Estado espanhol: as eleições europeias e a luta em solidariedade com o povo palestino

Publicamos abaixo o editorial do jornal “Lucha Internacionalista”, da seção da UIT-QI no Estado Espanhol, tendo em vista as próximas eleições para o Parlamento Europeu, que se realizarão entre 6 e 9 de junho.

O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia foram cúmplices do genocídio. Sua presidente, Úrsula Von der Leyen, fez apologia dele junto com outros representantes dessas instituições. Foi no contexto dos últimos 8 meses que a coordenação das organizações de solidariedade com a Palestina promoveu a campanha “Não votem no genocídio”, com a exigência de que o Parlamento formado nas próximas eleições rompa o acordo comercial preferencial com Israel e todos relações políticas, econômicas, militares e acadêmicas com o Estado sionista.

Esperam-se votos de punição contra os partidos do governo, independentemente da sua cor, e uma ascensão da extrema direita, que reflete parte da crescente rejeição às instituições e aos governos.

Na Espanha, como aconteceu nas últimas eleições nacionais e regionais, o setor mais atingido do governo foi a sua ala esquerda: antes denominada Unidas/Podemos, agora Sumar, que provocou maiores desilusões naqueles que esperavam uma ruptura à esquerda. Sánchez está tentando ganhar protagonismo com o reconhecimento do Estado palestino, um “reconhecimento” que incomoda o governo israelense, mas que não implica nenhuma medida concreta contra o genocídio. Assim, o governo mantém relações comerciais e políticas com o Estado sionista e segue sem decretar o embargo da venda de armas.

O PP quer fazer da lei da anistia o eixo central para as eleições europeias, já que tal lei será votada no dia 30 de maio, em plena campanha eleitoral. Assim, e com o apoio de juízes, pretende conquistar alguns votos da ala mais espanholista do PSOE, setor mais identificado com Emiliano García Page e Felipe González. Porém, com o distanciamento do Vox, a última manifestação contra a anistia em Madrid foi menor do que as anteriores. Enquanto isso, no Parlamento da Catalunha todas as negociações aguardam a aprovação da lei da anistia e o resultado das eleições europeias.

O Vox assumiu o protagonismo no início da campanha, com o encontro da internacional reacionária: com Javier Milei, Kast, representantes de Trump, Giorgia Meloni, Marine Le Pen, André Ventura do Chega, Viktor Orbán e o polaco Tadeusz Morawiecki…. E também com os seus ataques contra as dissidências e os direitos LGBTIQ+, o discurso de ódio contra os imigrantes, a islamofobia e o apoio ao genocídio praticado por Israel, representado pelo Ministro da Diáspora. Deve-se notar que a Alternativa para a Alemanha (AfD) foi expulsa do grupo europeu Identidade e Democracia (ID), após as palavras do seu principal dirigente defendendo os membros das SS. É a política dos governos e da UE que está abrindo as portas à extrema-direita, como no caso do repugnante e racista Pacto sobre a Migração e o Asilo (PEMA).

Os trabalhadores e os jovens estão se questionando: como enfrentar a extrema-direita? E a resposta não é regressar à chantagem do PSOE ou dos seus homólogos europeus, que repetidamente decepcionam, continuam a governar para as grandes multinacionais e jogam o fardo da crise sobre as costas da classe trabalhadora e dos setores populares.

Infelizmente, hoje não há a alternativa de uma esquerda transformadora, que defenda os trabalhadores e o povo. Tentamos com a CUP, mas eles não estavam dispostos, nem Anticapitalistas. Mas não achamos que a abstenção, que facilita uma viragem à direita, ajude a criar melhores condições para o período pós-eleitoral. Defendemos o voto crítico, porque nenhuma das opções representa um avanço em direção à constituição de uma frente que reagrupe as forças dispostas a romper com os ditames do capital e dos Estados. Não vamos votar no genocídio. Não vamos votar nos partidos burgueses ou nos partidos governistas. É preciso barrar a extrema-direita.

As tarefas continuam a ser a formação dessa frente e o desenvolvimento da mobilização em defesa das reivindicações sociais e políticas. E, enquanto a luta solidária com o povo palestino continuar a ser uma campanha central, defenderemos a permanência dos acampamentos universitários e a ruptura de todas as relações com Israel.

29 de maio de 2024

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