“Estamos há 77 dias em greve nos seis hospitais federais do Rio”
A greve dos Hospitais do RJ já dura quase 3 meses. Ocorrem atos de rua e em frente às unidades de saúde, organizados pelo SINDSPREV-RJ.
Após a manifestação no Hospital Gaffrée e Guinle, realizamos uma entrevista com Roberta Santiago Vitorin. Ela é enfermeira do HFSE e integrante do Núcleo Sindical do SINDSPREV.
Diferente dos jornalões aliados dos governos patronais, que atacam grevistas e servidores públicos, aqui nós os defendemos. Eles podem falar sua visão e divulgar suas pautas. A libertação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora.
ENTREVISTA
Combate Socialista: Quando começou a greve e como está a adesão?
Roberta Vitorin: A greve da Saúde Rede Federal no Rio de Janeiro iniciou em 15 de maio. Estamos há 77 dias em greve nos seis hospitais federais do Rio: Andaraí – HFA, Lagoa – HFL, Estado – HFSE, Cardoso Fontes – HFCF, Ipanema – HFI e Bonsucesso – HFB.
CS: Quais as reivindicações?
RV: As pautas são o cumprimento do acordo de greve assinado e não cumprido pelo Ministério da Saúde em agosto de 2023 (Piso Enfermagem, Enquadramento e Insalubridade); Majoração da insalubridade dos servidores nos hospitais que trabalham com pacientes com diversas doenças infecciosas (COVID, tuberculose, etc); Equiparação do Auxílio-alimentação; desvio de função obrigatória dos auxiliares de enfermagem que prestam assistência de alta complexidade, devendo ser considerados técnicos de enfermagem; Reajuste Linear com isonomia entre níveis; Carreira de Ciência e Tecnologia para o Complexo Federal do RJ; Concurso Público; Contra o sucateamento das Unidades de Saúde; Renovação dos CTUs até a realização de concurso; Não ao fatiamento da Rede Federal – Fora EBSERH, Fora Estado e Município.
CS: Explique mais o que significa esse “fatiamento”?
RV: O fatiamento significa o término do Complexo da Rede Federal de Saúde no Rio de Janeiro e da assistência de alta complexidade. São 6 hospitais e 3 institutos. Os 6 hospitais majoritariamente tratam pacientes oncológicos, transplantes, procedimentos de alta complexidade. O atual Ministério da Saúde afirma não ter capacidade de gestão dos hospitais e
precisa entregar e/ou compartilhar suas gerências. Entregando para o Município — que mal consegue gerir os seus hospitais, necessitando de uma empresa (organização social – O.S.), que mantém profissionais com alta rotatividade, precarização de materiais e insumos, e, por consequência, insegurança na qualidade assistencial dos pacientes. Há ainda a entrega para EBSERH e Grupo Conceição — ambas empresas público-privadas, que mantêm comportamento opressor e assediador com funcionários.
CS: Como estão as negociações?
RV: Conseguimos somente agora — esta semana — uma conversa com a presidência através do Ministro Padilha. Fomos bem atendidos, ouvidos e protocolamos um documento que explica nossa situação e a dificuldade de comunicação que temos com o Ministério da Saúde. Não estamos tendo comunicação efetiva com o Ministério da Saúde, nem através do DGH, nem através da comunicação com Brasília.
CS: O que fazer para ajudar a greve?
RV: Ter unidade nas ações, construção de agendas comuns, reconstrução do movimento unificado dos servidores públicos dentro do RJ. Divulgação e participação das atividades, atos e atividades.