Como combater a crise social do Rio Grande do Sul?

Por Diego Vitello – Coordenação da CST e Jorge Nogueira – Militante da CST e professor estadual no RS

 

Passadas algumas semanas do pico das enchentes, graves problemas sociais seguem no RS.

Lutas ocorrem. Além de alguns atos, algumas ocupações ocorreram nas últimas semanas, em que moradores que perderam tudo pelas enchentes, ocuparam prédios vazios no centro da capital. Além da questão da moradia, há o problema do emprego frente a demissões em massa em diversas empresas. Frente a essas necessidades, a política dos governos não resolve seriamente nenhum problema. Pelo contrário, os aprofundam. Por isso, acreditamos que somente com muita luta e organização da classe trabalhadora e do povo da periferia será possível reconstruir o estado.

 

A escandalosa repressão de Eduardo Leite (PSDB) contra os atingidos pelas enchentes

O governador tucano comandou uma brutal repressão contra as famílias atingidas pelas enchentes que ocupavam um prédio no centro de POA. O prédio estava desocupado há mais de 10 anos! Essa repressão contou com o apoio explícito do prefeito Sebastião Melo (MDB) e o silêncio de Lula, que, frente à escandalosa covardia, ficou calado. De nossa parte, condenamos Eduardo Leite e acreditamos que apoio e solidariedade aos movimentos de moradia é essencial nesse momento.

Medidas de Lula e Leite não resolvem a crise do estado

As medidas apresentadas por Lula também não resolvem nenhum problema sério do estado. Da parte do governo federal, não há um plano de obras públicas, repasses consistentes de verbas para as famílias atingidas e não se cogita a possibilidade de um decreto que proíba as demissões em massa que ocorrem agora no estado. Nem a ilegítima dívida do RS com a União Lula foi capaz de perdoar totalmente.

Leite, além da repressão covarde contra famílias inteiras, criou uma secretaria de reconstrução do estado (com os votos do PT na ALERS), comandada pela iniciativa privada, que só servirá para enriquecer ainda mais os cofres de grandes empresas e não terá nenhuma capacidade de resolver a aguda crise do estado.

Organizar a luta por reconstruir o Rio Grande do Sul para a classe trabalhadora

Ainda estamos em um processo embrionário e é preciso coordenar as lutas que estão surgindo. Primeiro, apoiar ativamente as ocupações por moradia e os atos que estão ocorrendo.

Defendemos que em cada bairro atingido organizemos um comitê popular dos atingidos pelas enchentes. Também nesse sentido, propomos que a CSP-Conlutas chame uma plenária aberta no centro para discutir a convocação de mobilizações. Exigimos também que as maiores centrais sindicais, CUT, CTB e Força Sindical, as direções de sindicatos, como o CPERS, e partidos de oposição ao governo Leite convoquem atos de rua e organizem a luta contra as demissões que estão ocorrendo em diversas empresas.

 

Medidas emergenciais propostas pela CST frente à crise: 

 – Cancelamento imediato de toda a dívida do RS com a União;

 – Plano de obras públicas para reconstruir moradias, ruas e estradas; 

 – Moradia gratuita para todos que perderam suas casas nas enchentes;

  – Reestatização da CEEE e da CORSAN;

  – Fim do Plano Safra, que financia o agronegócio devastador do meio ambiente;

  – Rompimento da “parceria” com a empresa corrupta Alvarez e Marsal;

  – Não à “flexibilização” de direitos trabalhistas proposta pela FIERGS;

  – Nenhuma demissão! Estabilidade no emprego;

  – Cancelamento imediato das dívidas da classe trabalhadora;

  – Enfrentar nas ruas os governos culpados;

 


Por Jorge Nogueira – Professor Estadual e militante da CST

 

Ignorando a catástrofe, direção do CPERS passa boiada burocrática

No dia 21/6, em uma assembleia virtual com apenas 776 pessoas, a Direção do CPERS, aprovou (por 465 a 301 e 10 abstenções) uma mudança estatutária para aumentar os membros da direção do sindicato, visando fazer acordos com outras correntes e se manter no aparato.

Votaram a favor: a Direção (Articulação, CSD, PCdoB, Pó de Giz), CS, Intersindical, Escola do Povo, AE, MES e Resistência.

Contra: Nós, do Combate, MLS, DL, CUT Pode Mais, CEDS, Cara na Luta, Alicerce e Coletivo dos Agentes Educacionais.

Após 10 anos de derrotas, a Direção argumenta, e setores que eram da oposição corroboram, que o problema é a “falta de perna” e não a sua política eleitoreira de conciliação, desmobilização e traição que chegou ao ponto de levar Sartori e Leite para tomar café dentro do sindicato, encerrar greves na marra e validar a perda de direitos.

A assembleia ocorreu poucos dias após o RS ter sido atingido por uma catástrofe climática gigantesca, cujas consequências não se encerraram e cujos próprios associados do CPERS foram atingidos e não puderam participar da assembleia. A sua realização, nesse contexto, lembra a “passada da boiada” do ex-ministro de Bolsonaro, Salles, só que em versão de burocracia sindical.

O CPERS deveria chamar assembleia para organizar a defesa da educação, que segue sendo atacada por Leite, assim como a luta contra os culpados pela tragédia, no caso, contra o próprio Leite. Infelizmente, predomina o interesse aparatista e os acordos eleitoreiros. Como PT e PCdoB já se juntaram com Leite na “reconstrução”, seus quadros sindicais não podem enfrentar esse culpado.


 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *