionários do setor. O não pagamento da dívida externa e interna aos banqueiros e estatização do sistema financeiro, taxação dos lucros das grandes empresas e das multinacionais. Orçamento para valorização e mais concursos para os órgãos ambientais. Reestatização das empresas de saneamento, transporte e energia, como a ENEL, Sabesp, CEDAE, Light, Metrô do RJ e BH e das linhas privatizadas em SP. Demarcação imediata das terras indígenas e contra o Marco Temporal! Reforma Agrária radical sob controle dos trabalhadores sem-terra. Destinar recursos para os camponeses, para produção de alimentos baratos para o povo trabalhador.
Lutamos por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil Socialista, que rompa com o capitalismo e a exploração imperialista, aplique medidas profundas para solucionar a crise socioambiental e ponha fim à catástrofe climática e ambiental em que vivemos.
Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), seção da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) no Brasil. 26 de setembro de 2024.