“A GREVE CONTINUA: LULA A CULPA É TUA!”
Assina: Comissão de SPFs da CST
A greve na educação federal impôs mais uma derrota à tentativa de encerramento orquestrada pelo Governo Lula/Alckmin. Após o ultimato dado aos docentes e uma nova proposta que buscava convencer técnico-administrativos de que não havia mais espaço para a greve ter conquistas, o que se viu como resposta foram assembleias massivas em todo o país rechaçando a proposta do governo.
Chama mais atenção que a base dos docentes das universidades não só rejeitou a proposta e não cedeu à chantagem dita pelo governo de que não haveria mais negociação, como gerou um sentimento de revolta contra o PROIFES, sindicato chapa branca, criado artificialmente pela CUT para dividir o movimento docente e que assinou o encerramento da greve, mesmo sem representação real da categoria. Após a assinatura pelo fim da greve, a UFSC decidiu em assembleia a desfiliação do PROIFES e os docentes da UFBA decidiram autoconvocar uma assembleia para discutir a desfiliação deste sindicato.
A greve na educação federal não só cresceu, como há um nítido avanço da politização da greve.
Tem fracassado a tentativa de setores políticos como CUT e CTB em tentar blindar o governo, como se o responsável pela continuidade da greve fosse apenas o Congresso Nacional.
Na contramão do espaço político à esquerda que se abre, setores como Travessia, ligado à corrente Resistência do PSOL, se colocam como uma ala que se diferencia da CUT na forma, mas não na política e nas resoluções concretas da greve. Utilizam a real necessidade de combater a extrema direita para, na verdade, fazer coro para que a vanguarda grevista não enxergue que é esse governo de conciliação de classes o grande responsável pelas propostas rebaixadas e pela crise instalada nas universidades e institutos federais, por falta de verba.
Nos dias 11 e 14 estão marcadas mesas de negociação com TAEs e docentes. Confira a posição da Combate Sindical sobre a proposta apresentada. Acesse o nosso instagram: https://www.instagram.com/cst_uit/
“Zero eu não tolero”
A palavra de ordem dos grevistas rejeita a possibilidade de que não haja reajuste no ano de 2024. Infelizmente, o Governo Lula/Alckmin está completamente refém da lógica do teto de gastos imposto pelo Arcabouço Fiscal, e por isso a greve precisa enfrentar e derrotar essa política de congelamento salarial.
Uma vitória nessa greve, para além das pautas salariais, a greve e a derrota da política imposta pelo Arcabouço Fiscal, também será uma vitória para o funcionamento das universidades e institutos federais. Sem aumentar as verbas, os problemas se agravarão e as aulas poderão ser suspensas por falta de condições básicas.
A defesa desta greve e das pautas defendidas pelos grevistas é a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.
É preciso um polo nacional que batalhe de forma consciente nessa greve!
Há na base das categorias em greve da educação federal um sentimento de que é possível vencer a intransigência do governo. Esse sentimento se expressou nas assembleias e nos inúmeros atos nos estados, mesmo após mais de dois meses de greve. Em inúmeras assembleias as direções dos sindicatos ligadas à CUT foram derrotadas nas votações.
É preciso que essa vanguarda, coletivos e militantes independentes, construam um polo para batalhar de forma unitária e consciente contra as tentativas de manobra e desmonte da greve.
Nossa corrente sindical, a Combate, é parte dessa batalha e convidamos todes militantes que concordam com essa posição a nos ajudar a construir essa unidade dos setores mais combativos na greve.
Que tipo de esquerda precisamos?
O desenrolar dessa greve permite reflexões que devemos aprofundar. Fomos parte dos que estiveram nas ruas e nas urnas para derrotar a extrema direita, mas mantivemos nossa independência política ao não prestar qualquer apoio político ao governo de conciliação de classes encabeçado por Lula e o PT.
Não confundir o risco da extrema direita com abandonar a estratégia pela construção de uma verdadeira esquerda socialista e revolucionária é decisivo para não se diluir na construção de governo em unidade com os patrões.
Infelizmente, parte da esquerda brasileira está abrindo mão da construção de uma ferramenta política alternativa. As consequências são graves: por um lado a extrema direita utiliza de populismo para ocupar o espaço deixado com o desgaste com o governo, de outro, Lula e o PT tentam enfiar goela abaixo a ideia de que a única saída possível contra o bolsonarismo é aliar-se ao centrão e partidos reacionários como o Republicanos, do bispo da Universal Marcelo Crivella.
Nas greves se aprende que só o sindicalismo classista é capaz de estar integralmente ao lado da classe trabalhadora. Desse ensinamento devemos tirar a conclusão política de que, além das greves, é necessário construir uma ferramenta política capaz de apresentar um programa que rompa com a lógica capitalista e enfrente a raiz dos problemas da exploração e da opressão. Um partido para a luta e para a revolução. Essa é a estratégia de nossa organização, a CST.