A greve unificada das federais e a luta pelas pautas estudantis
Por Danielle Pereira, comando de Greve Estudantil da UFLA, APG UFLA e Juventude Vamos à Luta e Laís Sathler, Juventude Vamos à Luta e CST
A greve da educação federal foi uma resposta à política econômica do governo Lula/Alckmin, ao Arcabouço Fiscal, que nada mais é que uma continuação no Teto de Gasto do governo Temer, um projeto de precarização do ensino público do Brasil.
As pautas estudantis são muitas
A recomposição orçamentária e o fim do Arcabouço Fiscal são pautas centrais para os estudantes, que amargam a escassez de bolsas e auxílios, além de valores ínfimos nas bolsas distribuídas. Diversos campis se encontram com prédios sucateados, falta de estrutura e acessibilidade. Em diversas universidades, discentes não têm acesso ao Restaurante Universitário e faltam moradias estudantis.
Faltam professores e técnico-administrativos, o que provoca uma sobrecarga nos estudantes da pós, por exemplo, que acabam exercendo funções administrativas. Levantamos a questão das cotas trans, algo que não foi discutido pelo governo Lula durante as alterações na lei de cotas. Queremos permanência estudantil, qualidade no processo de ensino-aprendizagem, na saúde do universitário e na pesquisa.
Por tudo isso, se iniciaram greves estudantis, da graduação e da pós-graduação, unificando os 3 setores da universidade em uma poderosa greve. A greve estudantil tornou-se realidade em universidades como UFLA, UFF, UFMG, UFPR, UFSC, UFBA, UNIFESP, UFC e UFSJ.
A batalha por um Comando de Greve Estudantil Nacional
Desde o início, nós, da Juventude Vamos à Luta, dizíamos que a greve unificada era o caminho. Demos a batalha pela greve nas universidades em que estamos.
Era necessário um Comando Nacional de Greve e Mobilização estudantil, que fortalecesse a greve onde ela já ocorria e construísse a mobilização onde ainda não havia, possibilitando ações coordenadas e a construção de uma pauta única dos estudantes. Fizemos essa proposta em assembleias e na reunião organizada pelos coletivos do Juntos e do Correnteza em 05/05: exigimos da UNE e da ANPG a eleição de um Comando Nacional de Greve estudantil.
Junto com o Comando de Greve Estudantil da UFLA e independentes, iniciamos o Manifesto por um Comando Nacional de Greve e Mobilização Estudantil. Realizamos duas reuniões abertas nacionais, que aglutinaram lutadores de mais de 20 universidades públicas. No entanto, não ocorreram ações por parte da UNE e da ANPG, e sequer a abertura de um diálogo para fortalecer e unificar as greves. Um desrespeito pelas bases e pelo movimento estudantil.
UNE e ANPG boicotaram a greve estudantil
Durante a greve, a UNE e ANPG, que deveriam representar e defender interesses estudantis, visitavam universidades, mas não com o intuito de divulgar a greve estudantil ou realizar assembleias para montar a pauta. Na nossa opinião, isso acontece porque as organizações políticas que estão à frente dessas entidades (UJS, JPT, Levante, majoritária do PSOL) não têm independência do governo Lula/Alckmin; ao contrário, fazem parte do governo, com seus partidos, e, por isso, preferem blindar o governo de nossas reivindicações, em vez de nos ajudar a alcançá-las. Foram 3 meses ignorando as greves estudantis e mantendo-as isoladas.
A Oposição de Esquerda da UNE não foi até o final na greve estudantil
Nós, do Vamos à Luta, reconhecemos que há organizações políticas que não são parte do governo Lula e que fazem oposição de esquerda à direção da UNE e da ANPG, como Correnteza, Juntos, PCB, PCBR e, ainda, Rebeldia, Faísca, SOB, entre outras. No entanto, não vimos esforço por parte dessas organizações para que as greves saíssem do isolamento. Ainda que estivessem apoiando e construindo as greves, não batalharam por um Comando Nacional, que conformasse uma pauta única estudantil. Também não levantaram a exigência à UNE e ANPG. Ainda que Juntos e Correnteza tenham construído uma plenária, esta não encaminhou a exigência por um Comando Nacional, mesmo que nós tenhamos feito a proposta.
Infelizmente, a falta de uma oposição consequente facilitou a vida da burocracia estudantil da UNE e ANPG, e jogou as greves no isolamento, sem que os estudantes pudessem aproveitar este momento para arrancar vitórias.
Seguir a luta por um movimento estudantil independente dos governos e reitorias
Enquanto Juventude Vamos à Luta, militamos incansavelmente pela unidade na greve. Vemos que o governo Lula escolhe seguir pagando a dívida pública, dar dinheiro ao agronegócio com o Plano Safra, dar reajuste à PRF golpista. Isso mostra a real prioridade governamental e, infelizmente, a educação não é uma delas.
Enquanto a burocracia da UNE e ANPG boicotou as greves, também não tivemos uma atuação dos setores da oposição de esquerda para a unificação. Dedicamos nossos esforços, com o Manifesto e as reuniões abertas. Infelizmente, estas iniciativas não foram encampadas pelas organizações da oposição. No entanto, seguimos acreditando que as pautas estudantis podem e devem ser conquistadas.
Por isso, convidamos você a fazer parte da Juventude Vamos à Luta e a fortalecer um coletivo independente de governos e reitorias para o movimento estudantil, consequente com as lutas. Você pode se somar e ajudar a construir essa perspectiva na sua universidade ou escola. Organize sua indignação com a juventude do socialismo e da revolução!