O exemplo da Liga Operária é atual (PARTE III)
O exemplo da Liga Operária é atual (PARTE III)
(está é a terceira parte do artigo de comemoração dos Cinquenta anos da Liga Operária)
Na segunda parte vimos o ingresso clandestino da Liga Operária no Brasil e o seu jornal, o Independência Operária. Agora vamos apresentar o que acreditamos que segue vigente no legado da Liga Operária. Quais ensinamentos dessa tradição são uteis para os dias atuais.
A Liga Operária foi uma importante organização trotskista em nosso país. Ela é antecessora da Convergência Socialista, organização da qual nós da CST nos originamos. Valorizamos o legado da Liga Operária e reivindicamos sua trajetória como parte de nossa tradição morenista.
A realidade do Brasil de 2024 é distinta em vários aspectos da realidade de 1974. Porém há muitos aspectos sobre os quais a tradição partidária da Liga Operária segue vigente atualmente. Uma delas é o combate aos partidos burgueses nacionalistas, ao stalinismo e suas frentes populares e ao reformismo. Bem como sua constante disputa contra o vanguardismo. Apostando em se inserir no movimento de massas e batalhando para se implantar estrategicamente na classe operária e construir o partido revolucionário. Um partido para a luta pelo socialismo no Brasil e na américa latina e no mundo, com democracia operária. Do mesmo modo suas conclusões sobre a luta permanente e mundial, o vínculo com o trotskismo, a batalha pela reconstrução da IV Internacional.
Outro aspecto, guardadas as diferenças do contexto histórico, foi sua luta unitária contra a ditadura militar, a extrema direita, sem abandonar a sua independência política. Uma luta unificada, implacável, contra os gorilas assassinos da ditadura mas sem capitular a burguesia liberal do MDB, e sem cair em nenhuma variante da colaboração de classes com os patrões (então defendida por partidos muito maiores e antigos como o PCB, PCdoB, MR-8, etc). Esmagar a extrema direita nas ruas, derrubar a ditadura, sim! Integrar uma frente popular, uma aliança com a patronal, abandonando a independência de classe, não! E mesmo contra a ditadura manter de pé a luta pelo socialismo. Trata-se de uma lição fundamental, apesar de contextos diferentes no dias atuais de democracia burguesa, para a luta atual contra a extrema direita, sobretudo quando vemos inúmeros organizações que se reivindicam socialistas, comunistas ou do movimento trotskista cedendo ao Lulismo pela via do discurso de “combater a extrema direita”[i].
Lutamos pelo socialismo mundial porque o capitalismo imperialista, seus governos e instituições, só tem a nos oferecer genocídio como em Gaza, Guerra como na Ucrânia, retirada de direitos como o plano motoserra de Milei na Argentina ou Trump nos EUA, piora em nosso padrão de vida, desemprego, fome, falta de perspectivas para as gerações mais jovens, destruição ambiental e climática de todo o planeta, destruindo a natureza de colocando em risco a vida na terra. Lutamos para reverter esse processo e para impor um governo nosso, da classe trabalhadora que rompa com o capitalismo e construa o socialismo no Brasil.
Hoje os partidos como o PT, o Kirchnerismo, lideranças como Boric e o Partido Comunista no Chile de distintas formas sustentam o capitalismo e nós da CST e da UIT-QI os combatemos. O governo da frente ampla liderado por Lula tem notórios setores ultrarreacionários em seu ministério e pactos conservadores com partidos de direita e até extrema direita como o Republicanos do governador Tarcísio ou mesmo golpistas como Mucio no Ministério da defesa. Esses partidos e esse tipos de governo em aliança com os patrões atuam para desmobilizar e desmoralizar o movimento de massas preparando retrocessos ou derrotas. Por isso, no governo Lula/Alckmin vemos que os problemas da classe trabalhadora não são solucionados. E temos de lutar para construir uma alternativa pela esquerda. Combatemos cotidianamente a extrema direita bolsonarista, ultrareacionária e golpista, chamando a mais ampla unidade de ação nas ruas. Não podemos aceitar que o bolsonarismo tente surfar na barbárie atual, causada pelo capitalismo e seus planos de ajuste fiscal. E sabemos que somente com uma perspectiva classista e socialista podemos ser consequentes contra a extrema direita.
As conclusões da Liga Operaria sobre a derrota de 1964, sobre a tragédia chilena de 1973 são úteis para nossa batalha atual pela independência política da classe trabalhadora, pela ação direta visando esmagar a extrema direita nas ruas, atualmente. Nos da CST nos esforçamos para aprender essa experiência e para manter viva a corrente morenista em nosso país, sempre como parte de uma organização internacional marxista e revolucionária, a UIT-QI (Unidade Internacional de Trabalhadores e Trabalhadoras – Quarta Internacional).
i Ver em https://www.cstuit.com/home/2024/05/13/como-combater-a-extrema-direita/